Champions League

Guia da Champions League 2023/24 – Grupo A: Manchester United, Bayern de Munique, Galatasaray e Copenhague

Talvez não haja muito mistério, mas há duas camisas pesadas e a torcida do Galatasaray promete uma grande festa

Este conteúdo faz parte do Guia Trivela da Champions League 2023/24. Clique aqui para ver mais grupos.

Por que acompanhar?

Não será o grupo com mais mistério. Provavelmente. A hierarquia parece bem definida. Mas teremos duas das camisas mais pesadas da Europa se enfrentando, uma reedição da histórica final de 1999, e, embora o Bayern de Munique seja favorito ao primeiro lugar, não é tanto assim. O Manchester United está em um momento ruim e precisa reencontrar o futebol, e a paz, da última temporada para não se complicar. O Galatasaray será uma atração em si. Além de trazer jogadores famosos, como Mauro Icardi e Dries Mertens, as arquibancadas prometem ser um show à parte.

Títulos

  • Bayern de Munique: 1974, 1975, 1976, 2001, 2013, 2020
  • Manchester United: 1968, 1999, 2008
  • Galatasaray: nenhum
  • Copenhague: Nenhum

Retrospecto recente

Bayern de Munique

  • 2022/23: Quartas de final
  • 2021/22: Quartas de final
  • 2020/21: Quartas de final
  • 2019/20: Campeão
  • 2018/19: Oitavas de final

Manchester United

  • 2022/23: Não disputou
  • 2021/22: Oitavas de final
  • 2020/21: Fase de grupos
  • 2019/20: Não disputou
  • 2018/19: Quartas de final

Galatasaray

  • 2022/23: Não disputou
  • 2021/22: Segunda fase preliminar
  • 2020/21: Não disputou
  • 2019/20: Fase de grupos
  • 2018/19: Fase de grupos

Copenhague

  • 2022/23: Fase de grupos
  • 2021/22: Não disputou
  • 2020/21: Não disputou
  • 2019/20: Terceira fase preliminar
  • 2018/19: Não disputou

Ambição

Bayern de Munique

O Bayern de Munique integrou um grupo de elite da Champions League que, fizesse chuva ou fizesse sol, estava sempre nas semifinais. Isso mudou. Conseguiu chegar tão longe apenas duas vezes nos últimos sete anos. Tudo bem que em uma delas conquistou o seu sexto título, mas parou de ser tão confiável nos palcos europeus. Precisa recuperar esse status porque é a única maneira para os Superclubes, que transformaram os títulos nacionais em banalidade, terem tranquilidade ou concluírem que tiveram uma temporada bem sucedida. Classificar-se ao mata-mata não deve ser um problema, brigando com o Manchester United pelo primeiro lugar.

Manchester United

Um bom termômetro da última década do Manchester United é que, desde a aposentadoria de Alex Ferguson, nunca foi além das quartas de final. E em suas melhores campanhas, em 2013/14 com David Moyes e 2018/19 com Ole Gunnar Solskjaer substituindo José Mourinho, não tinha exatamente pinta de que poderia ser campeão. A última caminhada na Liga Europa trouxe uma vitória enorme contra o Barcelona, mas depois foi engolido pelo Sevilla e ainda tem chão a percorrer para provar que é novamente uma potência europeia. Essa trajetória recente também trouxe algumas frustrações na fase de grupos que seria interessante evitar.

Galatasaray

O Galatasaray tem muitos jogadores experientes que lhe dão esperança de surpreender Bayern de Munique ou Manchester United em um ou outro jogo isolado. O que precisa provar é que terá regularidade para somar mais pontos do que eles. Isso parece um pouco mais difícil, de volta à fase de grupos após três temporadas ausente. Na última vez, ficou atrás do Club Brugge. Avançar mesmo não acontece desde 2013/14. A expectativa realista é garantir a vaga na Liga Europa com sobras e atrapalhar o máximo possível as duas potências do grupo. E depois vê o que dá para fazer nas rodadas finais.

Copenhague

Está na fase de grupos em anos consecutivos. É a primeira vez que isso acontece. O sonho seria repetir a campanha de 2010/11, quando chegou às oitavas de final. Quase impossível. Teria que surpreender bastante dois adversários muito mais poderosos e nem é provável que fique à frente do Galatasaray. A vaga na Liga Europa é difícil, mas pelo menos possível. Ganhar um jogo seria legal também. O último foi em dezembro de 2016, contra o Club Brugge.

