Em dois lances, Vinícius Júnior mostrou o que ainda precisa melhorar e por que é tão diferente
Duas arrancadas em um intervalo de poucos minutos na vitória do Real Madrid sobre a Atalanta, pelo jogo de volta das oitavas de final da Champions League, foram didáticas em relação a Vinícius Júnior. Na primeira, ele deixou evidente o que ainda lhe falta para se firmar como um dos melhores jogadores do mundo. Na segunda (e também na primeira), que na prática decidiu a eliminatória, por que é uma promessa tão diferente e apetitosa.
Há muito ruído na discussão em torno de Vinícius Júnior. Foi contratado por uma bala pelo Real Madrid, o que aumentou as expectativas sobre o seu futebol. Mas ainda era um garoto de 18 anos com apenas um punhado de jogos como profissional pelo Flamengo. Mesmo agora, mais experiente, segue um garoto em formação, com muitas qualidades e também deficiências nas quais precisa trabalhar.
A principal é a finalização. Vinícius tem 12 gols em 102 jogos pelo Real Madrid. A média é baixa, mesmo separada pelos minutos em campo: uma bola na rede a cada 436 minutos, ou quase cinco jogos completos. E se o Real Madrid não tem sido o suprassumo do futebol ofensivo desde que ele chegou, acompanhando essas partidas fica claro que ele teve oportunidades para marcar mais e as desperdiçou.
A seu favor, muitas delas ele próprio cria. Como aos seis minutos do segundo tempo. Vinícius roubou a bola no campo de defesa, quase na própria grande área, tabelou com Ferland Mendy no círculo central e disparou pela esquerda. Recebeu de volta, entrou na área, passou entre três marcadores da Atalanta e saiu na cara do goleiro Sportiello. Na entrada da pequena área. Era só tocar no canto para se consagrar. Mas ele acabou tirando demais para o lado.
Nessa idade, o mais importante é continuar tentando. Cerca de cinco minutos depois, lá foi Vinícius novamente. Foi muito mais rápido do que Malinovskyi, recolheu a bola no meio-campo, disparou e estava prestes a entrar na área em boa posição quando foi derrubado na linha da grande área por Rafael Tolói. Sergio Ramos cobrou o pênalti e fez 2 a 0 para o Real Madrid, matando de vez as esperanças da Atalanta.
Neste momento, Vinícius está entre os 13 jogadores do Real Madrid que atuaram mais de 1000 minutos nesta temporada. A lista seria maior não fossem os problemas físicos intermináveis de Hazard e a lesão de Dani Carvajal. Ele só não participou de três partidas do seu time nesta temporada, mas nem sempre foi titular e quase nunca ficou em campo o jogo inteiro.
Começou jogando 18 das 34 partidas em que atuou. O dado mais alarmante é que completou os 90 minutos em apenas seis delas – sete contando a derrota para o Alcoyano na Copa do Rei, quando foi substituído no começo da prorrogação. Certo ou errado, fica claro que Zidane ainda não está seguro que ele aguenta uma partida inteira.
Todo esse contexto é normal na utilização de um jogador de 20 anos. Depende muito da preferência do treinador, por exemplo – ele teve mais moral com Santiago Solari do que com Zidane. O que não é tão comum assim é decidir as oitavas de final da Champions League como fez Vinícius Júnior. Essa parte é realmente diferente.
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