Guia da Champions League 2023/24 — Grupo E: Feyenoord, Atlético de Madrid, Lazio, Celtic
Numa das chaves mais equilibradas, há um cenário aberto na briga, com o Feyenoord sendo cabeça de chave, mas encarando adversários tradicionais

Por que acompanhar
O Grupo E é daqueles que não dão muito as caras de quem vai conseguir se classificar para os mata-matas da Champions. Atlético de Madrid e Lazio são os representantes das grandes ligas, mas não que isso impeça uma grande reviravolta. Há doses consideráveis de equilíbrio, ainda mais com o Feyenoord chegando como cabeça de chave e calcado no ótimo trabalho de Arne Slot. Já o Celtic corre por fora, mas a volta de Brendan Rodgers como substituto de Ange Postecoglou também foi uma notícia positiva. É aquela típica chave na qual todos os times podem se classificar ou terminar na lanterna – vide a vergonha do Atleti no último ano.
E se por um lado há ares de Liga Europa na chave, pela maneira como só o Atlético de Madrid é realmente frequente nas edições mais recentes da Champions, por outro há uma tradição inegável nos torneios continentais. Há grandes embates no passado, com direito inclusive a uma final de Copa dos Campeões disputada em 1970 por Celtic e Feyenoord. Tradição não falta na chave, mesmo que nenhum dos times apareça nesse momento como virtual candidato à conquista da LC.
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Títulos
Feyenoord: Um título (1969/70)
Atlético de Madrid: Nenhum
Lazio: Nenhum
Celtic: Um título (1966/67)
Retrospecto recente
Feyenoord
2022/23: Não participou
2021/22: Não participou
2020/21: Não participou
2019/20: Não participou
2018/19: Não participou
Atlético de Madrid
2022/23: Fase de grupos
2021/22: Quartas
2020/21: Oitavas
2019/20: Quartas
2018/19: Fase de grupos
Lazio
2022/23: Não participou
2021/22: Não participou
2020/21: Oitavas
2019/20: Não participou
2018/19: Não participou
Celtic
2022/23: Fase de grupos
2021/22: Fase qualificatória
2020/21: Fase qualificatória
2019/20: Fase qualificatória
2018/19: Fase qualificatória
Ambição

Feyenoord
O Feyenoord retorna à Champions League depois de seis temporadas. A última participação do Stadionclub não teve grande destaque. Mesmo com a equipe motivada pelo fim do jejum de 18 anos na Eredivisie, a eliminação aconteceu cedo, na fase de grupos. Desta vez, a espera pelo novo título nacional não demorou tanto. E as condições parecem melhores por um bom papel na Champions, sobretudo pelas experiências recentes nos torneios internacionais. A equipe de Roterdã alcançou a final da Conference League há duas temporadas e ainda fez bom papel até as quartas de final da última Liga Europa. Num grupo aberto, em que o Feyenoord pinta como cabeça de chave, dá para sonhar com a classificação. Ainda há o peso do reencontro com o Celtic após 53 anos, com a primeira vez que os dois clubes se enfrentarão em partidas oficiais desde a final da Copa dos Campeões de 1969/70 – quando o Stadionclub buscou o primeiro título europeu de uma equipe holandesa.
Atlético de Madrid
O Atlético de Madrid precisa limpar sua imagem na Champions League. A última aparição dos colchoneros no torneio foi péssima, com a eliminação na fase de grupos durante a temporada passada. É verdade que o chacoalhão funcionou: desde então, o Atleti se recuperou a olhos vistos e fez um segundo turno excelente em La Liga, que manteve a sequência de participações na Champions que dura desde 2013/14. Todavia, o time de Diego Simeone precisa se mostrar mais confiável para conseguir dar um passo além do torneio continental, como tanto esboçou na última década. O Atlético reúne diversos jogadores ótimos e um elenco até mais recheado para a atual temporada. Entretanto, as oscilações de início em La Liga preocupam um pouco. Os rojiblancos precisarão entrar na Champions com um pé na porta, num grupo em que aparecem como virtuais favoritos à liderança, mas que também conta com um equilíbrio que já atrapalhou na temporada passada. A consistência precisa vir desde já.