Ponto forte

Gnabry e Sané, do Bayern de Munique (Foto: Picture Alliance/Icon Sport)

Bayern de Munique

Se eu fosse cínico, diria que é ter mais dinheiro do que 98% dos clubes do mundo, mas até que para os padrões atuais, é mais franciscano que outras potências. Mas também é difícil fugir do fato de que o seu grande trunfo é ter um elenco extremamente qualificado, embora curto após algumas saídas sem reposição no fim do mercado. O que pode dar um encaixe legal é a combinação entre o poder de criação do meio-campo, agora reforçado por Harry Kane, e a velocidade pelos lados com Serge Gnabry, Leroy Sané e Kingsley Coman. Poucos grupos de pontas têm tanta velocidade e talento.

Manchester United

Como o Bayern de Munique, o Manchester United tem a vantagem de ser rico para caramba – e é um exemplo muito didático de que saber o que fazer com o dinheiro é mais importante do que apenas tê-lo. Mostrou, porém, que tem uma ideia e uma busca por identidade desde a chegada de Erik ten Hag, por mais que seja importante superar o princípio de crise que se instalou nas últimas semanas. Um ponto de destaque em Old Trafford é a qualidade absurda no meio-campo, que começa com Casemiro e ainda tem Bruno Fernandes, Christian Eriksen e Mason Mount e foi reforçado por Sofyan Amrabat, um dos destaques da Copa do Mundo.

Galatasaray

Um clube que aposta tanto em medalhões tem que ficar confortável com os dois lados da moeda. Por um deles, existe um motivo para esses jogadores terem saído de ligas mais fortes, por mais apaixonante e competitivo que o Campeonato Turco possa ser. Por outro, se estiverem iluminados, dá para vencer qualquer um. A constante ao Galatasaray, no entanto, é a sua força como mandante. O clima que sua torcida cria pode ser intimidador, como, por exemplo, o próprio Manchester United descobriu nos anos noventa, quando foi eliminado em Istambul. “Bem-vindo ao inferno” é a mensagem que os caras gostam de passar.

Copenhague

Um bom sistema defensivo ajuda o Copenhague a ter sucesso na Dinamarca. Foi campeão em 2021/22 sofrendo apenas 13 gols em 22 jogos na temporada regular e mais seis nas dez rodadas do hexagonal final. Na última edição, repetiu o título sendo um pouco mais frágil, mas ainda entre os times que menos foram vazados. Até que consegue transferir esse trunfo para os campos europeus quando joga em casa. Segurou três empates por 0 a 0 contra Sevilla, Manchester City e Borussia Dortmund ano passado. O alerta é que a nova campanha no Dinamarquês começou diferente. Levou nove gols em oito jogos.

O craque

Icardi, do Galatasaray (Foto: Seskim / Icon Sport)

Bayern de Munique

É verdade que ele caiu de rendimento, mas é raro ver um grande jogo do Bayern de Munique em que Joshua Kimmich não está puxando as cordinhas. Em talento puro, está no topo da lista do elenco bávaro, fixado no meio-campo, onde consegue influenciar melhor todas as fases do jogo. Tem inteligência, poder de criação e qualidade de passe para armar na base do 4-2-3-1 de Thomas Tuchel. Chegou a ser especulado no Barcelona, que saberia usar muito bem as suas qualidades, mas acabou ficando e será interessante ver como se entenderá com um companheiro também tão inteligente quanto Harry Kane.

Manchester United

O Manchester United ainda tem Bruno Fernandes. Capitão, dono do meio-campo, criativo e inteligente. Mas é impossível ignorar o salto que Marcus Rashford deu na última temporada. Como se tivesse ficado mordido por ter sido reserva na Copa do Mundo, emendou uma das sequências mais impressionantes da história recente da Premier League. Não apenas pelos números – dez gols em dez rodadas depois do Boxing Day -, mas pela qualidade das jogadas que encaixou e pela confiança com que se apresentava. Terminou marcando 30 vezes em 56 partidas por todas as competições, decisivo para o título da Copa da Liga Inglesa e para a classificação à Champions.

Galatasaray

Às vezes é necessário dar um passo atrás. A carreira de Mauro Icardi desandou quando ele finalmente conseguiu o que queria e deixou a Internazionale. Foi um dos jogadores engolidos pelos problemas mais amplos do PSG. Tornou-se um daqueles caras que não entregava à altura do preço que custou ou do salário que recebia. O empréstimo ao Galatasaray foi um sucesso. Marcou 22 gols em 24 rodadas na caminhada ao título e dá para acreditar que teria alcançado o artilheiro do campeonato, Enner Valencia (29), se tivesse ficado mais disponível. Ainda não deixou a peteca cair e marcou oito vezes em oito partidas neste começo de temporada, incluindo muitos dos tentos que valeram a vaga na fase de grupos.

