La Liga

Com Ocampos artilheiro, goleiro e herói, minutos finais de Sevilla 1 x 0 Eibar foram “como um roteiro do Hitchcock”

Segundo o treinador do Sevilla, Julian Lopetegui, os minutos finais da vitória do seu time por 1 a 0 sobre o Eibar caberiam em um filme de Alfred Hitchcock e isso não é pouca coisa, considerando que estamos falando de um dos maiores cineastas de todos os tempos, famoso por seus mistérios cheios de tensão e reviravoltas.

Até então, a partida que fechou a 34ª rodada do Campeonato Espanhol era uma história de oportunidades desperdiçadas, cujo vilão, do ponto de vista do narrador-observador Lopetegui, foi o goleiro Marko Dmitrovic, que impediu o Sevilla de chegar àquele momento com o resultado da partida determinado.

Todo bom mistério, porém, precisa guardar surpresas para o clímax da narrativa, e nada bate aquela cena em que há o confronto definitivo entre o herói e o vilão, neste caso, o momento em que Lucas Ocampos, autor do gol e goleiro-substituto após a lesão de Tomas Vaclik, defendeu um chute à queima-roupa de Dmitrovic no segundo final da partida.

Dmitorv havia feito uma série de brilhantes defesas para frustar o Sevilla ao longo da partida, como no apagar das luzes do primeiro tempo quando espalmou a cabeçada de Fernando da entrada da pequena área.

No começo do segundo tempo, Ocampos saiu na cara de Dmitrovic, após um toque de cabeça de Luuk de Jong, mas seu chute saiu pela esquerda das traves. O argentino enfim levou a melhor contra o seu nêmesis ao aparecer na segunda trave para completar de primeira o cruzamento de Jesús Novas, após bela jogada individual.

Aos 42 minutos, Dmitrovic preparou a transição para o terceiro ato ao defender um chute à queima-roupa de Suso, completando bela jogada de Joan Jordán pela linha de fundo.

A cena final começou aos 50 minutos do segundo tempo, quando Kike saiu na cara de Vaclik e acertou a trave, mas a inércia fez com que ambos se chocassem. O goleiro levou a pior, ficou caído no chão sentindo dores e não conseguiu continuar. Lopetegui havia feito as cinco substituições e não teve alternativa a improvisar um de seus jogadores de linha debaixo das traves. A paralisação levou o jogo aos 100 minutos.

Digamos que Ocampos foi aquele personagem que embarca na jornada do herói sem saber exatamente o que virá pela frente. “Quando disseram que Tomas não podia (continuar), eu me prontifiquei achando que tudo terminaria rápido e terminou como terminou”, disse. Lopetegui, o Mickey da nossa história (vejam Rocky), tomou sua decisão com base em um critério muito claro: “Ocampos é grande”.

A bola foi lançada à área em uma cobrança de lateral, desviada alguns metros antes das primeira trave, chutada para cima por Diego Carlos, e continuou viva dentro da área, pulando para lá e para cá. Foi devolvida à boca do gol por um chute rasteiro, bem na linha da pequena área.  Dmitrovic se esticou para completar de perna esquerda e acertou Ocampos em cheio.

A bola continuou viva – essa bola, mantendo o tema, poderia ter feito um bico em Highlander – e o rebote parou na defesa. O segundo rebote foi cortado em cima da linha por Jesús Navas.

E antes que o chute de Navas, cotado para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, chegasse ao chão, temendo o que mais poderia acontecer, o árbitro, misericordiosamente, gritou “Corta!” e colocou ponto final em uma obra-prima do futebol.

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Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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