Lazio
A Lazio desponta como uma natural candidata à classificação no Grupo E. O Pote 3 não é muito condizente com a força dos biancocelesti, que representam uma liga forte e vêm de uma excelente campanha na Serie A. O que pesa contra a equipe é a falta de costume na Champions, com apenas uma aparição em fases de grupos nos últimos 15 anos. Ao menos, os laziali cumpriram um bom papel com a passagem para as oitavas de final em 2020/21 e o nível de desempenho recente permite acreditar inclusive numa campanha além. Para tanto, será importante que os romanos briguem pela primeira colocação de sua chave. O início na Serie A oscila bastante, entre frequentes tropeços e uma isolada vitória sobre o Napoli. Ir bem na LC é importante inclusive para aumentar a confiança.
Celtic
O Celtic sentiu o impacto do enfraquecimento do Campeonato Escocês em suas empreitadas na Champions League. Se antes era comum ver os alviverdes na fase de grupos quase todos os anos, tais participações se tornaram mais esparsas na última década. A subida recente da Escócia no Ranking da Uefa recolocou os Bhoys nos grupos em 2022/23, depois de cinco anos de espera. Porém, a campanha dos escoceses duraria pouquíssimo, com a eliminação logo de cara e na lanterna da chave. Desta vez, de novo, o título nacional valeu a vaga direta na fase de grupos e evitou os riscos nas preliminares. Mas é ver o que o time consegue num grupo equilibrado no qual corre por fora. Há a possibilidade de classificação, até pela maneira como o Celtic chegou a bater de frente com a Lazio em edições recentes da Liga Europa. Mas, num momento de transição no comando, talvez a tradição não baste. Durante a última campanha, o Celtic chegou a ter bons momentos nas partidas, mas se provou incapaz de decidir os jogos a seu favor contra oponentes mais fortes.
Ponto forte

Feyenoord
O Feyenoord começa a temporada chamando atenção por sua produção ofensiva. Depois de dois empates de início na Eredivisie, a equipe anotou 17 gols nas últimas três partidas. Repetiu o 6 a 1 contra Almere City e Heerenveen, além de enfiar 5 a 1 sobre o Utrecht fora de casa. No entanto, tal embalo recente reflete um mérito ainda maior do Stadionclub: o ritmo alto mesmo com mudanças capitais no elenco. O time que alcançou a final da Conference em 2021/22 praticamente se desmanchou no verão seguinte. Mesmo assim, centrado no técnico Arne Slot, o Feyenoord manteve uma identidade clara e conseguiu sustentar o sarrafo alto, com o título da Eredivisie. O elenco atual também sofreu perdas sensíveis na última janela de transferências, especialmente após a saída do capitão e craque Orkun Kökçü. Entretanto, os tricolores permanecem com um treinador excepcional e uma base que sabe oferecer um futebol agressivo.
Atlético de Madrid
Foi-se o tempo em que o Atlético de Madrid podia ser citado basicamente por sua capacidade defensiva. Os melhores momentos da equipe de Diego Simeone nesse aspecto passaram e os 3 a 0 do Valencia neste final de semana retratam bem isso. Há outras características, no entanto, que se preservam um pouco mais – como a força nas bolas paradas e certa capacidade de cozinhar as partidas. No entanto, colocando em perspectiva o Grupo E, o melhor do Atleti é mesmo o seu elenco. Se não foi um mercado de contratações badaladas, os colchoneros ganharam novas opções com jogadores de baixo custo e outros que voltaram de empréstimo. As saídas de João Félix e Yannick Carrasco no fechamento da janela reduziram um pouco a capacidade de rotação, mas ainda é uma equipe que pode se dar ao luxo de ter um Ángel Correa ou um Saúl Ñíguez como opções para o segundo tempo. Será importante recuperar ainda jogadores lesionados, como Koke e Memphis Depay.
