Com Martinelli e Saka infernais, o Arsenal não tomou conhecimento do Sevilla
O Arsenal teve controle total durante os 90 minutos e não encontrou dificuldades para derrotar o Sevilla no Emirates
O Arsenal vinha numa sequência desfavorável nos últimos jogos, com a eliminação para o West Ham na Copa da Liga Inglesa e a contestada derrota para o Newcastle na Premier League. Em busca da recuperação, os Gunners descontaram para cima do Sevilla na Champions League. A equipe de Mikel Arteta sobrou dentro do Estádio Emirates nesta quarta-feira, numa partida em que o triunfo nunca pareceu sob dúvida. E se o contundido Gabriel Jesus não poderia destruir os andaluzes como no encontro anterior, desta vez o tormento dos adversários foi em dose dupla: Bukayo Saka e Gabriel Martinelli. Os dois pontas estavam inspiradíssimos e conduziram os 2 a 0 no placar. O inglês foi mais decisivo, com assistência e gol, mas o brasileiro também encantou com seus dribles e deu um passe decisivo ao colega.
A diferença entre as duas equipes ficou muito expressa durante o primeiro tempo. O Arsenal acuou o Sevilla, que não fazia nada além de se defender. Não existia necessariamente um bombardeio dos Gunners, mas a sensação de que o gol logo sairia era genuína. Veio a partir de uma linda bola de Jorginho, que permitiu a Saka servir o tento de Leandro Trossard. Os laterais sevillistas definitivamente não conseguiam acompanhar os pontas londrinos. Já no segundo tempo, o Arsenal seguiu mais contundente e anotou o segundo num contra-ataque, em inteligente combinação entre Martinelli e Saka. Não existia possibilidade de uma reação dos oponentes. Lamento apenas pela lesão de Saka já na reta final. Com o resultado, a classificação dos ingleses fica bem próxima e os espanhóis podem não ir nem à sua Liga Europa.
As formações
Mikel Arteta escalou o Arsenal num 4-3-3. David Raya abria a formação, com a defesa composta por Ben White, William Saliba, Gabriel Magalhães e Takehiro Tomiyasu. O meio-campo contava com Jorginho e Declan Rice acompanhados pelo recuado Kai Havertz, mas com liberdade para avançar. O diferencial ficava para as pontas, com os inflamados Bukayo Saka e Gabriel Martinelli. Leandro Trossard era o homem de referência, diante da ausência do lesionado Gabriel Jesus – que se machucou quando arrebentou com o Sevilla no Nervión.
Já o Sevilla aparecia num 4-2-3-1 pensado por Diego Alonso. Marko Dmitrovic ocupava a meta, com uma jovem defesa formada por Juanlu Sánchez, Nemanja Gudelj, Loïc Badé e Kike Salas. Fernando fechava o meio-campo ao lado de Joan Jordán. Djibril Sow aparecia mais à frente pelo meio, com Erik Lamela e Adrià Pedrosa nas pontas. Youssef En-Nesyri era o homem de referência. Os veteranos Jesús Navas e Ivan Rakitic ficavam apenas como opções no banco, assim como Lucas Ocampos e Suso.
Só um time jogou no primeiro tempo
O Arsenal precisou de menos de um minuto para dar seu primeiro susto no Sevilla. Num escanteio batido por Gabriel Martinelli, Havertz apareceu sozinho no segundo pau e nem saltou, mas desperdiçou a cabeçada. Era um início frenético dos Gunners, com muita movimentação e presença massiva no campo de ataque. Os sevillistas não tinham outra alternativa além de se enclausurar ao redor da área. Os andaluzes até buscavam vigiar um pouco mais Bukayo Saka na esquerda e não economizavam nas faltas, mas ainda assim o garoto gerou perigo numa bola parada, em cruzamento que resultou em cabeçada de Gabriel Magalhães para fora. Os londrinos tinham muito volume ofensivo, por mais que a área congestionada desse poucos espaços.
Apesar do ritmo mais forte do Arsenal, a equipe não conseguia acelerar o seu jogo para pegar a defesa do Sevilla aberta. Os cruzamentos não davam resultado. Com o passar dos minutos, a alternativa vinha em batidas de fora da área. Saka mandou uma cobrança de falta para fora aos 18, assim como Ben White não caprichou o suficiente quando tentou a chapada aos 24. Quem mais bagunçava eram Martinelli e Saka em lances de linha de fundo. O inglês chegou a reclamar de um pênalti, mas num enrosco normal de jogo. Jorginho também tentou seu tiro de média distância e bateu por baixo da bola, longe do alvo.
