Guia da Champions League 2021/22 – Grupo A: Manchester City, PSG, RB Leipzig e Club Brugge
Grupo A terá o mais aguardado duelo da fase de grupos da Champions, mas nem tudo é garantido a City e PSG
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Por que acompanhar?
Por onde começar? Este é o grupo que nos apresentará o novo Paris Saint-Germain, com Sergio Ramos e Messi, com Neymar e Mbappé, com Marquinhos e Verratti e Donnarumma e Hakimi e Wijnaldum. E ele será testado contra o atual campeão inglês e vice da Champions League em dois duelos que prometem ser muito interessantes. Mais duas oportunidades em que Guardiola e Messi se reencontrarão em lados opostos.
O Manchester City voltará a ter um adversário à altura na fase de grupos, após ter disputado chaves relativamente mais tranquilas nos últimos anos. Neste, há um risco real. O RB Leipzig está à espreita como a terceira força, apenas esperando um ou outro vacilo dos dois favoritos para abocanhar a segunda vaga. Como fez ano passado quando caiu na chave do PSG e do Manchester United. Para isso, precisará mostrar maturidade rapidamente sob o comando de Jesse Marsch e afastar a noção (que pode ser verdadeira) de que está enfraquecido.
Mesmo o Club Brugge, que se esforçará para não terminar com zero pontos, é o atual bicampeão belga e teve bons momentos nas últimas duas temporadas. Toda rodada terá um jogo interessante neste grupo e pelo menos a briga pelo primeiro lugar deve ser resolvida apenas na reta final.
Títulos
Paris Saint-Germain: nenhum
Manchester City: nenhum
RB Leipzig: nenhum
Club Brugge: nenhum
Retrospecto recente
Paris Saint-Germain
2020/21: semifinal
2019/20: final
2018/19: oitavas de final
2017/18: oitavas de final
2016/17: oitavas de final
Manchester City
2020/21: final
2019/20: quartas de final
2018/19: quartas de final
2017/18: quartas de final
2016/17: oitavas de final
RB Leipzig
2020/21: oitavas de final
2019/20: semifinais
2018/19: não disputou
2017/18: fase de grupos
2016/17: não disputou
Club Brugge
2020/21: fase de grupos
2019/20: fase de grupos
2018/19: fase de grupos
2017/18: terceira fase preliminar
2016/17: fase de grupos
Ambição
Paris Saint-Germain
Não costuma ter vida fácil na fase de grupos. Sempre esteve acompanhado de uma outra potência nas últimas sete temporadas (Barcelona, Real Madrid, Arsenal em uma fase melhorzinha, Bayern de Munique, Liverpool, Real Madrid e Manchester United). Está acostumado a este tipo de formatação de grupo. Inclusive acostumado a enfrentar o RB Leipzig, ao lado do qual se classificou ano passado, deixando o Manchester United para a Liga Europa. Primeiro passo é deixar os alemães para trás. Depois, ganhar a liderança do grupo contra o City.
Manchester City
O que mais o atual campeão inglês e vice da Champions League poderia ambicionar além do primeiro lugar do grupo? Desde 2016/17, quando enfrentou o Barcelona na primeira temporada com Guardiola, o City tem caído em chaves nas quais foi o favorito destacado. Nunca teve problemas para se classificar, embora uma vez o Lyon tenha lhe dado uma certa canseira. Será interessante acompanhar como se portará agora que está mais uma vez ao lado de um adversário à altura, como o Paris Saint-Germain, e além disso tem uma terceira força das mais perigosas, como o RB Leipzig.
RB Leipzig
Tem que ser passar às oitavas de final. Consolidou-se entre os grandes da Alemanha nas últimas três temporadas, chegou a uma semifinal de Champions League e a duas decisões da copa nacional, embora ainda persiga o seu primeiro título. O grupo, muito difícil, não é tão diferente ao do ano passado, quando igualou o número de pontos do Paris Saint-Germain e ficou à frente do Manchester United. Dois problemas, porém: o City, com Guardiola, é menos propenso a tropeços do que o seu rival local era na temporada anterior, e o começo de trabalho de Jesse Marsch ainda não engrenou. Precisará fazê-lo o mais rápido possível para ter uma chance.
Club Brugge
Não levar seis pancadas é o primeiro passo. Os belgas partem de uma desvantagem técnica grande em relação aos outros três integrantes do grupo – especialmente dois deles. Dá para sonhar com um terceiro lugar? Se o RB Leipzig demorar para embalar neste começo de trabalho com Jesse Marsch, talvez. O mais realista é tentar algumas atuações honrosas e ser o fiel da balança arrancando alguns pontos, como fez contra o Real Madrid dois anos atrás.