Lazio
A Lazio começou a temporada com dificuldades na defesa. Foram sete gols tomados nas primeiras quatro rodadas da Serie A, com direito a um amasso da Juventus nos 3 a 1 do final de semana. No entanto, a consistência defensiva da equipe de Maurizio Sarri foi chave para o vice-campeonato de 2022/23. E, mesmo que tal solidez tenha se perdido nos últimos encontros, há condições para recuperá-la. Os principais nomes da defesa continuam à disposição dos biancocelesti, o que permite acreditar que em algum momento esse tipo de entrega melhorará. Ivan Provedel é um dos melhores goleiros da Serie A, enquanto Alessio Romagnoli vem de uma temporada maiúscula no miolo de zaga e Nicolò Casale ascende como jogador de seleção. O sucesso na Champions passa por recuperar essa segurança na marcação.
Celtic
O Celtic possui um ambiente único a seu favor. Encarar o estádio de Parkhead costuma ser uma das tarefas mais árduas do futebol europeu. Mesmo quando os alviverdes não estão muito bem, o fator casa é um diferencial a seu favor. Obviamente, há uma evolução em campo que precisa ser considerada, diante da maneira como Ange Postecoglou conduziu o clube até sua saída rumo ao Tottenham. De qualquer maneira, o alçapão dos celtas em Glasgow é uma certeza que não se perde em suas campanhas continentais. Até o Barcelona em seus melhores momentos chegou a sofrer em sua visita à Escócia. Os alviverdes precisam valorizar esse caldeirão como uma virtude para tentar arrancar pontos.
O craque

Feyenoord
O Feyenoord deixou seu papel de craque vago com a saída de Orkun Kökçü rumo ao Benfica. O meio-campista era claramente o jogador mais capacitado para conduzir o time em suas empreitadas. Porém, há nomes em ascensão que também reivindicam o protagonismo. Um talento especial é o centroavante Santiago Giménez. Contratado na temporada passada, o mexicano não demorou a se mostrar importante. Conquistou seu espaço rapidamente, com direito a 15 gols no título da Eredivisie. Mesmo quando esteve no banco ele conseguiu se fazer essencial, com participações fundamentais nos minutos finais. E a fome de gols permanece no talo pelo início positivo da nova temporada: foram seis tentos e ainda uma assistência nas primeiras cinco rodadas do Holandesão. Aos 22 anos, possui um potencial imenso. E foi bem também na sua estreia pelas competições europeias, com cinco gols na última Liga Europa, três deles contra a própria Lazio.
Atlético de Madrid
Antoine Griezmann é, de longe, o jogador tecnicamente mais qualificado do Atlético de Madrid. E não é que o francês venha jogando apenas com nome. Desde a Copa do Mundo, nota-se uma das melhores versões do camisa 7, talvez a mais cerebral de todas elas. Griezmann se mostra mais à vontade para flutuar e recuar na criação de jogadas. Isso sem perder suas características mais ofensivas, de finalizar muito bem as jogadas e contribuir também com assistências. O que jogou no segundo turno de La Liga foi absurdo e o recoloca novamente entre os melhores de sua posição. Valeu também para recobrar a confiança da torcida colchonera, depois de todas as turbulências em sua saída rumo ao Barcelona. Hoje, tal postura de Griezmann parece ficar cada vez mais no passado, diante de seu comprometimento com o Atleti. Melhor ainda quando recupera o gosto por jogar bem e fazer de suas mágicas em campo.
Lazio
Ciro Immobile é o principal jogador da Lazio nas últimas temporadas. O centroavante se tornou uma certeza de gols e o principal responsável por simbolizar uma equipe agressiva em sua essência. O nível de desempenho do centroavante não é tão alto na seleção, mas no clube ele sabe aproveitar as brechas e garantir uma produção ofensiva absurda. São sete temporadas na capital, sempre com dois dígitos em gols pela Serie A, com direito aos 36 tentos de 2019/20 que valeram recordes. É verdade que sua efetividade diminuiu na temporada passada, com apenas 12 gols, mas o veterano de 33 anos permanece como a principal esperança de sua torcida. O início de 2023/24 ainda começa com dois escudeiros em alta. Luis Alberto vem fazendo maravilhas e foi excepcional na vitória recente sobre o Napoli. Felipe Anderson também recuperou o seu melhor neste retorno aos laziali.
