Guia de La Liga 2020/21 – Valencia
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Por Daniel Souza e Guilherme Bianchini
Cidade: Valencia (Valencia)
Estádio: Mestalla (55.000)
Técnico: Javi Gracia (Espanha)
Posição em 2019/20: 9º (53 pontos)
Títulos: 6 (último: 2003/04)
Projeção: meio de tabela
Voltaram de empréstimo: Toni Lato (LE, Osasuna), Centelles (LE, Famalicão), Racic (MC/V, Famalicão), Carbonell (MC, Fortuna Sittard), Jason (MD, Getafe) e Álex Blanco (PE/PD, Zaragoza)
Principais saídas: Florenzi (LD, pertence à Roma), Garay (Z), Jaume Costa (LE, pertence ao Villarreal), Coquelin (V, Villarreal), Parejo (MC, Villarreal), Ferran Torres (PD/PE, Manchester City) e Rodrigo (A/PD, Leeds United)
Time-base (4-4-2): Cillessen (Jaume Domènech); Wass, Gabriel Paulista, Mangala (Guillamón) e Gayà; Carlos Soler, Kondogbia, Racic e Gonçalo Guedes; Manu Vallejo e Maxi Gómez.
Ano após ano, tornou-se comum dizer que o Valencia era uma bomba-relógio. E depois de vários avisos, a bomba explodiu com proporções catastróficas. Como se não bastasse demitir o técnico e o dirigente que deram ao clube um ciclo vitorioso, a temerária gestão de Peter Lim reduziu a pó um time com nível de Champions League. O futuro parece assustador para um clube que, neste século, nunca se contentou com pouco. Após anos em que a torcida tinha certeza da zona de tabela em que brigaria, a incógnita nunca foi tão grande.
Símbolos do valencianismo, Parejo e Rodrigo deram adeus ao clube pela porta dos fundos. Uma das maiores promessas do futebol espanhol, Ferran Torres precisou ser vendido ao Manchester City por apenas 23 milhões de euros, para que não saísse de graça ao fim de 2020/21. Outras peças importantes, Garay e Coquelin, também se despediram. Mesmo com cinco baixas importantes, o Valencia ainda não contratou absolutamente ninguém na atual janela de transferências, em uma medida extrema de austeridade financeira. Diante desse cenário, nem mesmo o recém-chegado Javi Gracia faz questão de esconder sua insatisfação.
O competente treinador, de bons trabalhos recentes em Málaga e Watford, chegou ao Mestalla com a tarefa de comandar a difícil temporada de transição dos che. A diretoria prometeu reforços, mas não cumpriu. “Antes de eu vir para cá, me disseram que eles chegariam. E até hoje não chegou ninguém. Nesta situação, o clube não pode nos exigir o que deveria, por nossa história e nosso potencial”, disparou o técnico às vésperas da estreia na Liga. Um discurso corajoso que escancara a ausência de um projeto da instituição, mas que pode tornar a passagem de Gracia pelo Valencia mais curta que o esperado.
A tempestade perfeita nos bastidores lembra a de um clube no caminho do rebaixamento, mas, mesmo com todas as más notícias, ainda restam bons jogadores, capazes de evitar o pior. Gabriel Paulista, Gayà, Carlos Soler, Gonçalo Guedes e Maxi Gómez formam uma espinha dorsal que garante um certo alívio à torcida. Além disso, o período de vacas magras abre espaço para os jovens mostrarem seu valor. O zagueiro Guillamón, os meias Racic e Lee Kang-in e o atacante Manu Vallejo são alguns dos que mostram potencial para adquirir protagonismo no novo ciclo.
Estivessem o mesmo treinador e os mesmos jogadores em qualquer outro clube, não haveria qualquer dúvida sobre uma boa campanha, sem maiores obstáculos ao longo da temporada. No Valencia de Peter Lim, porém, qualquer previsão soa como chute. Tudo pode mudar em um curto espaço de tempo, como ficou bem claro na última temporada. Javi Gracia precisará se proteger da diretoria e blindar seu elenco para assegurar um mínimo de dignidade a um dos maiores times da Espanha.