Espanha

Que os craques brasileiros do Real Madrid façam a seleção do Brasil cair na real

Goleada do Real Madrid sobre o Barcelona deixou mensagem a Dorival Júnior sobre quem são os nog

Vini Jr. e Rodrygo deram um recado muito claro a Dorival Júnior na impiedosa goleada por 4 a 1 aplicada pelo Real Madrid sobre o Barcelona, na final da Supercopa da Espanha: a seleção brasileira tem que ser construída em torno deles, não mais de Neymar. Os jovens atacantes do Real são a melhor chance que o Brasil tem de cair na real.

Por mais que o Barcelona de hoje seja um time frouxo (no sentido da moleza individual e coletiva e da fragilidade tática), o que jogaram Vini e Rodrygo na decisão disputada em Riad foi uma barbaridade. Vini é a explosão da velocidade, o jogador letal que colocou no bolso o uruguaio Araujo, um marcador de excelente nível. É quase impossível segurar o ex-flamenguista numa disputa no mano a mano. Rodrygo, além de capacidade individual acima da média, tem uma compreensão tática do jogo espantosa para um jogador de 23 anos. Suas movimentações em campo são determinantes para o sucesso de Vini e também dele próprio. Embora não seja um atacante tão letal como o colega, Rodrygo entrega mais opções táticas e pode atuar mais recuado, como faz hoje o espetacular Jude Bellingham na equipe merengue.

Obviamente que há inúmeras vantagens para a dupla de talentos brasileiros em atuar no maior time do mundo. Vini e Rodrygo não contam na seleção brasileira com jogadores como o próprio Bellingham, provavelmente o melhor do mundo hoje. Nem com ritmistas do calibre de Tony Kroos e Luka Modric (ainda muito acima da média, mesmo nos capítulos finais da brilhante carreira). O uruguaio Valverde e o francês Tchouameni seriam titulares no meio-campo brasileiro sem esforço. O Real é a mais poderosa multinacional da bola, praticamente não tem limites para contratar e montar uma seleção planetária de talentos. Carlo Ancelotti trabalha com a excelência. O que não poderia fazer se tivesse assumido a seleção brasileira.

Aceno a Neymar é ‘política da boa vizinhança'

Ao declarar que vê Neymar como um dos três melhores jogadores do mundo, Dorival Júnior faz um aceno político ao jogador mais famoso do Brasil. Porque o Neymar de hoje é mais fama do que bola. Uma máquina de produzir conteúdo que não seja futebolístico. Embora esteja se recuperando de duas graves lesões simultâneas, o Neymar atual é um influenciador digital. Impossível saber em que nível ele retornará a jogar e quando isso acontecerá. Sua realidade hoje é o futebol saudita, um produto em fase de investimento que conjuga as contratações no tempo verbal do passado. O presente está com Vini Jr. e Rodrygo. A seleção que pretende jogar a Copa de 2026 (a classificação nunca esteve tão ameaçada como agora) deve ser montada com base neles. Neymar, se voltar a jogar a bola que sabe, precisaria se encaixar nessa nova realidade.

A facilidade com que o Real engoliu o Barça fala muito sobre o futebol atual. Enfraquecido economicamente pelas escandalosas administrações de dirigentes corruptos, o Barça de hoje é produto de segunda linha da Europa. Deixou de ser a potência hegemônica dos tempos em que Xavi desfilava sua capacidade de ler o jogo ao lado de gênios como Messi e Iniesta, do próprio Neymar e de Suárez. Em alguns jogos do Barça fica a impressão de que a “seleção nacional” da Catalunha passaria por alguns apuros se disputasse o Brasileirão.

Dorival certamente viu o show do Real. Tomara que ele se inspire nisso para montar a seleção do Brasil real. Sem tentar encaixar suas ideias dentro das características dos jogadores, como fez Fernando Diniz. O projeto autoral de Diniz em algumas situações impede que os atletas desenvolvam plenamente suas principais características individuais. Vinícius e Rodrygo são a excelência brasileira da atualidade. A seleção precisa ser montada em torno deles.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
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