Celtic
Kyogo Furuhashi entra em sua terceira temporada como principal jogador do Celtic. O centroavante tinha ótimos números no Vissel Kobe, mas o impacto no Campeonato Escocês ainda assim surpreendeu. Tornou-se logo de cara decisivo e demonstrou um gosto especial por encarar o Rangers nos clássicos. Foi a grande estrela da última campanha, com expressivos 27 gols em 36 partidas pelo campeonato nacional. E continua afiadíssimo na nova edição da liga escocesa, já com quatro gols, incluindo mais um na Old Firm. Sua ausência na última Copa do Mundo foi um grande erro, mas suas convocações recentes para a seleção se tornaram imperativas. Terá um palco maior na Champions. Furuhashi foi bem na Liga Europa 2021/22, mas não teve grande impacto em sua estreia na Champions, passando em branco na fase de grupos de 2022/23.
Mister Champions

Feyenoord
O Feyenoord possui um elenco extremamente jovem. Apenas três jogadores do plantel superam os 30 anos. Assim, o passado na Champions é bastante limitado. Quem merece ser citado por sua rodagem é o zagueiro Gernot Trauner, que assumiu a braçadeira de capitão nesta temporada. Todavia, o beque vai jogar a fase de grupos da Champions pela primeira vez. Sua experiência anterior aconteceu nos tempos de LASK Linz, limitado às preliminares. Entretanto, o defensor seria valioso nos sucessos recentes do Stadionclub em suas empreitadas continentais. Primeiro, por ser parte importante na caminhada até a final da Conference. Continuou com o mesmo relevo na Liga Europa passada. Até pelas muitas mudanças no elenco, Trauner se coloca como uma clara liderança.
Atlético de Madrid
Jan Oblak é um dos mais antigos do elenco do Atlético de Madrid. E talvez seja o mais identificado com as boas campanhas do clube na Champions. É verdade que muita gente ainda se lembra de Oblak negativamente, por causa de sua dificuldade nos pênaltis durante a final de 2016. Porém, resumir o esloveno àquele episódio é uma imensa injustiça – e mesmo aquela crítica é questionável. Desde aquela época o camisa 1 se provava entre os melhores do mundo em sua posição e reiterou essa condição inúmeras vezes, inclusive com uma coleção de atuações impressionantes na Champions. Aos 30 anos, Oblak não viveu sua melhor forma na última temporada, até pelos problemas físicos que enfrentou. Contudo, ainda é um goleiro de primeira prateleira e um dos grandes protagonistas do Atlético. Ver os rojiblancos longe na Champions impreterivelmente passa pelo arqueiro.
Lazio
Pedro é o jogador mais velho da Lazio e o mais identificado com a Champions. O atacante surgiu muito cedo no torneio e não demorou a brilhar, como um nome notável pelo Barcelona. Era coadjuvante no elenco campeão em 2008/09, mas até gol marcou na final de 2010/11. Ainda permaneceu no clube para reconquistar a Orelhuda em 2014/15, mas geralmente saindo do banco como reserva do trio Messi-Suárez-Neymar. A passagem pelo Chelsea rendeu no máximo um título da Liga Europa, mas o ponta teve mais algumas aparições pela Champions. Voltará depois de quatro temporadas longe do torneio, a primeira vez pela Lazio. Costuma ser reserva da equipe, mas ajuda bastante quando vem do banco e poderá guiar os companheiros na LC.
