Nova Champions acaba com devaneio da Superliga e poderia inspirar a Conmebol
Maior torneio de clubes do mundo se reinventa e encontra fórmula de oferecer mais e melhores jogos
A Uefa tirou da cartola uma resposta avassaladora e genial para qualquer tentativa de criação de um torneio que possa concorrer com a Champions League.
A vitaminada Super Champions salta de 125 para 189 jogos, tenta acabar com alguns jogos enfadonhos de fase de grupos que não valem nada e atira uma pá de cal sobre as pretensões de criação da chamada Superliga de Clubes, que reuniria apenas a elite da elite europeia.
A ideia inicial da Superliga Europeia de Clubes surgiu de 12 clubes do continente: Arsenal, Chelsea, Liverpool, City, United, Tottenham, Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Internazionale, Milan e Juventus. A elite da elite do futebol europeu.
O projeto previa que esses supertimes se enfrentassem frequentemente e sem rebaixamento. A repercussão negativa entre torcedores fez com que os clubes ingleses abandonassem o projeto — que persiste, embora enfraquecido.
A resposta da Uefa ataca na fonte a ideia da Superliga. O novo formato oferece muito mais jogos entre os times fortes, sem retirar da disputa os times médios e pequenos que se classifiquem para a Champions. No formato anterior, a fase de grupos tinha 96 partidas, e agora serão 144 jogos na primeira fase.
📍 OPINIÃO | @NoriNoriNoriega: "Não vejo como absurda a proposta de uma Superliga de clubes".
Leia com mais detalhes na coluna de hoje na Trivela ⬇️https://t.co/occBXvkhgw
— Trivela (@trivela) April 25, 2024
Novo formato da Champions é mais atrativo e lucrativo
O sistema de disputa classifica diretamente para as oitavas-de-final os times que tiverem as oito melhores campanhas da primeira fase. Os classificados entre as posições 9 e 24 disputarão play-offs para completar os jogos eliminatórios.
Em vez de jogos de última rodada de fase nos quais equipes sem chance cumprem tabela diante de poderosos que atuem com reservas, cria-se a possiblidade de jogos eliminatórios em ida e volta, muito mais atraentes para torcedores no estádio e nas telas.
O sistema é todo executado por um programa de computador, alimentado com os parâmetros técnicos da Uefa. Duas restrições são imputadas no sistema: não se enfrentam clubes do mesmo país e há o limite de apenas um jogo que reúna times de uma mesma liga nacional.
A medida promove os confrontos efetivamente internacionais e evita a repetição desinteressante de partidas de campeonatos nacionais na primeira fase da Champions.
Eleva-se o nível técnico, o que oferece valorização esportiva e econômica dos jogos. Outra resposta à argumentação dos proponentes da Superliga, que era o custo alto de manutenção de supertimes para enfrentar equipes fracas.
A mudança da Uefa mostra uma entidade antenada com as mudanças de público e exigência do futebol europeu, além da movimentação da concorrência e de novos formatos de distribuição de conteúdo.
Os jovens consomem cada vez mais vídeos curtos, melhores momentos, grandes jogadas. De preferência dos jogadores e times mais conhecidos. Colocar essas grandes marcas para se enfrentar cada vez mais cedo e mais frequentemente é uma sacada genial dos dirigentes europeus.
Quem sabe a Conmebol, que procura copiar algumas atitudes da Uefa, se inspire naquelas que realmente importam para melhorar o espetáculo.