Devido à pandemia, final da Champions pode mudar de Istambul para Londres
Uefa tem conversas com os governos envolvidos por possível mudança; Reino Unido tem restrições sanitárias em relação à Turquia

A final da Champions League está marcada para o dia 29 de maio no Estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, mas pode mudar de sede. Uefa e o governo do Reino Unido estão em negociações, depois que o governo britânico colocou a Turquia na lista vermelha na semana passada, por conta do agravamento da pandemia de COVID-19 no país. Por isso, Wembley, em Londres, pode receber o jogo, que terá dois ingleses. Há negociações em curso para determinar se haverá a mudança e uma decisão será tomada em até 48 horas.
Na prática, isso significa que os torcedores ingleses não poderão viajar para o jogo – a ideia é ter um público de 25 mil pessoas, sendo que 12 mil seriam destinados aos clubes finalistas. Os dois finalistas são ingleses, Manchester City e Chelsea. “Seria brilhante sediar [a final] se nós pudermos”, disse o primeiro-ministro Boris Johnson no fim de semana. “Com dois times ingleses na final, seria uma pena se os nossos torcedores não pudessem ir ao jogo”.
A Turquia ainda está em meio a um lockdown e teve um aumento do número de casos. Foi isso que, supostamente, fez o governo britânico colocar a Turquia na lista vermelha. Isso impede qualquer viagem de cidadãos e residentes britânicos ao país por motivos de lazer. Outros motivos precisam ser comprovados. O governo inglês está muito disposto a receber a final e diz que seria por questões de segurança, o que é incrivelmente conveniente.
A Uefa foi surpreendida pela decisão do Reino Unido de colocar a Turquia na lista vermelha na última sexta-feira. A entidade está relutante em mudar a sede da final da Champions League, depois de ser obrigada a mudar em 2020, quando a cidade turca receberia o evento. Por causa da pandemia da COVID-19 e a paralisação nos campeonatos pelo mundo, a Champions League foi retomada apenas em agosto e com sede única, Lisboa. Assim, Istambul receberia a final no ano seguinte, 2021. Novamente, porém, a pandemia ameaça tirar o jogo da Turquia.
A Uefa analisa a situação e considera a possibilidade de levar o jogo novamente para Lisboa, já que Portugal está na lista verde do Reino Unido. Com isso, os torcedores ingleses poderiam viajar para Portugal para assistirem a final. Além do problema dos torcedores, haveria outro: a obrigatoriedade de quarentena para imprensa e funcionários que viajariam ao Reino Unido, caso a partida seja transferida de sede.
O problema é que a Turquia investiu muito para receber a final, que seria em 2020. Os turcos alegam que a Uefa não poderia mudar a sede sem a concordância da cidade. Isso deve fazer com que a Uefa faça uma contraproposta para os turcos, possivelmente com o oferecimento de uma nova data para receber a final da Champions League nos próximos jogos.
A cidade também seria indenizada, caso seja confirmada a mudança de sede e a Turquia poderia receber o jogo em 2023. Seria simbólico, porque é o ano que a república turca completa 100 anos. Um dos motivos para que os turcos aceitassem seria que, em tese, em 2023 seria possível ter capacidade total no estádio, o que financeiramente valeria mais a pena.
Wembley tem um jogo marcado para o estádio no dia 29 de maio: a final do playoff da Championship, segunda divisão inglesa. É um dos jogos mais importantes do país, porque define qual dos clubes conseguirá o acesso à Premier League. A English Football League (EFL) é contra a mudança do dia do jogo ou da sede, mas aceita negociar, se solicitado pela Uefa.
Outro problema que a Uefa enfrenta é a quantidade de público autorizada a entrar no estádio. A Uefa, como dito, acordou ter 25 mil pessoas no Estádio Olímpico de Atatürk, mas no Reino Unido, as restrições limitam o público a 10 mil pessoas. Seria preciso negociar com o governo britânico para autorizar um público de 25 mil pessoas, excepcionalmente para este evento. Isso poderia ter um efeito cascata, porque a EFL poderia solicitar também ter 25 mil pessoas na final dos playoffs, caso seja mesmo forçada a mudar a sede ou a data do jogo.