Celtic
O gol do Celtic continua resguardado por Joe Hart. E o clube representa uma bonita volta por cima na carreira do goleiro. Hart é um personagem essencial na história do Manchester City dentro da Champions League. Teve boas campanhas com o clube no início da última década e seria essencial na caminhada até as semifinais em 2015/16. Entretanto, por “não saber jogar com os pés”, caiu em desgraça a partir da chegada de Pep Guardiola. O inglês virou um andarilho da bola, sem dar certo em Torino, West Ham, Burnley ou Tottenham. A mudança para a Escócia o tirava de evidência nas grandes ligas, mas Hart virou um herói da torcida e teve papel essencial na conquista dos dois últimos títulos da liga nacional. Aos 36 anos, redescobriu seu papel como referência e tem um fim de carreira bastante digno em Parkhead. Agora, para sua segunda aparição consecutiva em Champions.
A contratação
Feyenoord
O Feyenoord fez um bom mercado de transferências, com vários jogadores de potencial e sem grandes custos. Nomes como o volante Ramiz Zerrouki, o ponta Luka Ivanusec e o centroavante Ayase Ueda podem agregar bastante. Já aquele que chama mais atenção pelo início é Calvin Stengs. O meia surgiu muito bem no AZ e teve seus melhores momentos exatamente sob as ordens de Arne Slot. Acabou contratado pelo Nice, mas não emplacou na Ligue 1 e acabou emprestado na temporada passada. Aproveitou muito bem a passagem pelo Royal Antwerp para ser campeão belga. O Feyenoord o contratou em definitivo e o reencontro com Slot já é bastante animador. O jovem de 24 anos garantiu um gol e quatro assistências nesta largada na Eredivisie. Pode até recobrar seu espaço na seleção, longe das convocações desde 2021.
Atlético de Madrid
O principal negócio do Atlético de Madrid no mercado de transferências foi a contratação de César Azpilicueta. É um acerto com diversas vantagens para os colchoneros. Primeiro, pelas condições: o Atleti garantiu a vinda do defensor sem custos, ao final de seu contrato com o Chelsea. Depois, pela maneira como ele pode funcionar de diferentes formas, como ala pela direita ou mesmo zagueiro no trio atrás. Também vale demais a consistência de Azpi, depois de tantos anos atuando em altíssimo nível na Premier League. E ainda é um jogador com uma bagagem enorme na própria Champions League. Azpilicueta chegou a Stamford Bridge em 2012/13, logo depois que os Blues faturaram o torneio continental pela primeira vez. Carregou um legado não apenas para levar o título em 2020/21, como também para erguer a taça usando a braçadeira de capitão. Saiu como uma lenda de Londres e ainda tem lenha para queimar, aos 34 anos.
Lazio
A Lazio sofreu uma perda inestimável no mercado de transferências, com a venda de Sergej Milinkovic-Savic para o Al-Hilal. Daichi Kamada chegou como principal contratação dos biancocelesti e, de certa maneira, uma reposição para o meio-campo. As características do japonês são completamente diferentes em relação ao sérvio, bem menos físico e também menos completo. Contudo, há também virtudes de Kamada que não demoraram a se evidenciar na capital italiana. Seu início no clube garantiu alguns bons momentos, apesar dos resultados ruins de uma maneira geral. Anotou um gol e deu uma assistência no início da Serie A. Nos tempos de Eintracht Frankfurt, Kamada ganhou a Liga Europa entre os melhores do time e também fez bom papel na última Champions. Terá mais uma oportunidade no torneio.
Celtic
O Celtic recheou a janela de transferências com apostas. Nenhum reforço da equipe custou mais do que €5 milhões e oito deles não passam dos 23 anos. Uma das principais novidades vem do Extremo Oriente, de novo: o sul-coreano Yang Hyun-jun, de 21 anos. O garoto defendia o Gangwon na K-League e chegou a ser eleito como a principal revelação do futebol do país em 2022. Seus números em 2023 não eram tão bons, mas apresenta potencial e ganhou suas primeiras convocações à seleção principal ao longo dos últimos meses. O jovem vem sendo aproveitado nas primeiras rodadas do Campeonato Escocês e até pintou como titular no final de semana. Garantiu sua primeira assistência contra o Aberdeen e fará agora sua estreia na Champions.
