Guia da Champions League 2021/22 – Grupo F: Manchester United, Atalanta, Villarreal e Young Boys
O Manchester United chega para se provar, mas a chave promete duelos complicados contra Atalanta e Villarreal
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Por que acompanhar?
Tem Cristiano Ronaldo. Poderíamos parar por aqui. Tem Cristiano Ronaldo retornando ao Manchester United e se associando com nomes como Paul Pogba, Bruno Fernandes, Marcus Rashford e Jadon Sancho. Será uma oportunidade para os Red Devils se colocarem como uma das forças da Europa, o que dependerá da evolução coletiva do projeto comandado por Ole Gunnar Solskjaer. Uma oportunidade boa porque os principais adversários do grupo não são bobos. Muito pelo contrário: a Atalanta tem encantado o futebol da Itália e, nos últimos dois anos, também da Europa, apesar de não ter tantos recursos financeiros; e o Villarreal, o Manchester United sabe muito bem, é osso duro de roer.
Logo, se o United conseguir dominar este grupo, a mensagem será forte. Haverá duas reprises da final da Liga Europa contra o Villarreal e duelos que tendem a ser cheios de gols contra a Atalanta pelo encaixe dos dois estilos – os italianos partindo para cima, os ingleses contra-atacando. Além disso, é uma das poucas chaves desta fase em que há um mistério real em relação a quem vai se classificar. O United deve ser um deles, mas, entre Atalanta e Villarreal, é difícil fazer uma aposta neste momento.
Correndo (muito) por fora está o Young Boys, dominante na Suíça nos últimos anos, também propenso a um estilo ofensivo, e comandado por um treinador que se acostumou a enfrentar gigantes nas duas temporadas em que comandou o Huddersfield na Premier League. Após uma passagem fraca pelo Schalke 04, David Wagner está com sangue nos olhos para reconstruir a sua reputação, e há maneira melhor do que colocando água no chope dos favoritos do Grupo F?
Títulos
Manchester United: 3 (1968, 1999 e 2009)
Atalanta: nenhum
Villarreal: nenhum
Young Boys: nenhum
Retrospecto recente
Manchester United
2020/21: fase de grupos
2019/20: não disputou
2018/19: quartas de final
2017/18: oitavas de final
2016/17: não disputou
Atalanta
2020/21: oitavas de final
2019/20: quartas de final
2018/19: não disputou
2017/18: não disputou
2016/17: não disputou
Villarreal
2020/21: não disputou
2019/20: não disputou
2018/19: não disputou
2017/18: não disputou
2016/17: playoffs
Young Boys
2020/21: terceira fase preliminar
2019/20: playoffs
2018/19: fase de grupos
2017/18: playoffs
2016/17: playoffs
Ambição
Manchester United
O grupo não é dos mais fáceis, mas as desculpas para o Manchester United não ser mais o clube dominante que já foi e tem todos os recursos para voltar a ser estão terminando. Dominar uma chave como essa seria um excelente sinal. Talvez não aconteça, mas pelo menos a classificação às oitavas de final é obrigação para um clube que fez o mercado que fez. Não chega ao mata-mata desde 2018/19. Ficou fora da temporada seguinte e, na última, perdeu a segunda vaga para o RB Leipzig.
Atalanta
Passou ao mata-mata em suas duas participações na Champions League e caiu em um grupo no qual isso é novamente acessível. O começo na Serie A ainda é um pouco devagar, e dois importantes jogadores foram embora – o zagueiro Cristian Romero e o goleiro Pierluigi Gollini -, mas a Atalanta tem um projeto coeso, de médio-longo prazo e não convém duvidar que encontrará a marcha certa para brigar por essa vaga.
Villarreal
Atual campeão da Liga Europa, comandado por um especialista em competições europeias – mas menos competente em Champions League -, o Villarreal tem todas as condições de brigar por vaga nas oitavas de final. A disputa mais previsível seria cabeça a cabeça com a Atalanta, mas foi o próprio Manchester United quem o Submarino Amarelo derrotou na decisão de Gdansk para conquistar seu primeiro título.
Young Boys
O grupo é difícil. São três adversários com elencos mais qualificados, mas, tirando o Manchester United, não são as maiores potências econômicas das suas ligas. Nem isso realmente abre uma janela ao tetracampeão suíço para pelo menos sonhar com o terceiro lugar. O ponto a seu favor é ter um treinador em David Wagner que se acostumou a estar na posição de zebra quando comandou o Huddersfield na Premier League.
