Champions League

Guia da Champions League 2023/24 — Grupo C: Napoli, Real Madrid, Union Berlim, Braga

Napoli e Real Madrid farão um confronto interessante, mas Union Berlim e Braga também podem aprontar

Este conteúdo faz parte do Guia Trivela da Champions League 2023/24. Clique aqui para ver mais grupos.

Por que acompanhar

O Grupo C tende a oferecer embates excelentes entre seus principais favoritos, Napoli e Real Madrid. Há uma história compartilhada entre os dois clubes na Champions League, que inclusive influenciou os rumos do torneio nos anos 1980. Afinal, num embate no qual os merengues eliminaram logo na primeira fase os napolitanos, estrelados por Maradona, esquentou a discussão sobre a criação de grupos que aumentassem o número de partidas dos grandes times na LC. Ainda levaria um tempo para que a intenção saísse do papel, mas a revolução vivida pela Champions se tornou bem mais expressa a partir dos anos 1990. Desta vez, o Real Madrid chega como o grande doutrinador do torneio continental, mas contra um Napoli que encantou na temporada passada e aparece forte com seu rótulo de atual campeão italiano.

Os dois principais candidatos à classificação no Grupo C são óbvios. Porém, talvez a chave não seja uma barbada tão grande assim. O Union Berlim é um dos times mais difíceis de se enfrentar da Bundesliga e vai querer fazer bonito em sua primeira aparição na Champions. Já o Braga volta depois de uma década e também pode incomodar, depois de se meter entre as forças do Campeonato Português e fazer boas preliminares na LC. Os dois azarões ainda dependerão de um grande esforço para uma reviravolta e o mais esperado é que briguem entre si pela terceira colocação, que oferece um atalho aos mata-matas da Liga Europa. Todavia, num início de temporada em que Real Madrid e Napoli acertam os ponteiros em relação a problemas recentes, há uma porta aberta que permite aprontar.

Títulos

Napoli: Nenhum
Real Madrid: 14 títulos (1955/56, 1956/57, 1957/58, 1958/59, 1959/60, 1965/66, 1997/98, 1999/00, 2001/02, 2013/14, 2015/16, 2016/17, 2017/18, 2021/22)
Union Berlim: Nenhum
Braga: Nenhum

Retrospecto recente

Napoli

2022/23: Quartas
2021/22: Não participou
2020/21: Não participou
2019/20: Oitavas
2018/19: Fase de grupos

Real Madrid

2022/23: Semifinais
2021/22: Campeão
2020/21: Semifinais
2019/20: Oitavas
2018/19: Oitavas

Union Berlim

2022/23: Não participou
2021/22: Não participou
2020/21: Não participou
2019/20: Não participou
2018/19: Não participou

Braga

2022/23: Não participou
2021/22: Não participou
2020/21: Não participou
2019/20: Não participou
2018/19: Não participou

Ambição

(Getty Images/One Football)

Napoli

A participação do Napoli na última temporada da Champions pode ser vista de maneira positiva: os celestes deram show na fase de grupos e conseguiram sua melhor campanha na história. Porém, a eliminação para o Milan nas quartas de final soou como algo aquém do potencial dos napolitanos, ainda mais num momento em que a reconquista da Serie A estava encaminhada e o time poderia se concentrar em sua empreitada continental. Desta vez, dar um passo além na Champions pode ser mesmo uma questão de honra. Não será simples manter a consistência no Campeonato Italiano, num momento em que Luciano Spalletti deixou o comando e Rudi García ainda tenta encontrar o melhor ritmo dos partenopei. Até pela menor frequência de partidas, talvez a Champions tire o melhor do Napoli na atual temporada. Há enorme qualidade individual para resolver jogos ainda, o que pode preponderar especialmente diante de uma classificação aos mata-matas.

Real Madrid

O Real Madrid parece existir apenas para conquistar a Champions League. Não há símbolo mais forte na competição do que os merengues em campo. Assim, não tem como falar de Real Madrid na Champions sem dizer que os blancos estarão lá para ser campeões. Mesmo quando o time enfrenta problemas, o sonho da torcida no Bernabéu é sempre o mesmo. E as condições estão postas. É verdade que a temporada possui suas reticências, entre os problemas de lesão que impactam bastante na equipe titular e a ausência de um centroavante do calibre de Karim Benzema. Todavia, o elenco continua recheadíssimo, em especial no meio-campo. E o início de La Liga, mesmo que ofereça muitas vitórias apertadas, vê o aproveitamento dos madridistas seguir lá no alto. Haverá uma exigência física maior com o início da fase de grupos. Entretanto, nestes momentos iniciais, o mais comum é ver o time de Carlo Ancelotti ganhando com folga.

