‘Sem a lesão eu não teria chegado ao fundo do poço’: atacante do Almería revela luta contra a depressão

Tema cada vez mais latente no esporte, a saúde mental está deixando de ser um tabu entre os jogadores de futebol. O atleta mais recente a admitir sua luta contra a depressão foi Luís Suárez (não esse que você está pensando), atacante do Almería, que contou sua jornada de recuperação após entrar em um quadro profundo da doença por conta de uma lesão que o tirou dos gramados.

– Acredito que sem a lesão eu não teria chegado ao fundo do poço – revelou Lucho em entrevista ao jornal Marca, da Espanha.

Em outubro, o atacante colombiano fraturou a fíbula, osso localizado próximo à canela, e o afastamento do futebol fez com que ele desenvolvesse um quadro de tristeza profunda. Meses depois, ele foi diagnosticado com depressão.

– Passei por uma depressão, da qual hoje estou saindo aos poucos com o trabalho, ajuda dos psicólogos e as das pessoas ao meu redor. Outro dia dei uma pequena dica em uma publicação (em rede social), mas é a primeira vez que falo isso em público. Sou muito grato aos gestores e à equipe médica porque se comportaram da melhor maneira para me compreender em muitas ocasiões em que não queria sair da cama, não queria ir trabalhar, não queria fazer muitas coisas e não tinha aquela capacidade que eu tinha antes – disse Lucho, como é conhecido pelos companheiros de equipe.

Final➡️ UD Almería 3-3 Granada CF
⚽️⚽️⚽️ Luis Suárez

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— UD Almería (@U_D_Almeria) October 1, 2023

Jornada de recuperação física e mental

Um ponto importante para a recuperação de Lucho foi o autoconhecimento, algo que ele só pôde adquirir através da terapia. Na conversa (muito franca) com o Marca, o atacante desabafou sobre a cobrança no esporte de alto rendimento, principalmente por esse ambiente não permitir falhas.

– Nos veem como super-heróis. As pessoas só pensam que somos jogadores de futebol, que ganhamos x dinheiro, temos os melhores campos e as melhores bolas e que, portanto, não podemos falhar. Aquelas pessoas que ficam um pouco incrédulas com os nossos sentimentos, sabem que somos gente, mas não se importam nem um pouco. Somos pessoas e temos dias bons, ruins e normais – contou.

– No meu trabalho como jogador de futebol estamos imersos numa época negativa, e isso nos afeta muito. Afeta o dia a dia, como nos sentimos em casa, se temos mais ou menos vontade de sair para passear, se temos vontade de sair para fazer planos… Tudo isso tem uma influência enorme. As pessoas pensam que somos campeões e que não vamos sentir nada e que não nos importamos em perder um jogo ou ser rebaixados e, obviamente, não é o caso, isso nos afeta muito, claro que afeta.

Almería em crise na La Liga

Neste domingo (21), às 12h15 (horário de Brasília) o Almería visita o Real Madrid no Santiago Bernabéu em uma situação caótica. Último colocado da tabela, com apenas seis pontos somados em 20 rodadas, o time alvirrubro precisa reagir se quiser impedir o rebaixamento. Agora, totalmente recuperado, Lucho voltará a vestir a camisa do seu clube com a responsabilidade de balançar as redes e ajudar a equipe a sair do fundo do poço.

– Estamos convencidos de que podemos. É verdade que jogamos contra um grande rival, um dos melhores do mundo ou o melhor para muita gente, mas é o futebol. Eles têm muita qualidade, são muito bons, mas somos pessoas e os pontos fortes podem ser igualados. Eles podem ter um dia ruim e podemos continuar na tendência ascendente do último jogo contra o Girona. É verdade que estão no seu campo, mas dentro das quatro linhas somos onze contra onze e esperamos fazer isso da melhor forma – ponderou.

– É muito cedo para falar sobre a próxima temporada quando ainda temos muito pela frente. Se vamos ser rebaixados ou não, mesmo que a situação seja complicada… Prefiro focar no agora, em retribuir dentro do campo tudo o que o clube fez por mim nesses três meses e meio de lesão.