La Liga

Na queda de braço entre Messi e Barcelona, La Liga dá razão ao clube e não reconhecerá a rescisão unilateral

A disputa ao redor de Lionel Messi ganhou mais um capítulo importante neste domingo. O craque, em cisão com a diretoria do Barcelona, decidiu não se apresentar aos primeiros exames marcados para o reinício da temporada. Ele entende seu direito de romper unilateralmente seu contrato com o clube, em busca de um novo destino. O Barça se mantém firme sobre o vínculo do craque até 2021 e não abrirá mão de seus direitos neste momento. E, também neste domingo, La Liga emitiu um comunicado dando razão à agremiação. A entidade que gere o futebol profissional na Espanha não reconhece a posição do atleta e garante que não vai liberar seus direitos federativos sem o necessário pagamento da transação.

O maior entrave na questão contratual de Messi se concentra em uma cláusula de escape existente. A última renovação do jogador havia se firmado por três anos, com a opção de uma quarta temporada em 2020/21. Ao final de cada temporada, o jogador teria o direito de comunicar sua saída se assim quisesse, sem o pagamento de uma multa rescisória. A manifestação de seu desejo, contudo, deveria ter ocorrido até 10 de junho – conforme escrito no papel assinado pelas partes. Isso não aconteceu, já que a decisão do camisa 10 foi tomada apenas no fim de agosto.

Messi, entretanto, alega que o prolongamento da temporada de 2019/20 por causa da pandemia também garante seu direito de estender esse prazo estipulado previamente e, por isso, não se entende mais como jogador da equipe. O Barcelona não admite tal postura e garante que o contrato segue ativo até junho de 2021, sem intenção de liberá-lo a não ser mediante o pagamento de multa. E enquanto o litígio se estende, sem que os blaugranas demonstrem disposição a um acordo, La Liga protege o clube.

“Em relação às diferentes interpretações (algumas delas contraditórias entre si) publicadas nos últimos dias em distintos meios de comunicação, relacionadas à situação contratual do jogador Lionel Andrés Messi com o Barcelona, La Liga considera conveniente esclarecer que, uma vez analisado o contrato do jogador com seu clube: o contrato se encontra atualmente vigente e conta com uma cláusula de rescisão aplicável caso Messi decida instar a extinção antecipada do mesmo […]; em cumprimento da normativa aplicável, e seguindo o procedimento que corresponde nestes casos, La Liga não efetuará o trâmite de baixa federativa ao jogador se não pagar previamente o valor de tal cláusula”, afirma a declaração de La Liga.

A posição de La Liga não surpreende, considerando o intuito de preservar o clube. Mais do que isso, a atual direção do Barcelona é uma das principais apoiadoras de Javier Tebas, inclusive em questões mais delicadas – como a realização de partidas no exterior a cada temporada. A entidade que gere a competição naturalmente ia defender o que estava escrito no papel, até para evitar um precedente em casos do tipo.

Outro ponto central é o valor de tal multa. Durante os três primeiros anos, o Barcelona deveria receber €700 milhões de qualquer clube disposto a romper o contrato de Messi. No entanto, como esta última temporada era opcional, há um entendimento que este montante não é mais válido. E aí se concentra mais um entrave, entre aquilo que o Barça entende como seu direito de receber e o que Messi vê como consequência da manifestação de sua intenção de saída. Segundo o programa El Larguero, o cenário esperado seria o de que as duas partes se sentassem e negociassem um novo valor até 2021 – ao que os blaugranas não se mostram abertos, por mais que o atleta tenha solicitado uma conversa amigável.

A queda de braço deverá se ampliar. A Fifa pode conceder uma transferência provisória ao jogador em disputas do tipo, se a briga adentrar nos tribunais para definir o valor da multa rescisória ou o prazo estipulado de rescisão. A tendência é que o litígio se estenda pelas próximas semanas e atravanque a definição da carreira de Messi. Aos 33 anos, o camisa 10 tem consciência de como o tempo é importante à sua forma dentro de campo e, mesmo com a rebeldia desta semana, prefere chegar a um acordo. O Barcelona, por outro lado, não pretende perder assim o maior craque de sua história. A ordem no clube é não ouvir propostas e só negociar uma renovação, nada além.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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