Union Berlim

O Union Berlim caminha passo a passo em sua escalada desde o acesso à elite da Bundesliga. Primeiro garantiu a manutenção na primeira divisão, depois a vaga na Conference League, depois a passagem à Liga Europa. A inédita participação na Champions é o novo ápice desse crescimento. E se os Eisernen são azarões no Grupo C, não são o tipo de time que se apequena contra adversários mais fortes. A repescagem para os mata-matas da Liga Europa já cairia de bom tamanho, num grupo com dois claros favoritos. Mas não vai ser exatamente novidade se os berlinenses roubarem pontos das camisas pesadas. Dá para fazer um papel digno e encher de orgulho sua torcida. Aliás, um detalhe interessante será o estádio: o Union abriu mão do alçapão do An der Alten Försterei para que mais gente viva a experiência da Champions nas arquibancadas, no bem maior Estádio Olímpico de Berlim. É ver se as armadilhas também seguirão na nova casa, onde os alvirrubros já tinham jogado a Conference há duas temporadas – eliminados logo na fase de grupos, porém.

Braga

A volta do Braga à Champions League representa demais. Os arsenalistas não disputavam o torneio há 11 temporadas, com duas aparições anteriores na fase de grupos. Nem sempre é fácil descolar uma vaguinha na Champions através do Campeonato Português, com a clara hegemonia do trio de ferro do país. Ainda assim, o trabalho do Braga é muito consistente. Durante essa ausência, os alvirrubros disputaram sete edições da Liga Europa e quase sempre bateram cartão nos mata-matas. Tentarão elevar um pouco mais o sarrafo na Champions, embora as dificuldades para ir além sejam claras. Neste momento, a ambição mais realista é buscar a repescagem aos mata-matas da Liga Europa. A disputa deverá ser contra o Union Berlim, que inclusive superou os bracarenses na fase de grupos da edição passada da LE – tiveram que se contentar com os mata-matas da Conference, superados logo de cara pela Fiorentina. A Champions, de qualquer maneira, já garante um dinheiro que será muito bem-vindo aos minhotos.

Ponto forte

(JOHN MACDOUGALL/AFP via Getty Images/One Football)

Napoli

A capacidade ofensiva é o grande trunfo do Napoli desde a última temporada, e talvez isso se torne ainda mais evidente na atual campanha. O principal desfalque do time campeão italiano é Kim Min-jae, vendido ao Bayern de Munique. As reposições na defesa não foram à altura e a ausência do sul-coreano pode pesar. Em compensação, do meio para frente, os napolitanos contam com uma equipe bastante qualificada e também com uma série de jogadores para decidir as partidas. Se não houver uma quebra muito grande em relação ao estilo de jogo, o que parece não ter acontecido, dá para aproveitar o excelente entendimento dos celestes. Victor Osimhen e Giovanni Di Lorenzo são dois jogadores que começaram a nova temporada inspirados, com destaque também a Piotr Zielinski mais atrás. E há aqueles que podem aparecer bem na Champions, a exemplo do que aconteceu com Khvicha Kvaratskhelia e André-Frank Zambo Anguissa no último ano.

Real Madrid

Ninguém conhece os atalhos da Champions League igual ao Real Madrid. A tradição dos merengues no torneio fala por si. E isso não se restringe àquele papo de que “a camisa pesa”. Os madridistas também construíram uma mentalidade vencedora no torneio que corresponde bastante à vivência que o elenco atual possui além das fronteiras. É verdade que as referências do time multicampeão europeu na última década se tornam cada vez mais restritas, entre aqueles que saíram e também outros que perdem espaço entre os titulares por causa da idade. Contudo, há uma transição bem pensada no Bernabéu e novos nomes capazes de carregar a tocha, como Vinícius Júnior, já com uma final de Champions decidida em seu currículo. Não é pouco. Se o adversário não apresentar um futebol realmente competitivo, o mental tende a preponderar aos merengues – ainda mais depois de tudo o que aconteceu com esse time nos insanos mata-matas de 2021/22.

