Messi fica por mais uma temporada no Barça: “Nunca entraria na Justiça contra o clube que amo”
A maior novela da atual janela de transferências do futebol europeu ganhou um desfecho nesta sexta-feira (4): em entrevista ao Messi anunciou que fica por mais uma temporada no Barcelona, até o fim de seu vínculo, rechaçando entrar na Justiça contra o clube. Em uma longa conversa, o argentino falou em mágoa, falta de projeto por parte do Barça e sobre a dor das eliminações recentes na Champions League.
[foo_related_posts]Messi afirmou que seu desejo de deixar o Barcelona não surgiu após a humilhante derrota por 8 a 2 para o Bayern de Munique, pelas quartas de final da Champions League, mas sim em meio a uma sequência de fatores que se acumularam ao longo dos tempos recentes, sobretudo na temporada passada.
“Claro que tive muita dificuldade em decidir isso. Não vem do resultado do Bayern, vem de muitas coisas. Eu sempre disse que queria encerrar minha carreira aqui e sempre disse que queria ficar aqui. Que eu queria um projeto vencedor e ganhar títulos com o clube para continuar ampliando a lenda do Barcelona a nível de títulos. E a verdade é que já faz um tempo que não existe um projeto ou qualquer outra coisa, eles estão fazendo malabarismos e preenchendo os buracos à medida que as coisas acontecem. Como eu disse antes, sempre pensei no bem-estar de minha família e do clube”, explicou.
O camisa 10 conta que a decisão caiu como uma bomba dentro de sua própria casa: “Quando comuniquei isto a minha esposa e filhos, foi um drama bárbaro. A família inteira estava chorando, meus filhos não queriam sair de Barcelona, nem mudar de escola”.
Por sua vez, Messi estava pensando no próximo passo. “Disse ao clube, sobretudo ao presidente, que queria partir. Passei todo o ano dizendo. Acreditava que era o momento de dar um passo. Acreditava que o clube precisava de mais jovens, pessoas novas, e pensava que havia terminado minha etapa no Barcelona, sentindo muitíssimo, porque sempre disse que queria terminar minha carreira aqui.”
“Foi ano muito complicado, sofri muito nos treinamentos, nas partidas e no vestiário. Tudo foi muito difícil e chegou um momento em que pensei em procurar novos objetivos, novos ares. Não veio por causa do resultado da Liga dos Campeões contra o Bayern, há muito tempo eu vinha pensando nisso. Eu disse isso ao presidente e bem, o presidente sempre disse que eu no final da temporada poderia decidir se eu queria ir ou se queria ficar, e no final ele não acabou cumprindo sua palavra”, completou.
Sua permanência agora, por mais um ano, foi a solução que encontrou para evitar uma batalha judicial contra o clube, algo que afirma que não seria capaz de fazer, dada toda sua história na Catalunha.
“Vou seguir no clube porque o presidente (Josep Maria Bartomeu) me disse que a única maneira de eu sair era pagando a cláusula de € 700 milhões, o que é impossível, e depois havia outra maneira, que seria ir à Justiça. Eu nunca iria à Justiça contra o Barça, porque é o clube que amo, que me deu tudo desde que cheguei, é o clube da minha vida. Fiz minha vida aqui, o Barça me deu tudo, e eu lhe dei tudo. Jamais passou por minha cabeça ir à Justiça”, explicou em entrevista ao Goal.
A batalha na interpretação do contrato
A revelação recente da vontade de Messi de deixar o Barcelona deu início a uma batalha entre o entorno do jogador e a direção do clube. O argentino apontava para a cláusula em seu contrato que lhe permitia que, ao fim de cada temporada, pudesse deixar a Catalunha sem custos. Já o Barça apontou para o prazo de 10 de junho. A verdade é que, com a paralisação do futebol devido ao Coronavírus, nesta data a temporada ainda estava em disputa.
“Eu pensava e tínhamos certeza de que eu estava livre, o presidente sempre dizia que no final da temporada eu podia decidir se eu ficava ou não, e agora eles se agarram ao fato de que eu não o disse antes de 10 de junho, quando acontece que no dia 10 de junho nós estávamos competindo por La Liga, no meio desta merda de vírus, desta doença que alterou todas as datas. E é por isso que eu vou ficar no clube”, disse Messi.
A mágoa
O argentino admitiu que algumas das coisas que ouviu ao longo da temporada, sobretudo desde sua decisão de deixar o clube, o machucaram: “Me senti magoado por coisas que ouvi das pessoas, da imprensa, de pessoas questionando meu barcelonismo e dizendo coisas que acho que eu não merecia (ouvir). Também me ajudou a ver quem é quem. Este mundo do futebol é muito difícil, e há muitas pessoas muito falsas. Isto me ajudou a reconhecer muitas pessoas falsas que eu tinha em outra consideração. Magoou-me quando meu amor por este clube foi questionado. Não importa se eu vá ou fique, meu amor pelo Barça nunca vai mudar”.
Questionado sobre se o que lhe havia machucado havia sido as insinuações sobre uma “panela” de jogadores próximos a ele ou os papos sobre dinheiro, Messi respondeu: “Um pouco de tudo”.
“A coisa dos amigos de Messi, a coisa do dinheiro… Muitas coisas que foram ditas me magoaram. Eu sempre coloco o clube acima de qualquer outra coisa. Tive a oportunidade de sair do Barça muitas vezes. O dinheiro? Todo ano eu poderia sair e ganhar mais dinheiro do que em Barcelona. Eu sempre disse que esta era minha casa, e isso foi o que senti e ainda sinto. Melhor do que aqui é difícil. Eu sentia que precisava de uma mudança e novas metas, coisas novas.”
O capítulo final
Com seu desejo de deixar o Barcelona tornado público, Messi tem agora, naturalmente, seu comprometimento posto em dúvida para a temporada que logo se inicia. Entretanto, o argentino tratou de esclarecer que não fará pé mole.
“Seguirei no Barça, e minha atitude não irá mudar, por mais que quisesse partir. Darei meu melhor. Sempre quero ganhar, sou competitivo, e não gosto de perder em nada. Sempre quero o melhor para o clube, para o vestiário e para mim.”
Por maior que seja seu empenho, o desafio de fazer este Barcelona competitivo em 2020/21 não será simples, visto o nível recente apresentado pela equipe. Messi vê um ano de incógnita pela frente. Com o novo treinador, as coisas poderiam muito bem mudar para melhor, mas isso resta ser visto.
“Tem um técnico novo, uma ideia nova. Isso é bom, mas precisamos ver como a equipe responde em campo e se vamos conseguir competir ou não. O que posso dizer é que ficarei e darei meu máximo.”