Ponto forte
Paris Saint-Germain
Coletivamente, o trabalho de Mauricio Pochettino ainda está, digamos, em andamento, então o ponto forte do PSG continua sendo a sua capacidade petrolífera de reunir grandes craques. A turma desta temporada é especialmente talentosa porque o clube francês aproveitou a crise econômica gerada pela pandemia para arrebatar vários grandes nomes que ficaram sem contrato, como Donnarumma, Wijnaldum, Sergio Ramos e Messi. Em resumo, o ponto mais forte do PSG é ter uma escalação que termina com Neymar, Mbappé e Messi.
Manchester City
Controlar o jogo é a principal ambição dos times de Guardiola e isso vem geralmente pela manutenção da posse de bola. A última temporada apresentou características mais mistas, com momentos de linhas mais recuadas e a busca pelo contra-ataque, mas a capacidade de ditar o próprio ritmo e construir buracos em defesas fechadas continua sendo o principal diferencial do Manchester City – e das equipes do catalão.
RB Leipzig
Começa um novo trabalho, mas dificilmente o RB Leipzig fugirá das suas principais características, com pressão forte, intensidade, transições rápidas e a busca pelo ataque. A sua maior força é justamente a capacidade de manter uma linha coerente mesmo sendo obrigado a renovar peças com frequência. Este foi um mercado especialmente desafiador nesse sentido porque perdeu dois zagueiros (Dayot Upamecano e Ibrahima Konaté) e Marcel Sabitzer, o jogador mais regular da equipe da Red Bull nas últimas temporadas.
Club Brugge
Equipes que dominam ligas periféricas, como o Club Brugge tem feito nas últimas duas temporadas, acabam gerando números um pouco viciados. Por exemplo, terminou a primeira fase do Campeonato Belga com o melhor ataque de longe – 76 gols – e a melhor defesa de longe – 26 sofridos. Estatísticas que indicam um time equilibrado, mas a história é diferente contra os principais esquadrões da Europa. Mostrou um feroz contra-ataque em suas últimas duas participações relativamente boas.
O craque
Paris Saint-Germain
Tenho que admitir que é uma pergunta difícil de ser respondida. Neymar fez um trabalho muito meticuloso de moldar o PSG à sua imagem, para o bem e para o mal, desde que chegou do Barcelona. Merece ser o principal destaque, mas… como qualquer outra pessoa pode ser o craque de um time que agora tem Lionel Messi? Não sei. Vamos ver.
Manchester City
Kevin de Bruyne, o líder do coração da equipe (o meio-campo), o homem das dezenas de assistências, capaz de tirar um gol da cartola com chutes de longa distância e de fazer praticamente tudo que se espera de um meio-campista. Perdê-lo pelo choque com Antonio Rüdiger na final da Champions League foi um golpe duro ao City, infelizmente acostumado a ter que se virar de vez em quando sem o seu principal jogador por causa de várias pequenas lesões em dois dos últimos três anos. Com problemas no tornozelo, atuou apenas 11 minutos nesta temporada.
RB Leipzig
Sem Sabitzer, o bastão retorna para Emil Forsberg, com mais de 200 partidas por um clube que se acostumou a um entra e sai danado de jogadores. Desde 2015 no RB Leipzig, o meia-atacante sueco é a constante desde a temporada do acesso à Bundesliga, mas já teve fases melhores. Precisará reassumir mais protagonismo para preencher a lacuna deixada pelo austríaco e para gerar um pouco de regularidade nesta nova fase do Leipzig.
Club Brugge
Cria das categorias de base do Ajax, o garoto Noa Lang impressionou bastante na última temporada. Estava emprestado antes de ser contratado em definitivo e foi o principal artilheiro do Club Brugge, mesmo jogando pelas pontas, com 17 gols por todas as competições – e 14 na liga belga. Também contribuiu com nove assistências em seus 37 jogos.
Mister Champions
Paris Saint-Germain
O PSG contratou dois dos maiores mister Champions de todos os tempos. Então você pode escolher qual você prefere. Pelo critério objetivo, Lionel Messi, com 149 partidas, é o quinto jogador que mais vezes atuou na competição, e o segundo em atividade – atrás de Cristiano Ronaldo, com 180. Sergio Ramos, com 129, porém, não está longe, e exerceu um papel de liderança fantástico nos últimos quatro títulos do Real Madrid, muitas vezes aparecendo no fim de jogos apertados para fazer gols decisivos. O PSG está bem servido de experiência.
Manchester City
Com 95 partidas, Fernandinho pode alcançar a marca centenária nesta temporada. Apenas pode porque o papel do jogador de 36 anos dentro de campo tem diminuído, com a ascensão de Rodri como seu sucessor, embora continue sendo uma liderança importante nos vestiários. Atuou menos na última temporada, mas foi titular no jogo mais importante, contra o Paris Saint-Germain, quando o City confirmou vaga em sua primeira final de Champions.
RB Leipzig
Kevin Kampl é o único que passa de 30 jogos de Champions League no jovem elenco do RB Leipzig – tem 31. Os dois anos em que defendeu o Bayer Leverkusen ajudaram, e muito menos a sua rápida passagem pelo Borussia Dortmund. Estava no time que chegou às semifinais em 2019/20 e foi titular tanto nas quartas de final quanto na semifinal.
