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O que falta a Ochoa é um empresário como o de Doni

É difícil encontrar alguém que não aponte Guillermo Ochoa entre os cinco melhores goleiros da Copa do Mundo. Para muita gente, o mexicano esteve entre os três. E é compreensível quem o tenha colocado no topo da lista, mesmo à frente de Manuel Neuer, Keylor Navas ou Tim Howard. O arqueiro do México fez uma excelente campanha no Mundial, sobretudo pelas partidas praticamente impecáveis contra Brasil e Holanda. Sem clube, era uma aposta quente no mercado de transferências. Mas dá para dizer que o desfecho da história foi decepcionante.

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Ochoa é o novo reforço do Málaga. Na verdade, a grande estrela que chega aos boquerones para esta temporada, acompanhado por nomes como Roberto Rosales, Arthur Boka e Luis Alberto – enquanto, na porta de saída, já se foram Eliseu, Mounir El Hamdaoui e Nordin Amrabat. O mexicano é a reposição para Willy Caballero, vendido por € 9 milhões ao Manchester City. E que, assim como o argentino, serve de esperança para que o clube permaneça com tranquilidade em La Liga.

O Málaga viveu uma grande temporada em 2012/13, mas a fonte secou desde então. A consequência evidente foi o desempenho sofrível na última temporada. A equipe foi a 11ª em La Liga, apenas seis pontos acima da zona de rebaixamento. E que deve muito de sua salvação ao antigo goleiro, já que terminou o campeonato com a defesa menos vazada entre os times que ocuparam a metade inferior da tabela. A vinda de Ochoa não transforma muito as perspectivas. Aliás, só reforça a noção de que os albiazules dependerão muito do seu arqueiro outra vez.

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Não é a primeira vez que uma transferência inesperada acontece na carreira de Memo Ochoa. Ídolo do América, ele buscava o seu lugar no futebol europeu há três anos. Foi se arranjar no Ajaccio, um clube muito aquém de suas perspectivas. É certo que às vezes falta um pouco mais de regularidade ao mexicano. Mesmo assim, ele tinha potencial de ir além. Na Ligue 1, conseguiu algumas atuações inesquecíveis, como no duelo contra o PSG no primeiro turno de 2013/14. Aos 29 anos, já não é mais exatamente um garoto para utilizar o Málaga de trampolim para a sua carreira. Cada vez menos a impressão é de que possa, um dia, ter a chance em um clube um pouco maior da Europa, ainda que a possibilidade ainda exista.

O título do texto, é claro, serve para provocar. Doni até teve seus bons momentos na carreira, mas talvez nem ele mesmo pudesse acreditar que, defendendo o Juventude, jogaria na Roma e no Liverpool – e isso depois de não se firmar em Corinthians, Santos e Cruzeiro. Ochoa fez uma Copa do Mundo digna de ser conhecido por qualquer um e teve a sorte grande de que, no momento mais notável da carreira, pudesse negociar com o clube que quisesse. Faltou um pouco mais de tino no mercado, um empresário que realmente soubesse vender as suas qualidades.

Abaixo, o vídeo com as defesas de Ochoa contra o Brasil:

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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