Copenhague

Viktor Claesson é o que melhor mistura talento, experiência e capacidade de colocar a bola na casinha. O jogador da seleção sueca foi o artilheiro do Copenhague na última temporada, com 16 gols por todas as competições. Mas em janeiro ganhou uma companhia importante. O ponto Diogo Gonçalves foi contratado do Benfica e marcou nove vezes em 18 partidas – cinco delas no hexagonal final. Começou muito bem novamente, com cinco tentos e cinco assistências em 13 jogos.

Mister Champions

Casemiro, do Manchester United (Andrew Yates / Sportimage – Photo by Icon sport)

Bayern de Munique

Thomas Müller já faz parte da decoração na Allianz Arena. Partirá para sua 16ª temporada de Champions League com a camisa do Bayern de Munique e passou por tudo: a virada com Louis van Gaal, o ápice com Jupp Heynckes, a mutação com Pep Guardiola e os últimos anos um pouquinho mais conturbados, mas que ainda trouxeram uma Tríplice Coroa com Hansi Flick. Teve participação importante em tudo isso, e apenas agora começa a ter um papel mais periférico no elenco, nem sempre titular, até porque ninguém nunca soube exatamente qual é a sua posição. Ainda tem experiência, inteligência e qualidade indispensáveis. Além de 142 jogos de Champions League.

Manchester United

Quando seu elenco tem ex-jogadores do Real Madrid, é difícil que não sejam eles. Em números totais, Raphäel Varane lidera, com 88 partidas de experiência. Mas Casemiro não está longe, com 81. Conquistou um título a mais, cinco versus quatro, e marcou em uma final. Leva vantagem também pela maneira como imediatamente assumiu o papel de líder espiritual do Manchester United, inclusive mais presente no campo de ataque, finalizando e fazendo gols.

Galatasaray

Hakim Ziyech até ganhou uma. Como reserva, mas ganhou. E também foi destaque do Ajax que superou Real Madrid e Juventus para chegar à semifinal. Essas aventuras fizeram com que somasse 40 jogos de Champions League a partir da fase de grupos. Embora nunca tenha se firmado pelo Chelsea, é um ponta de alta qualidade e de vasta experiência nos principais palcos – incluindo a Copa do Mundo. E Fernando Muslera não está muito atrás, com 39. Sempre pelo próprio Galatasaray, o qual defende desde 2011. Será sua sétima participação.

Copenhague

O mais experiente em fase de grupos é o zagueiro David Khocholava, com três campanhas na bagagem pelo Shakhtar Donetsk. O próprio Gonçalves tem rodagem, como bom jogador formado pelo Benfica. Contando também as preliminares, o meia Rasmus Falk se destaca. Em parte porque está no Copenhague desde 2016 e as disputou quatro vezes, com 19 jogos no total, incluindo os seis contra Breidablik, Sparta Praga e Rakow que classificaram os dinamarqueses este ano. Atuou mais nove vezes nas últimas duas participações do Copenhague na fase de grupos.

O técnico

Jacob Neestrup, o jovem técnico do Copenhague (Foto: Newspix/Icon Sport)

Bayern de Munique

Não é que existe uma carência de técnicos de qualidade no futebol europeu, mas as exigências do Superclubes são tão altas que poucos conseguem atendê-las o tempo inteiro. Thomas Tuchel é um dos que melhor o fazem, entre os integrantes daquele patamar abaixo de Pep Guardiola e Jürgen Klopp. Talvez conseguisse mais se não gerasse tantos atritos nos bastidores. Levou o Paris Saint-Germain à final da Champions League e foi campeão europeu com o Chelsea, assumindo no meio da temporada. A sua última demissão ainda é meio inexplicável, principalmente pelo que aconteceu na sequência em Stamford Bridge. Sorte do Bayern de Munique, por mais que as circunstâncias da demissão de Julian Nagelsmann tenham sido estranhas. Ele ainda está sob observação. Conseguiu evitar o fim da hegemonia na Bundesliga meio que na sorte e com uma mãozinha do Borussia Dortmund. Recebeu reforços importantes para montar o esquadrão que a torcida espera.

Manchester United

Não sei qual era o trabalho mais difícil do futebol europeu ano passado, mas acertar o Manchester United certamente estava no topo da lista. Não era uma questão apenas de chegar, implementar uma ideia, treinar, desenvolvê-la e escolher os titulares. Precisava haver uma mudança de cultura. Erik ten Hag está tentando fazer isso. Colocou os caras para correr depois de serem goleados pelo Brentford, comprou briga, e ganhou, com Cristiano Ronaldo e deixou Marcus Rashford de fora de uma partida porque ele chegou atrasado a uma reunião. Não é nada mirabolante: estabelecer regras, cobrar que elas sejam cumpridas e estabelecer consequências se não forem. Em campo, ainda é um trabalho em andamento. A última temporada teve grandes sucessos e uma quantidade acima do confortável de derrotas vexatórias. E a nova começou complicada. Três derrotas em cinco rodadas, Jadon Sancho afastado por indisciplina e Antony por coisa muito mais séria.