Union Berlim

O sorteio do Grupo C não pareceu tão ruim para o Union Berlim, mesmo tendo pela frente dois claros favoritos como Napoli e Real Madrid. Afinal, os Eisernen jogam melhor quando a equipe de Urs Fischer fica à espreita e busca os contragolpes para derrotar os adversários. É algo que deve se repetir na estreia do clube na Champions. O início de temporada dos berlinenses até vê uma tentativa de garantir uma equipe mais propositiva, fruto do bom mercado de transferências realizado pelo clube. Todavia, o padrão de jogar mais fechado e buscar um lance decisivo no ataque pode se repetir contra italianos e espanhóis. Por isso, o desenho da chave parece apetecer o Union. É um time com clara capacidade defensiva, além de um contragolpe muito veloz e conhecida força nas bolas paradas. O jogo aéreo, como sempre, vem sendo decisivo neste início de temporada.

Braga

O Braga é um time que sabe aproveitar muito bem os lados do campo para criar suas chances. Os arsenalistas contam com o forte apoio de seus laterais, em especial Victor Gómez, que tantas vezes se mandam para o ataque. Servem de opção nas inversões e também nas chegadas pela linha de fundo. Além disso, os meias/pontas dos minhotos afunilam bastante, o que garante gols frequentes dentro da equipe treinada por Artur Jorge. Os bracarenses chegaram a mudar seu sistema de jogo neste início de temporada, com o mais frequente 4-4-2 se moldando agora num 4-2-3-1. O que não se perde é a virtude de construir o jogo a partir de trás e acelerar com as brechas criadas. Outra fonte de gols frequente são os cruzamentos, em especial pela presença de Abel Ruiz dentro da área. O sucesso do espanhol de 23 anos em Braga o levou à seleção.

O craque

Osimhen arranca a máscara para vibrar com o gol marcado pelo Napoli (Getty/One Football)

Napoli

É impossível falar do Napoli sem citar Victor Osimhen e Khvicha Kvaratskhelia. Assim, “o craque” do time precisa ser um binômio, na combinação entre a habilidade alucinante do ponta georgiano e a efetividade impressionante do centroavante nigeriano. O Scudetto de 2022/23 não existiria sem a combinação da dupla. Osimhen e Kvaratskhelia resolveram partidas sozinhos, é verdade. O georgiano começou melhor e depois o nigeriano assumiu mais responsabilidades na virada dos turnos. Porém, não era “ou um ou outro”. O mais comum foi contar com “um e outro”, em combinações decisivas para que os napolitanos estraçalhassem seus adversários. E a primeira temporada, se já impressionou pelo entendimento imediato, agora confere também mais experiência para encarar a Champions. Tudo bem que os predicados se tornam mais conhecidos, especialmente de Kvara. Em compensação, são dois ases nas mãos de Rudi García que poderiam garantir os resultados positivos desde a fase de grupos. Qualidade não falta.

Real Madrid

Vinícius Júnior é quem assume o papel de craque do Real Madrid com a saída de Karim Benzema. Jude Bellingham começa a temporada sendo mais decisivo, mas não dá para ignorar tudo o que o brasileiro fez nos últimos dois anos – por mais que Fifa e Uefa tenham tentado isso, em seus prêmios individuais recentes. Primeiro, pelo papel repetidamente decisivo que o ponta teve na conquista da Champions 2021/22, com brilho até na final. Depois, pela forma como carregou a equipe em tantas partidas na temporada 2022/23, quando Benzema teve mais problemas de lesão. Há novos desafios para Vinícius, entre ser essa face principal do Real Madrid e mesmo se readaptar ao novo sistema de jogo, em que fica menos aberto pela ponta e mais encarregado de decidir. Ainda dá para notar certas dificuldades, mas também já teve momentos brilhantes em suas aparições recentes antes da lesão. Permanece como um extraclasse, e na Champions ele conta com uma tranquilidade que não se nota em La Liga pelos seguidos episódios racistas.

