Entre tantas grandes atuações, Marcelo possivelmente fez sua maior: foi enorme contra o Bayern

A imagem após o terceiro gol é contundente. Marcelo abriu um mar vermelho ao Real Madrid. Arrancou do campo de defesa, passou por entre vários adversários, invadiu a área e ficou de frente para Manuel Neuer. Ao invés de terminar o serviço, passou para Cristiano Ronaldo (ligeiramente impedido) completar às redes. Ainda assim, foi o lateral quem protagonizou a comemoração do tento. Correu com os braços para trás e a vibração evidente em sua boca escancarada, levantando a torcida. Então, o artilheiro veio ao encontro para celebrar com o amigo. O camisa 12 fez uma partidaça no Estádio Santiago Bernabéu. Entre tantas grandes atuações pelo clube, a desta terça possivelmente foi a sua melhor. Marcelo encarnou todas as emoções merengues. Transformou-se no pulso, nas veias. Jogou muita, muita bola – tanto no ataque quanto na defesa. Não há como falar da classificação sem citar o defensor.
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Desde o primeiro tempo, Marcelo deixou claro que seria um dos protagonistas no reencontro com o Bayern de Munique. E de maneira salvadora. A melhor chance dos bávaros na etapa inicial parou na raça do lateral. Thiago Alcântara recebeu um ótimo passe dentro da área. De frente para o gol, só precisava encher o pé – e assim fez. O meio-campista só não esperava que o adversário se jogaria em sua frente, bloqueando o chute. Na sobra, Arjen Robben acertou a rede pelo lado de fora. A primeira ação decisiva do camisa 12.
A missão de Marcelo era pesada. O defensor precisava trancar o lado esquerdo da defesa, encarando Robben e Philipp Lahm. E vinha se dando melhor contra os dois craques do Bayern. Seu posicionamento, sobretudo, era excelente para fechar os espaços aos adversários. O holandês só conseguia se criar um pouco mais quando aparecia pelo centro. Além disso, o brasileiro demonstrava uma energia incomparável. Era o principal responsável pela saída de bola de seu time. Partia para o apoio e puxava a correria merengue para neutralizar os contra-ataques. Fechava os punhos e gritava com os companheiros, motivando em meio ao trabalho duro, em uma noite decisiva na Liga dos Campeões.
Logo no início da etapa complementar, Marcelo voltou a surgir como salvador do Real Madrid. Robben estava pronto para abrir o placar. Deu um toque cheio de categoria para tirar a bola do alcance de Keylor Navas e esperava apenas que ela entrasse para sair comemorando. Em cima da linha, Marcelo apareceu de repente outra vez, metendo a cabeça no caminho e evitando o gol certo. Pouco depois, entretanto, nada pôde fazer no pênalti assinalado para o Bayern, convertido por Robert Lewandowski.
Na sequência da partida, Marcelo passou a se destacar mais por seus conhecidos predicados ofensivos. Atrás, deu um bocado de sorte em lances nos quais Lahm e Robben o ultrapassaram, mas cruzaram sem que ninguém completasse. Enquanto isso, o senso de urgência do brasileiro ficava evidente. Arrancava, buscava os companheiros na área. A qualidade sobrava. Faltavam só uns segundos a menos, uns centímetros a mais para que o passe se transformasse em assistência. Felicidade que teve Casemiro, outro em grande jogo, lançando para Cristiano Ronaldo empatar.
Então, no minuto seguinte, veio o balde de água fria com o gol contra de Sergio Ramos. Marcelo, após assistir à lambança de camarote, encostou-se na trave e botou as mãos na cintura. Mas não havia tempo para lamentar. Logo o camisa 12 voltou a oferecer doses cavalares de vontade ao seu time. Em um lance na lateral do campo, ao desarmar Robben, comemorou com força. Marcava como um defensor, atacava como um ponta. Avançava à linha de fundo, cortava para o meio. Cruzava, buscava as tabelas, finalizava. E nem mesmo o passar dos minutos, com o início da prorrogação, pesaram sobre as pernas do camisa 12.
A intensidade de Marcelo se manteve no tempo extra. O segundo gol do Real Madrid nasceu pela esquerda, mas em cruzamento de Sergio Ramos. E o terceiro, em sua jogadaça, devorando os cansados adversários, terminou por demolir o Bayern de Munique. Terminou por coroar a noite praticamente perfeita do camisa 12. Com a bola ou sem ela, agindo ou pensando, tranquilizando ou acordando os companheiros, o brasileiro foi um gigante em diferentes aspectos.
Se você gosta de números, pode ressaltar diversas estatísticas de Marcelo: foi quem mais driblou, quem mais deu passes no terço ofensivo, quem mais criou ocasiões aos companheiros, quem mais interceptou passes, não sofreu um desarme sequer. O tamanho da exibição do lateral, contudo, vai além daquilo que os dados conseguem medir. E o número mais significativo não está no scout. Diante do Bayern, o brasileiro completou o seu 400° jogo com a camisa merengue. Grandeza que enfatiza a sua história no Bernabéu, e que torna ainda mais simbólico o que aconteceu nestes 120 minutos de Champions.