Club Brugge
Com 24 partidas, Hans Vanaken é o jogador mais experiente em Champions League no elenco do campeão belga. Essa experiência representa quatro fases de grupos completas – as últimas três e 2016/17. A participação mais recente do meia-atacante de 29 anos teve uma contribuição importante, com três gols.
A contratação
Paris Saint-Germain
Messi, claro, nenhuma contratação pode ser melhor que a de Lionel Messi, ainda mais sem precisar pagar taxa de transferência. Mas, para fugir um pouco do óbvio, vamos destacar Achraf Hakimi. Com apenas 22 anos, tem experiência de dar inveja, com boas temporadas pelo Borussia Dortmund e papel de destaque no scudetto recente da Internazionale. Pode atuar nos dois lados. A fase defensiva é uma preocupação, mas sempre chega com força ao ataque.
Manchester City
Teve uma só, então… Jack Grealish foi um dos dois alvos do campeão inglês na última janela de transferências. O outro, Harry Kane, acabou ficando no Tottenham. Foi anunciado quase ao mesmo tempo em que Lionel Messi saiu do Barcelona, o que gerou um pouco de ruído. Sem ele, teria sido possível contratar o craque argentino? Nunca saberemos. Grealish, embora não seja Messi, é um excelente jogador, um dos melhores fora do Big Six da Inglaterra nas últimas temporadas. Tem criatividade, movimentação e um passe de qualidade para se encaixar em várias posições no Manchester City. Por enquanto, tem sido usado como um armador aberto pela esquerda.
RB Leipzig
A filosofia é sempre muito clara, embora o Leipzig tenha desviado um pouco dela com a contratação de André Silva, 25 anos, um atacante mais experiente. O foco, porém, segue em jogadores jovens com potencial que por um motivo ou outro estão disponíveis – um desses motivos costuma ser jogar pela franquia de Salzburg. A renovação do contrato de Ilaix Moriba com o Barcelona estava emperrada, e o Leipzig aproveitou para entrar na jogada. Ele mostrou qualidade em suas poucas chances pelos catalães na última temporada.
Club Brugge
Além de confirmar Lang, o Brugge contratou o atacante brasileiro Wesley, emprestado pelo Aston Villa. O jogador nascido em Juiz de Fora retorna ao clube em que se projetou, com 38 gols em 130 partidas, para tentar recuperar a forma após a séria lesão no joelho que praticamente estragou as suas duas temporadas na Inglaterra.
O técnico
Paris Saint-Germain
Mauricio Pochettino tem a chance de confirmar que está entre os principais treinadores do mundo. Para isso, precisará concluir uma missão em que muitos já falharam: fazer o PSG se transformar em um produto melhor do que a soma das suas partes. É a única coisa que impede um dos elencos mais talentosos de todos os tempos de conquistar o tão sonhado título europeu. O trabalho ainda está começando, com altos e baixos, como perder um título francês para o Lille, e o fenomenal mercado do PSG apenas aumentou a pressão.
Manchester City
O melhor treinador do mundo provou porque ainda merece esse título na última temporada. Pep Guardiola precisou trocar os pneus do carro com a corrida em andamento e o fez tão bem que conquistou a Premier League com uma naturalidade inimaginável no começo do campeonato. O principal mérito foi conseguir dosar a busca pela posse de bola e a pressão alta com momentos em que era melhor defender mais recuado e contra-atacar. Foi o suficiente para (junto com a contratação de Rúben Dias) acertar a defesa. Encontrou um lugar para Gündogan florescer como artilheiro, tirou ótimas atuações de João Cancelo pela lateral esquerda, posição tantas vezes problemáticas, e conseguiu a primeira final de Champions da história do Manchester City.
RB Leipzig
Jesse Marsch fez um percurso que se tornou comum entre o futebol austríaco e o alemão, mas, nesse caso, foi tudo por meio do funil da Red Bull. Começou a trabalhar para a empresa na filial de Nova York e se tornou assistente em Leipzig antes de se mudar à Áustria para substituir Marco Rose no Salzburg. Em dois anos, emendou duas dobradinhas com as conquistas da liga e da copa e, principalmente, conseguiu chegar à fase de grupos da Champions League duas vezes seguidas. Segue a linha de treinadores ascendentes que a Red Bull adora e tem o histórico de desenvolver jogadores. Como Erling Haaland, por exemplo, que explodiu sob seu comando.
Club Brugge
Ex-zagueiro com mais de 350 partidas vestindo a camisa do Club Brugge, Philippe Clement passou bastante tempo como integrante da comissão técnica antes de ganhar a chance como treinador principal. Inclusive teve que sair antes de assumir o Brugge em 2019. Ganhou os últimos três títulos nacionais, incluindo um pelo Genk. Também comandou o Waasland-Beveren brevemente.