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Na noite em que o Barça recebeu o troféu, a Real Sociedad carimbou a faixa com um triunfo excepcional

A Real Sociedad precisava da vitória em sua briga pela Champions e saiu com o resultado do Camp Nou

Seria uma noite de festa no Camp Nou, independentemente do resultado. O Barcelona havia se coroado como campeão espanhol na rodada anterior de La Liga, ao derrotar o Espanyol fora de casa, e receberia a taça no reencontro com a torcida. Também seria um sábado de homenagens a Sergio Busquets, símbolo do clube que se despede nesta temporada. No fim das contas, todos saíram felizes, inclusive a visitante Real Sociedad. Os txuri-urdin necessitavam bem mais da vitória, em sua briga pela vaga na Champions League. Mais interessados no jogo, os bascos abriram vantagem e ganharam por 2 a 1. Voltam para San Sebastián com um resultado excelente para preservar a quarta colocação, enquanto o Barça nem se incomodou tanto e não estragou a celebração dos campeões.

A Real Sociedad poderia ter ficado em vantagem numérica logo cedo, quando a arbitragem não considerou um pisão de Jordi Alba. Nada que fizesse falta, com o gol precoce aos seis minutos. Alexander Sörloth bateu a carteira de Jules Koundé no meio do campo e arrancou. O centroavante rolou para o lado, onde Mikel Merino aparecia sozinho na área para marcar. Demorou para que o Barcelona despertasse. A partir dos 15 minutos, no entanto, os blaugranas buscaram o empate. Ousmane Dembélé cabeceou para grande defesa de Álex Remiro. Franck Kessié também insistiu, mas sem passar pela defesa da Real.

O Barcelona passou a ter mais volume de jogo e a acionar seus homens de frente. Robert Lewandowski tentava aparecer, mas sem precisão nos arremates. Mas não que a Real Sociedad só se defendesse. Raphinha deu um presentaço para Ander Barrenetxea aos 29 e o ponta perdoou, parando em Marc-André ter Stegen. O goleiro também salvou no mano a mano diante de Mohamed-Ali Cho, sozinho na área. Logo depois, Barrenetxea reapareceu no ataque e tentou encobrir Ter Stegen, mas enviou ao lado da meta. À medida que o tempo passava, o primeiro tempo se tornava mais difícil para os blaugranas, diante da solidez dos txuri-urdin. O jogo dos visitantes estava bem mais encaixado.

O segundo tempo recomeçou sem que o Barcelona indicasse sinais de melhora. A equipe era inoperante, como se já estivesse acomodada pelo título conquistado. Tinha a posse de bola, mas não se via qualquer urgência para buscar o empate. E a Real Sociedad, depois dos 20 minutos, voltou a se soltar para tentar ampliar. Sörloth já tinha dado um aviso com uma cabeçada perigosíssima que saiu ao lado. Seria ele a anotar o segundo gol, aos 27 minutos. Num contra-ataque dos bascos, Takefusa Kubo carregou a bola e abriu com Martin Zubimendi. Centrou o passe para a conclusão do norueguês.

O resultado já era ótimo para a Real Sociedad, enquanto a torcida do Barcelona não se inibia em cantar “campeões”. Ter Stegen era quem evitava um saldo pior aos blaugranas, com mais uma boa intervenção na batida de Diego Rico. Aos 39, Sergio Busquets foi substituído e recebeu a ovação do Camp Nou, na reta final de sua carreira pelo clube. Somente depois disso é que o Barça indicou querer o empate. O primeiro gol da equipe veio já aos 45 minutos, num cruzamento de Ferrán Torres para a cabeçada de Lewandowski. O centroavante ainda tentou o segundo nos acréscimos, sem sucesso. Depois do apito final, começou a festa do título.

O Barcelona recebeu a taça de campeão espanhol, entregue nas mãos de Sergio Busquets. É uma temporada de despedida gloriosa do capitão, depois de uma história de tantas conquistas no Camp Nou. O meio-campista discursou e agradeceu pelo carinho dos torcedores. Outros membros do Barça também falariam diante dos microfones, entre eles Xavi Hernández. É um período de transição no clube e também de incerteza pelo cenário financeiro, mas com uma campanha soberana em La Liga.

O Barcelona fica com 85 pontos, na primeira colocação, uma vantagem de 14 pontos. O detalhe agora está no recorde defensivo da equipe. O time sofreu 15 gols até o momento, o que concederia o recorde de melhor defesa da história de La Liga. São mais três rodadas para tentar evitar chegar em 18 gols, o recorde atual, sustentado pelo Deportivo de La Coruña de 1993/94 e pelo Atlético de Madrid de 2015/16. Além disso, Ter Stegen não sofreu gols em 25 partidas. Com 26 jogos, ele igualará os recordes de Francisco Liaño com o Depor e de Jan Oblak com o Atleti. A Real Sociedad, por sua vez, retoma a vantagem de cinco pontos na quarta colocação, mesmo pressionada pela vitória do Villarreal sobre o Girona. Falta pouco para confirmar o retorno à Champions League após dez anos.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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