Union Berlim

O Union Berlim é um time extremamente coletivo, então apontar um protagonista não é missão simples. Sheraldo Becker foi o melhor jogador da temporada passada, mas está lesionado e menos influente neste início de campanhas. Também há gente com qualidade para dar um passo à frente entre os novos reforços. Todavia, o nome inescapável como ídolo do time na ascensão recente é do capitão Christopher Trimmel. Aos 36 anos, o austríaco pode não ser um jogador para chamar de “craque” com a boca cheia. Entretanto, é um lateral excelente e tantas vezes subestimado. Chegou aos Eisernen ainda nos tempos de segunda divisão e suas assistências foram essenciais para levar o clube à elite. E tal força nas bolas paradas se representa tantas vezes pela precisão de Trimmel, que continua entregando demais com seus cruzamentos. A concorrência aumentou com a chegada recente de Josip Juranovic, muito bem em seus primeiros meses no Union. Entretanto, a vaga na Champions é um prêmio à longa caminhada de Trimmel, que fez grandes partidas nas aventuras recentes por Conference e Liga Europa. Estará no maior dos palcos.

Braga

O Braga conta com bons jogadores, alguns deles com nível de seleção. Ricardo Horta é a grande referência dos arsenalistas. O meia de 29 anos usa a braçadeira de capitão e frequenta as convocações de Portugal, presente inclusive na última Copa do Mundo. Atravessa o melhor momento de sua carreira. Lá se vão sete anos desde sua chegada ao Braga, com 112 gols e 63 assistências em 329 partidas pelo clube. A qualidade técnica tantas vezes transparece, e atuando em diferentes posições no setor ofensivo. Chegou a anotar 19 gols no Portuguesão em 2021/22, mas seu nível de impacto foi ainda maior na temporada passada, pela maneira como contribuiu à classificação dos alvirrubros para a Champions. E o capitão começou bem a nova campanha, com dois gols e uma assistência em quatro aparições.

Mister Champions

Moutinho, do Braga (Foto: Divulgação)

Napoli

O Napoli não conta com um elenco tão experiente assim na Champions League. O destaque na competição fica para Piotr Zielinski, também o mais antigo do elenco entre os titulares. Aos 29 anos, o polonês contabiliza 43 partidas na Liga dos Campeões com a camisa napolitana. Sua primeira participação aconteceu ainda em 2016/17, parte da equipe que sucumbiu nas oitavas de final para o multicampeão Real Madrid. Já o melhor desempenho aconteceu na temporada passada, quando Zielinski teve aparições brilhantes para auxiliar na caminhada até as quartas de final. Arrebentou especialmente na goleada de estreia contra o Liverpool, mas também anotou seu gol em vitórias marcantes contra Ajax e Eintracht Frankfurt. O bom início de temporada respalda o meio-campista a oferecer mais em sua nova empreitada continental.

Real Madrid

Você pode selecionar o “Mister Champions” do Real Madrid numa ampla gama de jogadores. Entretanto, Luka Modric é a escolha mais óbvia para este posto. O meio-campista é o mais antigo do time atual e um dos raros que participou das últimas cinco conquistas continentais do clube. Já era uma figura de enorme relevo no time de Carlo Ancelotti que faturou o título em 2013/14, antes de ser instrumental no tricampeonato sob as ordens de Zinédine Zidane. Ainda assim, dá para argumentar que a melhor versão do maestro nestas Champions todas com o Real Madrid foi a de 2021/22. As viradas malucas dos madridistas não existiriam sem a cátedra do croata, especialmente pela maneira como conduziu o meio-campo contra PSG e Chelsea. Agigantou-se como sempre e não perdeu a excelente forma nem com o peso da idade. É um jogador que gosta dos mata-matas e ainda mais da Champions. Tê-lo por perto continua como um baita trunfo do Real.

Union Berlim

O Union Berlim buscou um jogador específico nesta janela de transferências para ser esse Mister Champions: Leonardo Bonucci. Na última temporada de sua carreira, o italiano acrescenta exatamente essa vivência, de quem disputou duas finais de Champions com a Juventus e ainda possui ainda outras passagens em grandes torneios, em especial pelo título da Eurocopa com a seleção italiana. Os últimos meses foram duros para Bonucci, entre a evidente queda de desempenho na Juve e os problemas físicos. Ainda assim, nada justifica a maneira como a Velha Senhora forçou a saída do ídolo apenas para cortar seu salário na folha de pagamentos. O Union Berlim oferece um cenário totalmente diferente ao beque. E não é de se duvidar que possa triunfar. Estará num sistema defensivo bastante sólido, em que ficará bem menos exposto. Além do mais, sua conhecida qualidade nas bolas longas é um acelerador aos contragolpes dos Eisernen.

