Espanha
Tendência

Mulher que acusa Daniel Alves de estupro renuncia indenização pelo caso, afirma imprensa espanhola

Segundo o El País, a vítima expressou à juíza do caso que "seu objetivo é que se faça justiça e que o jogador pague com a prisão pelo ocorrido"

Durante as últimas horas, a imprensa espanhola revelou novos detalhes sobre a acusação de estupro contra o lateral Daniel Alves. Segundo o jornal El País, a suposta vítima da agressão sexual renunciou, diante da juíza do caso, a indenização que teria direito se houver condenação. Fontes ligadas à investigação informaram ao jornal que a mulher, de 23 anos, declarou que “seu objetivo é que se faça justiça e que o jogador pague com a prisão pelo ocorrido”. O ressarcimento econômico também seria um direito da vítima, pelas lesões e também pelos danos morais que sofreu. Daniel Alves foi preso preventivamente na última sexta-feira, sem direito a fiança. O julgamento está previsto para os próximos dias, diante da conclusão das investigações.

O caso aconteceu em 30 de dezembro, numa discoteca de Barcelona. Conforme as primeiras informações reveladas, Daniel Alves teria violado a vítima com a mão e permanecido com ela por cerca de 50 segundos no banheiro. No entanto, conforme as apurações mais recentes, o futebolista teria atacado a mulher de diferentes formas e permanecido com ela por 15 minutos no banheiro. [Aviso de gatilho para violência sexual na sequência do parágrafo] Conforme os relatos de El País e El Periódico, Daniel teria levado a mão da moça ao seu pênis. Depois, teria a conduzido para o banheiro sem que ela soubesse qual era o local. O jogador teria a trancado à força, a obrigado a praticar sexo oral, a agredido no rosto e a penetrado na vagina, ejaculando ao final do ato. A vítima, abalada emocionalmente, teria relatado o caso a seguranças da boate e depois se iniciaram os procedimentos da polícia, inclusive exames e coleta de vestígios.

Segundo a imprensa espanhola, há uma percepção distinta entre os depoimentos da vítima e do acusado. O depoimento da mulher seria “contundente e persistente”, sem contradições. Já Daniel Alves, conforme as fontes judiciais do jornal El País, teria oferecido até três versões distintas dos fatos durante um depoimento que durou 45 minutos. Diante das perguntas da juíza, disse que não houve contato quando a moça entrou no banheiro em que ele estava. Depois, diante do promotor, disse que ele ficou parado diante da moça, sem saber o que fazer quando ela o abordou. Já diante da defesa da vítima, ele atribuiu a conduta sexual à mulher, que teria praticado sexo oral enquanto ele fazia suas necessidades. Afirmou que não declarara isso para “proteger a mulher”. Semanas atrás, Daniel Alves declarara publicamente que sequer conhecia a moça.

Conforme a TV3, Daniel Alves teve um “comportamento totalmente narcisista” durante o depoimento. O canal público da Catalunha aponta que, segundo as fontes judiciais, o futebolista demonstrava acreditar que permaneceria impune. O jornal El País detalha que o lateral chegou inclusive a mentir sobre o seu salário no Pumas – que posteriormente rescindiu o contrato por justa causa. Daniel afirmou que ganhava 30 mil euros mensais, mas foi rebatido imediatamente pela juíza, com provas de que seus ganhos chegam a 300 mil euros mensais. A prisão preventiva sem fiança foi imposta, inclusive, por conta do poder financeiro do acusado – além de outros pontos, como a gravidade do caso e a falta de um acordo de extradição entre Brasil e Espanha.

Além do depoimento do acusado e da vítima, a investigação ouviu diversas pessoas que estavam presentes na discoteca em 30 de dezembro – incluindo o amigo que estava na mesa de Daniel Alves, as amigas que acompanhavam a mulher e os seguranças que a atenderam inicialmente. A moça também passou por exames na mesma noite em que o estupro teria acontecido. A vítima entregou à polícia o vestido que usava, enquanto foram extraídos restos biológicos. Também são usadas as imagens registradas pelas câmeras de segurança, para contextualizar o episódio.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
Botão Voltar ao topo