Estava claro como a qualidade técnica era importante para o Arsenal. E esse diferencial veio com o gol aos 29. Foi um lance já facilitado pela roubada de bola no campo de ataque, o que pegou a defesa do Sevilla um pouco mais desmontada. Jorginho acertou um passe rasteiro maravilhoso, por entre as linhas, nas costas da defesa. Saka escapou em velocidade pela direita e pôde centrar o cruzamento rasteiro de primeira. A bola chegou macia para Trossard, na infiltração pelo meio da área. Ficou até fácil de definir, apenas tirando do goleiro Dmitrovic. A vantagem era mais do que merecida.
Com o gol, o Arsenal pôde tirar o pé do acelerador. Passou a cadenciar a bola com mais paciência e não tinha a mesma urgência para atacar. O Sevilla até conseguiu adiantar um pouco mais as suas linhas, mas não que isso significasse um grande perigo aos Gunners. Era uma jornada tranquila para os londrinos, até pela imposição do meio-campo. E não que os sevillistas pudessem se descuidar, com seus jovens laterais levando a pior contra os dois famintos pontas dos ingleses. Martinelli, em especial, era um pesadelo para cima de Juanlu e tirava dribles da cartola. Num lance lindo na linha de fundo, fez o oponente passar no vácuo, mas o cruzamento foi afastado pela zaga.
Martinelli e Saka, um pesadelo
Arteta ainda realizou uma mudança na volta do intervalo, com Oleksandr Zinchenko no lugar de Tomiyasu. O Arsenal ganhava mais qualidade na circulação da bola e não mudava a sua postura, mais presente no campo ofensivo. Não era a mesma pressão do início do primeiro tempo, mas a equipe continuava criando mais situações de gol. Havertz era quem tentava mostrar serviço. O alemão quase anotou um gol bonito aos dez minutos, num chute com curva da entrada da área. A bola passou perto da trave. Numa boa troca de passes pela esquerda, Trossard também bateu sem direção aos 15.
A situação do Arsenal se tornou mais confortável aos 19 minutos. A capacidade ofensiva dos Gunners se provou mais uma vez, de novo com o impacto de Saka para o segundo gol. O ataque começou numa cobrança de lateral na defesa, pela esquerda. Martinelli foi excelente para escapar da marcação e dar um passe açucarado em profundidade. Saka partiu com o campo aberto pela direita e invadiu a área. Antes de finalizar, o ponta deu um drible desconcertante em Pedrosa, que passou lotado com o corte de letra do adversário. Então, bastou tirar do alcance de Dmitrovic. Gol de quem sabe e que coroava a grande noite dos pontas londrinos.
O Sevilla demorou a mudar. As entradas de Ivan Rakitic e Boubakary Soumaré soavam tardias, com as saídas de Sow e Jordán. Os andaluzes estavam nas cordas e o saldo poderia se tornar pior, não fosse a boa defesa de Dmitrovic em tirambaço de Zinchenko. Como se não bastasse, Soumaré se lesionou, numa curtíssima participação que ainda rendeu um cartão amarelo. Mariano Díaz deixava o time mais ofensivo em seu lugar. O atacante teve uma escapada logo na primeira participação e poderia ter descontado, mas não acertou o passe quando Raya já saía desesperado da meta. Logo entrariam também Lucas Ocampos e Tanguy Nianzou, saindo Salas e Pedrosa. Ocampos, na primeira participação, pisou no pé de Martinelli e tomou o amarelo.
Trossard e Martinelli deixaram o campo aplaudidíssimos aos 35, suplantados por Fábio Vieira e Reiss Nelson. O brasileiro coroava uma senhora atuação, em que o Sevilla não teve remédio para suas investidas. Já Saka sentiu lesão logo depois, numa lamentada perda para os londrinos. Jakub Kiwior entrou na vaga. Mohamed Elneny ainda pintou no final, com Jorginho saindo muito aplaudido. Os minutos derradeiros, todavia, eram protocolares. O Sevilla não dava qualquer indício de reação e os seis minutos de acréscimos só eram justificáveis pelas lesões, porque ao jogo em si pouco acrescentaram. Raya só fez sua primeira defesa aos 52, sem problemas para agarrar o chute rasteiro de Mariano. Logo depois, o apito final soou.
Como fica a situação
O Arsenal encaminha a classificação e também a primeira colocação no Grupo B da Champions League. Os Gunners ficam com nove pontos, quatro de vantagem sobre Lens e PSV mais abaixo. Na próxima rodada, um empate contra o Lens no Emirates será suficiente. Já o Sevilla se complica bastante, com dois pontos, três a menos que PSV e Lens. Os andaluzes precisarão ganhar dos holandeses na próxima rodada, no Ramón Sánchez-Pizjuán. Mesmo a vaga na Liga Europa está sob risco.