Braga

O Braga contratou alguns veteranos nos últimos tempos para impulsionar o trabalho dos mais jovens. Pizzi chegou primeiro e traz sua bagagem dos tempos de Benfica. Outra novidade mais recente é José Fonte, com a vivência de quem disputou a Champions após levar o Francesão com o Lille. Porém, nada se compara à tarimba de João Moutinho. O meio-campista jogou copas europeias por quatro clubes diferentes. Tudo começou com o Sporting, onde começou a ganhar rodagem na Champions. Também teve bons momentos com o Porto no torneio, embora o auge tenha ficado para a conquista da Liga Europa em 2010/11. Também seria uma estrela do Monaco que figurou até em semifinal da Champions. E, mais recentemente, até bom papel na Liga Europa conseguiu com o Wolverhampton. Aos 37 anos, ainda preserva sua visão de jogo e agrega também por tudo o que vivenciou com a seleção de Portugal, em especial na Euro 2016.

A contratação

Jude Bellingham é apresentado com a camisa 5 do Real Madrid (divulgação/Real Madrid)

Napoli

Os reforços do Napoli foram razoavelmente modestos para a atual temporada. O presidente Aurelio Di Laurentiis preferiu ampliar o elenco, mas sem contratações que potencializassem tanto a equipe titular. Não houve uma quebra com o modelo de compras de jogadores baratos que ainda podem estourar, mas precisam se provar. Neste sentido, o mais experimentado é o ainda jovem Jesper Lindström. O dinamarquês não vem exatamente como um titular, mas como uma polivalente peça que pode ganhar espaço nas escalações e atuar em diferentes posições. O auge do meia aconteceu na penúltima temporada, quando despontou como revelação da Bundesliga e auxiliou o Eintracht Frankfurt a conquistar a Liga Europa. Já na temporada passada, Lindström disputou a Champions pela primeira vez com as Águias – e até enfrentou o Napoli nas oitavas. Pode ser um trunfo, especialmente para o lado direito celeste.

Real Madrid

Só há uma resposta certa: Jude Bellingham. O inglês não apenas justificou com pouquíssimas partidas as altas cifras pagas pelo Real Madrid, como se tornou uma evidente liderança técnica e se mostra cada vez mais entrosado com os companheiros. As virtudes conhecidas desde os tempos de Borussia Dortmund estão bastante aparentes: a maneira como flutua em campo, a classe para trabalhar a construção das jogadas, a excelente visão de jogo. E potencializou tudo isso a partir de sua nova forma de jogar, como um meia central que encosta nos atacantes. Se falta um centroavante mais tarimbado à disposição dos merengues, desde a saída de Benzema, Bellingham se encarrega de anotar os muitos gols. Sua leitura de jogo é privilegiada, assim como um oportunismo pouco conhecido ganha as manchetes. O garoto também sabe marcar muitos gols. Chegou para se fazer maior num clube que tem tudo a ver com a Champions.

Union Berlim

O mercado do Union Berlim foi muito bom. Os Eisernen aproveitaram diferentes oportunidades para rechear o seu elenco. Garantiram garotos talentosos por empréstimo, asseguraram a vinda de bons jogadores de times rebaixados, também repatriaram figurões da seleção alemã. Nesta última categoria é que se encaixa Robin Gosens, que sequer havia atuado profissionalmente na Bundesliga antes. E o ala se mostra como um encaixe perfeito para o lado esquerdo do Union, diante da maneira como o time joga. Estava subaproveitado na Internazionale, entre os problemas físicos e a ascensão de Federico Dimarco. Com os berlinenses, poderá reproduzir a forma dos tempos de Atalanta, que chegou a fazer diferença inclusive em edições passadas da Champions. O impacto inicial de Gosens é perceptível no time, com três gols em suas quatro primeiras aparições pela Bundesliga. Tantas vezes surge como um atacante na área.