Galatasaray

Okan Buruk tinha uma história rica no Galatasaray como jogador. Defendeu-o por 12 temporadas, em duas passagens, e fez parte do time tetracampeão turco no fim da década de noventa. Como técnico, havia conseguido feitos interessantes antes de retornar. Levou a Copa da Turquia com o modesto Akhisarspor e o primeiro troféu da liga nacional do Istambul Basaksehir. Logo de cara, conseguiu encerrar o jejum de três anos do Galatasaray na Süper Lig com uma campanha dominante.

Copenhague

O Copenhague trocou a experiência pela juventude. O primeiro título do seu bicampeonato foi conquistado com Jess Thorup, 53 anos, com passagens por Midtjylland, Gent e Genk. Ele foi demitido em setembro de 2022, depois de um começo ruim no Campeonato Dinamarquês – seis derrotas em 10 rodadas. O substituto tem 35 anos. Jacob Neestrup foi promovido a assistente da comissão técnica de Stale Solbakken em 2018, depois de trabalhar nas categorias de base do Copenhague. Cerca de um ano depois, saiu para ser o treinador do Viborg, da segunda divisão. Não conseguiu a promoção, mas deixou o clube (que depois seria campeão) em primeiro lugar antes de retornar. A última temporada foi de muito sucesso para o jovem, que levou os títulos da liga e da copa da Dinamarca – a primeira dobradinha do Copenhague desde 2016/17.

A contratação

Onana, do Mancheser United

Bayern de Munique

A gente precisa de um documentário para entender como o Bayern de Munique chegou à conclusão de que dava para encarar a temporada com Eric Maxim Choupo-Moting como centroavante, depois de tantos anos com Robert Lewandowski. Talvez tenha acreditado que, na necessidade, Sadio Mané poderia ser deslocado, como o Liverpool estava fazendo antes da transferências. Nada disso deu certo, Mané foi até embora, e a admissão do erro foi o primeiro reforço de € 100 milhões da sua história. Harry Kane está na elite dos fazedores de gol do mundo e vale tanto dinheiro porque também sabe como poucos exercer a função de camisa 10. Começou bem, com quatro gols em quatro rodadas da Bundesliga e, com mais qualidade ao seu redor, pode subir a um novo patamar.

Manchester United

André Onana teve uma carreira meio conturbada. Havia pintado como um dos melhores goleiros jovens do mundo pelo Ajax, mas passou quase um ano afastado por ter falhado em um exame antidoping. Quando retornou, seu contrato estava chegando ao fim e a vontade de sair era clara. Acertou com a Internazionale, naquele esquema de jogar nas copas, enquanto Handanovic segurava a Serie A. Na Copa do Mundo, foi barrado por razões disciplinares pelo técnico Rigobert Song e chegou a anunciar aposentadoria da seleção, uma decisão já revertida. Em meio de tudo isso, era fácil esquecer o quanto é bom goleiro e ainda bem que a Inter chegou longe na Champions League porque Onana foi uma das estrelas da competição. E ganhou a posição no Campeonato Italiano também. O Manchester United contava com David de Gea e não tratou a sua saída com o respeito que um nome importante da sua história merecia. Mas fica difícil reclamar da reposição, principalmente porque, ao contrário do espanhol, Onana é ótimo com os pés e era o que Ten Hag queria.

Galatasaray

Zaha passou anos tentando sair do Crystal Palace. Percebeu que ajudaria se parasse de renovar contrato e acertou, sem taxa de transferências, com o Galatasaray. Tinha propostas financeiramente até melhores para permanecer na Premier League, mas gostou da ideia de disputar a Champions. Por problemas físicos, ainda não teve muitas chances de se apresentar à torcida, mas foi um jogador que carregou boa parte do fardo ofensivo do Palace nos últimos anos e agora terá colegas de mais qualidade para dialogar.

Copenhague

Mohamed Elyounoussi foi uma figurinha carimbada da Premier League nos últimos dois anos. Jogou quase sempre pelo Southampton e acertou com o Copenhague ao fim do seu contrato, após não conseguir evitar o rebaixamento. É um ponta esquerdo experiente de 29 anos, com 52 jogos pela seleção norueguesa e passagem pelo Celtic, no qual foi campeão escocês como reserva em 2019/20. Também levantou troféus e se destacou por Molde e Basel.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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