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Sergio Ramos: “O Sevilla sempre será a minha casa, me vaiem ou não”

Mais uma vez, Sergio Ramos surgiu como herói ao Real Madrid nesta quinta. O zagueiro assumiu a responsabilidade e auxiliou na reação diante do Sevilla, no Estádio Ramón-Sánchez Pizjuán, que valeu o recorde isolado de invencibilidade do Campeonato Espanhol, além da classificação na Copa do Rei. O zagueiro anotou um gol aos 37 do segundo tempo, cobrando pênalti com cavadinha, e atuou como um organizador nos minutos finais, distribuindo o jogo até o empate de Karim Benzema nos acréscimos. Herói para uns, vilão para outros. Durante toda a partida, o espanhol foi vaiado e insultado por parte da torcida que o teve como xodó nos primeiros anos de carreira. Respondeu, em campo e fora dele.

Na comemoração do gol, a insatisfação de Sergio Ramos era clara. Ao setor atrás do gol onde balançou as redes, botou as mãos nas orelhas, apontou para eles e mostrou o nome nas costas. Ao restante das arquibancadas, juntou as mãos, em sinal de desculpas. Já na saída do estádio, reafirmou a sua opinião contra a parcela dos críticos. Sem deixar de ressaltar, contudo, que continua nutrindo seu sentimento pelo sevillismo.

“Não faltei com respeito em relação à torcida do Sevilla. Ao contrário, pedi perdão a uma parte. À outra não. O Sevilla sempre será a minha casa, me vaiem mais ou me vaiem menos. O sevillismo merece todo o meu respeito, mas os que insultam a minha mãe desde o primeiro minuto não. No dia em que me enterrarem, haverá duas bandeiras: a do Sevilla e a do Real Madrid. Rakitic e Daniel Alves, que não cresceram aqui, são recebidos como deuses. A mim, insultam a minha mãe”, declarou.

“Talvez, quando as pessoas olharem o replay, entendam de outra maneira. Não gosto de comemorar um gol na minha casa, mas, quando insultam a sua mãe, essa gente não merece respeito algum. Talvez o presidente deva tomar medidas para que esta gente não manche o resto da torcida”, complementou. “Assim é o futebol, eu gostaria que me recebessem de outra maneira, mas isso não vai mudar nada. Tenho que estar preparado. Não é a primeira vez que venho jogar aqui. Não vou mudar, venho jogar futebol. Não quero ser notícia a cada vez que venho a Sevilla, mas apenas por aquilo que faço em campo”.

Sergio Ramos chegou às categorias de base do Sevilla quando tinha 10 anos e estreou pela equipe principal às vésperas de completar 18. Defendeu os andaluzes na elite por uma temporada e meia, até ser contratado pelo Real Madrid, em valor recorde para um sub-20 espanhol. Todavia, parte da torcida viu a escolha do jovem como uma traição. Não à toa, as críticas ao zagueiro costumam ser constantes em seus retornos ao Ramón Sánchez-Pizjuán. No final de semana, Real Madrid e Sevilla voltam a se enfrentar no estádio, desta vez pelo Campeonato Espanhol.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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