O técnico

Feyenoord
Arne Slot é um dos melhores técnicos da Europa fora das grandes ligas, talvez o melhor. Seu trabalho é louvável desde os tempos de AZ e atingiu um novo patamar no Feyenoord. E não se nega a sorte do Stadionclub por manter seu comandante, quando ele tem seu nome frequentemente especulado por outros times. Depois de levar o Feyenoord de volta a uma final europeia, ele reiterou seu compromisso e conquistou a Eredivisie. A participação na Champions soa até mesmo como um bônus, mas Slot não estará a passeio no torneio continental. Resta saber por quanto tempo a equipe de Roterdã ainda resistirá como a casa de um treinador tão qualificado e capaz de produzir um estilo de jogo envolvente. Destaque também para a quantidade de jovens talentos que cresceram nas mãos de Slot. Vários podem ser citados no atual time, como Mats Wieffer, Lutsharel Geertruida e David Hancko – além do brasileiro Igor Paixão, que provará seu valor na Champions.
Atlético de Madrid
Diego Simeone completará 12 anos como treinador do Atlético de Madrid dentro de alguns meses e classificou o time para a Champions League em todas as suas temporadas completas desde que assumiu. Há altos e baixos dentro da competição continental, mas não se nega que o patamar dos colchoneros no torneio continental mudou desde a chegada do argentino. Conseguiu alcançar duas finais, depois de quatro décadas de ausência, e ainda levou dois troféus da Liga Europa em paralelo. Encarar o Atleti se tornou missão temida por algumas das maiores das camisas da Europa e vários gigantes foram eliminados pelos rojiblancos ao longo da última década. A última campanha na Champions fez muita gente questionar a continuidade de Cholo, o que era legítimo. Entretanto, ele conseguiu dar a volta por cima e terá uma nova chance de mostrar sua capacidade. Ainda será uma fase de grupos especial pelo encontro com a Lazio, onde o ex-meio-campista também viveu momentos especiais em sua carreira como jogador.
Lazio
Maurizio Sarri é um dos treinadores mais velhos desta edição da Champions, embora sua carreira tenha estourado tardiamente. E terá sua experiência no torneio pela terceira equipe diferente. Suas primeiras participações foram com o Napoli, que fazia barulho na Serie A, mas não chegou longe no torneio continental. Pelo Chelsea, trabalhou apenas na Liga Europa e foi campeão. Já a volta com a Juventus o restringiu à eliminação nas oitavas diante do Lyon, em 2019/20. Tentará aproveitar uma Lazio que se diferencia de seus outros trabalhos. Se antes Sarri era bem mais lembrado pela verve ofensiva de seus times, desta vez é a segurança defensiva que levou os laziali a um bom lugar dentro da Serie A. Talvez isso garanta um final diferente em sua nova tentativa de deixar uma marca duradoura na Champions, o que não conseguiu antes.
Celtic
Ange Postecoglou marcou seu nome na história do Celtic, com duas temporadas excelentes que retomaram a hegemonia do clube no Campeonato Escocês e valeram marcas históricas. Não é simples a transição, após a saída do valorizado treinador rumo ao Tottenham. No entanto, os Bhoys arranjaram uma excelente solução com a volta de Brendan Rodgers. O norte-irlandês, torcedor do clube ainda na infância, teve uma passagem fantástica em meados da última década. Empilhou títulos e saiu em alta rumo ao Leicester, embora sua decisão de abandonar Parkhead no meio da temporada tenha pegado mal entre os alviverdes. A passagem de Rodgers pelo Estádio King Power também foi excepcional, com direito a grandes campanhas na Premier League e ao título na Copa da Inglaterra, apesar da demissão às portas do rebaixamento. Oferece muita experiência aos celtas, de quem disputou duas vezes a fase de grupos com o clube no passado. Contudo, nunca passou aos mata-matas, caindo cedo mesmo em seus tempos de Liverpool.