La Liga

Suárez sobre provar no Atleti que não estava ultrapassado: “Era uma questão de amor próprio”

Depois de seis temporadas no Barcelona, como um dos principais destaques de um período vencedor, Luis Suárez saiu pela porta dos fundos do clube, em um episódio que manchou a imagem da direção e irritou a muitas pessoas nos bastidores, incluindo Lionel Messi. O próprio Suárez dá a entender que ainda não superou a situação e reafirma que ir para o Atlético de Madrid e provar seu valor no futebol espanhol de elite mesmo com idade avançada era uma questão de “amor próprio”.

Em entrevista à France Football desta semana, o uruguaio refletiu sobre a mudança de ares e o que significou trocar de camisa e passar a defender os Colchoneros. “Uma das minhas motivações foi poder mostrar que ainda podiam contar comigo. É uma questão de amor próprio. Depois de todos esses anos no Barça, eu queria demonstrar que ainda posso ser útil no mais alto nível, no elite do futebol espanhol”, revelou, em um dos trechos disponibilizados pela publicação.

Suárez afirmou ter um espírito batalhador e que foi justamente isso que serviu de impulso para escolher o Atleti, equipe onde sabia que encontraria bastante cobrança e objetivos grandes.

“O lado mental é primordial. É muito importante ser forte mentalmente e sentir que temos o necessário para sair de situações difíceis. Esta sempre foi uma das minhas características: eu nunca abaixei os braços, mesmo quando atravessava momentos difíceis. Foi esse caráter que me incentivou a vir a esta equipe que luta por coisas importantes.”

Em suas últimas campanhas no Barça, Suárez já não estava mais em seu pico, mas tampouco deveria ser descartável. A maneira escolhida pelo técnico Ronald Koeman de comunicar que não contava mais com o jogador, por meio de uma chamada de telefone, apenas piorou as circunstâncias de sua saída – mas deu também ao uruguaio a possibilidade de seguir em frente sem olhar para trás. Ainda assim, o jogador revela que não foi fácil deixar a cidade em que ele e toda a sua família estavam bem adaptados.

“De um lado, esta mudança foi bem-vinda porque, depois de tudo que vivi no Barça, e vendo a maneira como se passou minha saída, eu tinha vontade de mudar. O mais difícil é quando você tem uma família que, há seis anos, está acostumada a viver no mesmo lugar. O mais difícil foi ter que explicar para meus filhos que vamos nos mudar enquanto eles têm seus amigos e seus hábitos em Barcelona. Ainda mais durante uma pandemia, com as dificuldades atuais, especialmente para se socializar com as pessoas aqui, em Madri. Isso complica as coisas, é impossível fazer atividades extraescolares com os filhos, precisamos permanecer em casa. Eles sentem falta dos amigos, assim como minha mulher sente falta de sua família em Barcelona. Mas é preciso ver também o lado positivo: eu não seria feliz onde não me querem mais. Agora, minha família sente que estou feliz, e isso é o principal.”

Suárez, por fim, falou um pouco mais especificamente sobre o que mais doeu na saída do Barça, apontando para a postura da direção, ainda que sem citar nomes. “O que realmente me incomodou foi que eles me disseram que eu era velho e que eu não podia mais jogar em alto nível, que eu não podia estar à altura de uma grande equipe. Isso é o que realmente me incomodou.”

A diretoria barcelonista não poderia estar mais errada, e o tempo rapidamente provou isso. Em sua primeira temporada pelo Atleti, Suárez tem números incríveis: é o artilheiro de La Liga ao lado de Lionel Messi, com 16 gols em 21 partidas, e um dos principais motivos pelos quais o time de Diego Simeone se encontra na ponta da competição, com três pontos a mais e um jogo a menos que o rival Real Madrid.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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