Ponto forte
Manchester United
Contra-ataque. O Manchester United carrega um retrospecto incrível atuando fora de casa na Premier League – 28 jogos de invencibilidade – em parte porque se sente muito confortável quando não precisa tomar a iniciativa. Atua melhor com campo para correr, nas bolas esticadas por Bruno Fernandes e Paul Pogba, com a velocidade de Marcus Rashford, Mason Greenwood, Anthony Martial – e agora Jadon Sancho e Cristiano Ronaldo.
Atalanta
O encanto causado pela Atalanta tem muito a ver com a vocação ofensiva. E a coragem, porque se trata de um time de uma cidade pequena, sem muitos recursos econômicos, que não tem medo de atacar todos os seus adversários.
Villarreal
É uma equipe bastante equilibrada, que teve a sétima melhor defesa e o quarto melhor ataque do Campeonato Espanhol na última temporada. Na campanha europeia, a retaguarda se destacou mais. Levou no máximo um gol de cada adversário em todas as fases do mata-mata, incluindo na final, quando venceu o Manchester United nos pênaltis.
Young Boys
Pupilo de Jürgen Klopp e com passagem pelas equipes secundárias do Borussia Dortmund, David Wagner é adepto de fortes sistemas de pressão. Quando participou do tiroteio da Premier League portando apenas uma faca, armava Huddersfield de uma maneira mais defensiva para tentar arrancar um ou outro ponto. Contraste com a principal marca do Young Boys nos últimos títulos suíços nos quais teve um ataque muito competente. Chegou a marcar 99 gols em 2018/19 e sempre supera a marca dos 70.
O craque
Manchester United
Cristiano Ronaldo costuma ser o craque dos times em que atua, mas, em respeito a quem não acabou de chegar, ou voltar, a contratação de Bruno Fernandes quase sozinha elevou o time de patamar. O United arrancou para retornar à Champions League e depois chegou até a esboçar uma briga pelo título da Premier League antes de terminar em segundo lugar. Tem 44 gols em 84 jogos com a camisa dos Red Devils, com a ajuda de pênaltis que talvez tenha que conceder a Ronaldo daqui para a frente, mas também pela qualidade nos chutes de longa distância. É um polo de criatividade em si, o que ajuda muito quando a missão é furar defesas fechadas, principal gargalo desta equipe.
Atalanta
Cristian Romero dominou a defesa, e os atacantes são sempre muito competentes, mas Ruslan Malinovskyi assumiu as rédeas do time na segunda metade da última temporada, com seis gols e nove assistências nas últimas 11 rodadas. Precisou de tempo para se adaptar, mas preencheu o vácuo de criatividade deixado por Papu Gómez. Agora, a missão é manter o ritmo.
Villarreal
Gerard Moreno teve talvez a melhor temporada de um jogador espanhol – o que acabou não se traduzindo em uma ótima Eurocopa. De qualquer maneira, 30 gols em 46 jogos, muitos deles em uma das principais ligas da Europa, são uma marca fenomenal. Excelente batedor de pênalti, consegue atuar centralizado ou pelos lados.
Young Boys
O camaronês Jean-Pierre Nsame chamou a atenção no futebol suíço com uma boa temporada pelo Servette e ganhou a transferência ao Young Boys em 2017. Desde então, se tornou a principal fonte de gols do tetracampeão suíço, com 98 em 173 partidas. Chegou a marcar 32 em uma única edição, a de 2019/20, e foi o artilheiro do time na última temporada, com 26 em 42 partidas.
Mister Champions
Manchester United
Simplesmente nenhum outro jogador em atividade tem mais experiência em Champions League do que Cristiano Ronaldo. Com 180 partidas, aliás, com certeza superará o recorde de Iker Casillas (181). Nenhum jogador, em atividade ou não, tem mais gols que ele na competição, com 135. E o português também levou o título cinco vezes.
Atalanta
A experiência majoritária do elenco são as últimas duas temporadas pela Atalanta, mas Luis Muriel ganha a dianteira porque também disputou oito partidas com a camisa do Sevilla antes de se mudar para a Itália. Fez 21 jogos na Champions League no total.