Braga

O Braga realizou um bom mercado, dentro de suas circunstâncias. Os minhotos contrataram jogadores rodados, como João Moutinho e José Fonte, além de alternativas mais baratas, como Victor Gómez e Rodrigo Zalazar. O negócio de maior impacto neste início é o ponta Bruma, comprado em definitivo após chegar por empréstimo na última temporada. O atacante de 28 anos possui um currículo extenso, de quem surgiu como grande promessa e não se firmou. Já atuou por Sporting, Galatasaray, Real Sociedad, RB Leipzig, PSV, Olympiacos e Fenerbahçe, com seu melhor momento no Gala. Já a volta a Portugal fez bem, com bons números na segunda metade da temporada passada com o Braga. Já nestes primeiros meses de 2023/24, o atacante arrebentou na Champions. Anotou três gols e deu uma assistência em quatro partidas na fase classificatória, inclusive com o tento que valeu a passagem à fase de grupos, contra o Panathinaikos.

O técnico

Urs Fischer, do Union Berlim (Foto: UWE KRAFT/AFP via Getty Images/One Football)

Napoli

Rudi García é um treinador experiente, mas com uma missão enorme, ao substituir Luciano Spalletti no comando do Napoli. Se por um lado o francês assume uma equipe redonda depois do Scudetto, por outro há muito da voz de comando de seu antecessor que ele precisará repetir. Não é das tarefas mais simples. O currículo de García o respalda por trabalhos em clubes tradicionais, mas não necessariamente postulantes na Champions. Quando levou o Lille duas vezes ao torneio, inclusive como campeão francês, caiu em ambas na fase de grupos. Também não conseguiu coisas extraordinárias com a Roma, no máximo chegando às oitavas de final. A passagem pelo Olympique de Marseille é mais lembrada pela caminhada rumo à final da Liga Europa em 2017/18. Já pelo Lyon, o grande mérito de Rudi García foi exatamente ter alcançado uma semifinal de Champions em 2019/20. Entretanto, o contexto particular o auxiliou na ocasião em meio à pandemia.

Real Madrid

Carlo Ancelotti é o maior especialista de Champions League, no maior vencedor de Champions League. Isso basta para respaldar o veterano em mais uma temporada à frente dos merengues. Sua história no torneio começou desde os tempos de jogador, sobretudo pelos títulos faturados com o Milan. Também foi o treinador capacitado para levar os rossoneri de volta às glórias continentais, capaz de se eternizar como mentor de um esquadrão. E o Real Madrid serviu para referendar sua grandeza, com outros dois títulos. O de 2013/14 precisa ser lembrado como um marco aos merengues, exatamente por encerrar um período de seca no torneio continental e iniciar a bonança. Já a campanha de 2021/22 é uma das mais fantásticas da história. Se não dá para chamar o Real Madrid de “campeão surpreendente” nunca, as tantas reviravoltas que sempre fizeram os madridistas avançarem não deixaram de provocar espanto. Ele também faz a camisa pesar.

Union Berlim

Urs Fischer foi o melhor treinador da Bundesliga na última temporada. E o reconhecimento é necessário pelo excelente trabalho do suíço, desde que chegou para liderar o Union Berlim em seu inédito acesso à Bundesliga – com a volta à primeira divisão pela primeira vez desde o fim da Alemanha Oriental. O comandante é o responsável pela formação de uma identidade clara na equipe, forte na defesa e vertical em seus avanços. É um time muito bem treinado, até pela forma como sabe fechar os espaços e também pelo repertório nas bolas paradas. Além disso, há traços de evolução temporada após temporada. O Union atual sabe jogar mais solto do que o de quatro temporadas atrás, assim como o treinador tem méritos ao integrar muito rapidamente seus constantes reforços. Fischer retorna à fase de grupos da Champions após sete anos: nos tempos em que era campeão nacional com o Basel, esteve no torneio em 2016/17, mas sucumbiu sem uma vitória sequer.

Braga

Artur Jorge conhece o Braga como pouquíssimos. O antigo zagueiro começou nas categorias de base do clube e atuou por 12 anos na equipe profissional. Até se aposentou no Penafiel, em 2005, mas retornou em 2010 para conduzir as categorias de base dos arsenalistas. Durante quase todo esse tempo, Artur Jorge trabalhou com as equipes menores do Braga. Chegou a dirigir o time principal de maneira interina, até ser efetivado no cargo em 2022/23. Foi uma escolha justa da diretoria e que se prova excelente. O comandante de 51 anos possui um aproveitamento de 71% dos pontos disputados. Conseguiu uma campanha excepcional no Campeonato Português e ainda alcançou a final da Taça de Portugal. O novo início na liga nacional teve seus tropeços, mas a missão principal foi cumprida com a sobrevivência nas fases classificatórias da Champions rumo à etapa principal.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo