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Quinze motivos para não perder a Liga Europa 2014/15

Não espere a mesma repercussão e os mesmos craques da Champions. A Liga Europa nunca vai se equiparar à principal competição europeia, e este nem é o seu objetivo. Mesmo assim, a “segunda divisão da Europa” possui um charme especial. É o momento de observar países sem tradição no futebol buscando seu lugar ao sol e até mesmo clubes tradicionais tentando se reerguer. Para a história e a geopolítica do futebol, a Liga Europa é um prato cheio, por mais que o nível de competitividade deixe a desejar, especialmente nesta fase de grupos. Ainda assim, vale ficar de olho. E damos os detalhes de dentro e de fora dos campos para que você observe o torneio com atenção. Confira:

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Quem quer quiser ir à Champions, a chance está dada

A Liga Europa 2014/15 possui uma grande novidade em sua decisão. A partir deste ano, o campeão também garante vaga na Liga dos Campeões. Um prêmio que visa aumentar o interesse dos clubes pelo torneio e que pode tornar as fases decisivas bem mais acirradas. Afinal, estar na Champions significa bem mais que status e fama: é uma chance de faturar milhões com premiação e direitos de TV. Financeiramente, acaba valendo bem mais do que a taça da Liga Europa pode render.

A Península Ibérica tenta manter sua hegemonia

Italy Soccer Europa League Final

Nos últimos anos, a Liga Europa tem vivido um domínio bastante claro: quase ninguém consegue competir com os clubes da Península Ibérica. De 2003 em diante, são oito títulos para a região em 12 possíveis – e, na sobra, dois para os russos, um para os ucranianos e um para os ingleses. Os espanhóis levantaram a taça seis vezes neste período e ficaram em segundo outras duas, enquanto os portugueses tiveram duas conquistas e três vices. O Sevilla, aliás, despontou neste período com três triunfos e deixa a Espanha com oito títulos, a um de alcançar a Itália como maior vencedora do torneio.

A competição terá o primeiro tetra de sua história?

Os maiores campeões da Liga Europa têm participado do torneio com certa frequência nos últimos anos. Desta vez, dois dos quatro clubes que possuem três títulos estarão no certame desde o início: a Internazionale e o Sevilla. Tentarão algo que, por exemplo, Juventus e Liverpool chegaram a buscar recentemente. No entanto, o grupo dos tri também pode aumentar: Borussia Mönchengladbach e Tottenham entram forte na disputa em busca da terceira taça.

Alguém vai se preocupar com o coeficiente?

A Itália segue caindo no Ranking da Uefa. Ultrapassados por Portugal, os italianos perderam ainda mais margem com a eliminação do Napoli na Liga dos Campeões, mas precisam levar a sério a Liga Europa para a situação não piorar. Já a França foi ultrapassada pela Rússia e vê a Ucrânia se aproximando. Embora a Serie A ainda tenha um pouco mais de tranquilidade, a Ligue 1 pode perder uma vaga na Champions para os russos se a situação se mantiver desta maneira até o final da temporada. Guingamp, Saint-Étienne e Lille precisarão se empenhar.

Os eliminados da Champions vão tomar conta da festa?

A Liga Europa costuma se transformar a partir dos mata-matas. Afinal, além da peneira feita pela fase de grupos, o torneio incorpora oito equipes eliminadas na Liga dos Campeões. E, apesar de serem minoria, os times vindos da LC costumam impor respeito. Desde 1999/00, quando a regra foi estabelecida, seis campeões tinham caído na Champions anteriormente, como o Chelsea em 2013 – na última temporada, o Benfica ficou no quase. Sevilla (2006, 2007 e 2014), Porto (2003 e 2011), Liverpool (2001), Valencia (2004), Zenit (2008) e Atlético de Madrid (2012) são os vencedores “100% Liga Europa”.

A geografia da Liga Europa

LE

A divisão regional da Liga Europa é bastante diferente da observada na Liga dos Campeões. Enquanto o torneio mais importante se concentra em alguns países principais, a LE se distribui melhor e tem grande representatividade em ligas secundárias. O que, aliás, ajuda a medir um pouco da perda de força da Itália no cenário continental: a Serie A é a liga mais representada no torneio, com quatro clubes – o dobro de Alemanha, Espanha e Inglaterra. Ao menos, os países do segundo escalão se fazem sentir. Quando Bélgica, Grécia e Ucrânia teriam três times na LC? Croácia e Suíça teriam dois? A força da antiga União Soviética também faz sombra: são sete equipes de seus antigos territórios.

Os clássicos esquecidos da Cortina de Ferro

Sem tanto espaço e força econômica para disputar a Liga dos Campeões, os clubes dos antigos países comunistas povoam mesmo a Liga Europa. Nesta temporada, são 15 equipes dos países da Cortina de Ferro. E já na fase de grupos ocorrerão alguns clássicos que remetem àqueles tempos. No Grupo I, a Tchecoslováquia ressurgirá com o duelo entre Sparta Praga e Slovan Bratislava, os principais clubes das capitais dos países desmembrados. O Grupo J, por sua vez, colocará frente a frente duas potências daqueles tempos: Steaua Bucareste e Dynamo Kiev, que chegaram a disputar a Supercopa da Uefa em 1986 – donos da Champions, os romenos se sagraram campeões, com um gol decisivo de Gheorghe Hagi.

A volta da Finlândia e a afirmação do Azerbaijão

Entre as bandeirinhas da fase de grupos da Liga Europa, uma das que mais chamam atenção é a da Finlândia. O HJK Helsinque representará o país no torneio, após eliminar o tradicional Rapid Viena na última fase preliminar. Será a primeira vez desde 1998/99 que um time finlandês chega à fase de grupos de um torneio da Uefa, quando o próprio HJK disputou a Champions. Já o Azerbaijão consegue pela segunda vez colocar um clube nesta etapa do torneio. Depois do Neftchi Baku em 2012/13, o feito é repetido pelo Qarabag. O clube azerbaijano, aliás, é um dos dez estreantes em fases de grupo: Torino, Guingamp, Dínamo de Minsk, Dínamo de Moscou, Lokeren, Asteras Tripolis, Astra Giurgiu, Krasnodar e Rio Ave – sendo que os dois últimos disputam uma competição continental pela primeira vez.

A nostalgia do Torino

Torino92

Por tradição, o Torino merece ser considerado um dos grandes clubes da Itália. Entretanto, a vida dos grenás foi difícil nos últimos anos, com acessos e descensos. Na última temporada, as alegrias voltaram a bater nas portas de Turim, com o time terminando em sétimo na Serie A e herdando a vaga nas preliminares da Liga Europa que era do Parma – excluído pela Uefa por problemas financeiros. De volta a um torneio continental após 21 anos, o Toro eliminou Brommapojkarna e RNK Split para chegar à fase de grupos. Sonha alto na competição da qual já foi vice-campeão, perdendo para o Ajax a final de 1992 – e o timaço grená tinha Scifo, Casagrande, Marchegiani e Lentini.

A interferência dos conflitos em Gaza e na Ucrânia

Israel tornou-se participante costumeiro da Liga Europa nos últimos anos. Desde que a fase de grupos começou a ser disputada, em 2004/05, somente duas vezes os clubes do país ficaram de fora da fase de grupos. E, depois de três temporadas consecutivas, os israelenses voltam a ficar ausentes. Contudo, houve influência geopolítica na campanha durante as preliminares. Por conta dos conflitos em Gaza, os quatro representantes de Israel precisaram mandar seus jogos no Chipre. Mesmo sempre decidindo “em casa”, não venceram uma eliminatória. Já a sorte dos ucranianos foi um pouco maior. Também pela guerra civil no país, três clubes do leste precisaram mandar seus jogos em Kiev. Dnipro e Metalist Kharkiv conseguiram chegar à fase de grupos, mas dividirão suas partidas entre a capital e Lviv.

Muitas opções para Dunga observar

Se os brasileiros marcam forte presença na Liga dos Campeões, não é muito diferente na Liga Europa. E muitos jogadores que fazem parte da seleção brasileira ou que têm condições de jogar estarão no torneio. Os principais destaques estão no meio-campo, com Luiz Gustavo, Paulinho e Hernanes buscando refazer o moral após a Copa do Mundo. No gol, as boas alternativas são Rafael Cabral e Neto. Além disso, há alguns bons jovens valores que o Brasil poderia ficar de olho antes que pudesse perder para outras seleções: Jorginho (Napoli), Alan (Red Bull Salzburg) e Felipe Gedoz (Club Brugge).

Salpingidis em busca do topo

Dimitris Salpingidis é um jogador de talento acima da média para o futebol grego, mas longe de ser considerado um craque. Mesmo assim, o veterano grego se aproxima de alguns recordes importantes da Copa da Uefa/Liga Europa. Participando do torneio desde 1999, por Panathinaikos e PAOK, o atacante soma 23 gols. Apenas sete a menos que Henrikh Larsson, maior artilheiro da história do torneio excluindo-se jogos qualificatórios. Além disso, Salpingidis soma 61 partidas pela competição. Se jogar todas as rodadas da fase de grupos e chegar aos 16-avos de final, pode igualar Walter Zenga e se tornar o terceiro atleta com mais jogos, 69 no total. Os primeiros são Giuseppe Bergomi (96) e Frank Rost (87).

O retorno da maior figurinha carimbada da Liga Europa

Gedoz

O Club Brugge possui uma marca impressionante: são 19 participações consecutivas na Copa da Uefa/Liga Europa. Um lugar praticamente cativo, mas que não chegou ao mesmo patamar na última temporada, com os belgas eliminados pelo Grasshoppers nas preliminares e fora da fase de grupos pela primeira vez desde 2002/03. Desta vez, a equipe treinada por Michel Preud’Homme (aquele mesmo) não passou tantos sustos para avançar sem sobressaltos. A expectativa agora é sobre até onde o clube pode chegar, já que nestes 19 anos nunca passou das oitavas de final. Para tanto, um dos reforços é Felipe Gedoz, uma das principais revelações da Libertadores de 2014.

Os ex-campeões da Champions que querem se reerguer

A fase de grupos Liga Europa 2014/15 conta com vários clubes que possuem no seu currículo a maior conquista continental. Se na temporada passada o PSV estava sozinho nessa, desta vez os holandeses são acompanhados por outros quatro que têm a glória no currículo: Celtic, Internazionale, Feyenoord e Steaua Bucareste – e outros seis que chegaram ao menos na final. Porém, para a maioria deles, disputar o segundo nível da Europa é o que resta atualmente. O PSV vai para a sexta participação consecutiva na Liga Europa, enquanto o Celtic chega humilhado após ser eliminado duas vezes nas preliminares da Champions.

A primeira final continental decidida na Polônia

A Polônia teve a honra de ser uma das sedes da Euro 2012. O Estádio Nacional de Varsóvia foi o palco da abertura, mas a final ficou com Kiev, na Ucrânia. Três anos depois, enfim, a bela arena terá a chance de receber uma decisão, a primeira da história do país em um torneio continental – de clubes ou de seleções principais. São 58 mil lugares para o estádio que, em agosto, recebeu a abertura do Mundial de Vôlei. Há até mesmo a chance de um time da cidade disputar o título: o Legia Varsóvia está no Grupo L, embora mande seus jogos na Pepsi Arena.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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