Villarreal
Alguém que jogou mais de 100 vezes pelo Real Madrid com certeza juntou uma boa experiência de Champions League. Raúl Albiol jogou 23 partidas pela competição com a camisa branca. Tem outras 21 pelo Napoli e 16 pelo Valencia. Mesmo com 36 anos, foi titular na última temporada e segue como um dos homens de confiança de Emery.
Young Boys
Não há muita experiência de Champions League no elenco do Young Boys. O sérvio Miralem Sulejmani, 32 anos, se destaca, especialmente pelo tempo em que defendeu o Ajax, no começo da década. Também participou da última vez em que os suíços estiveram na fase de grupos, em 2018/19.
A contratação
Manchester United
O retorno de Cristiano Ronaldo foi a principal história da janela no futebol inglês, mas foi apenas uma cereja (uma daquelas cerejas bem grandes) no bolo de um ótimo mercado dos Red Devils. Além de Jadon Sancho, foi muito importante a contratação de Raphaël Varane, outro jogador cheio de experiência de Champions League, para finalmente formar uma dupla de zaga mais fixa com Harry Maguire.
Atalanta
Mais uma vez, fez um bom mercado. O destaque foi o meia de 23 anos Teun Koopmeiners, uma das referências do AZ. Apesar de cumprir funções defensivas, tem uma produção interessante no ataque, com 35 gols em 116 partidas pela Eredivisie, uma flexibilidade que poderá ser muito bem explorada por Gian Piero Gasperini.
Villarreal
Arnaut Danjuma saiu da base do PSV e passou pelo Club Brugge antes de chegar à Premier League para defender o Bournemouth, mas o fez muito pouco na temporada que decretou o rebaixamento da equipe. No entanto, na segunda divisão inglesa, explodiu com 17 gols em 35 jogos, bons números para um jogador de lado de campo, e foi vendido ao Villarreal por cerca de € 23,5 milhões.
Young Boys
Não fez muitas contratações. Apenas dois jogadores ao fim dos seus contratos. Um deles foi o atacante francês Wilfried Kanga, 23 anos, formado na base do Paris Saint-Germain. Não teve chances no time principal da equipe parisiense e passou pelo Angers antes de chegar ao Kayserispor, seu último clube. Fez três gols em 15 jogos.
O técnico
Manchester United
É meio que vai ou racha para Ole Gunnar Solskjaer. Desde que assumiu o Manchester United no lugar de José Mourinho, tem alternado momentos promissores com outros bem questionáveis. As últimas duas temporadas foram mais regulares no geral e o time tem mostrado evolução. A questão é se a velocidade dessa evolução é realmente a ideal para acompanhar os investimentos que têm sido feitos com o objetivo de retornar os Red Devils ao patamar em que merecem estar – a primeira prateleira do futebol europeu. E se Solskjaer de fato é o homem certo para colocar nela o clube da sua vida.
Atalanta
Gian Piero Gasperini teve a sua chance em clubes grandes – muito brevemente, na Internazionale -, mas se encontrou de verdade superando as expectativas ano após anos pela Atalanta. Está no clube de Bergamo desde 2016 e faz um trabalho fantástico que garantiu quatro temporadas entre os quatro primeiros, três classificações consecutivas à Champions League, chegando uma vez às quartas de final, e duas decisões da Copa Itália. E fazendo tudo isso com um futebol envolvente e agradável de se ver.
Villarreal
Um recomeço para Unai Emery. O fenomenal trabalho à frente do Sevilla o elevou a alguns dos principais cargos do futebol europeu. Não se mostrou à altura do projeto bilionário do PSG, nem da reconstrução que o Arsenal (ainda) necessita após a era Arsène Wenger. O que não significa que não seja um técnico de muitas qualidades, como provou novamente ao conquistar a Liga Europa pela quarta vez, a primeira pelo Villarreal.
Young Boys
David Wagner trabalhou com o ex-colega de Mainz, Jürgen Klopp, no Borussia Dortmund e começou a sua carreira solo como técnico principal pelo Huddersfield. Conseguiu trazê-lo de volta à elite pela primeira vez em 45 anos e ainda conseguiu permanecer na primeira temporada. Após o rebaixamento (meio inevitável), foi ao Schalke 04. Parecia interessante. Foi um desastre. Saiu antes da queda, mas após supervisionar um segundo turno terrível de Bundesliga. Acabou de chegar ao Young Boys para tentar dar uma recuperada em uma carreira que começou muito promissora.