Carrasco vai para a Arábia Saudita, mas deixa boas lembranças no Atlético de Madrid

Yannick Carrasco tem apenas 30 anos, mas embarcou em diversas empreitadas ao longo de sua carreira. Seu auge aconteceu com a camisa do Atlético de Madrid, parte importante em sua primeira passagem e ainda mais na segunda. Entre uma estadia e outra no Metropolitano, o belga teve a chance de ganhar um bom dinheiro na China, ao vestir a camisa do Dalian Professional entre 2018 e 2019. Pois o bonde passou pela segunda vez a Carrasco e, de novo, ele não quis desperdiçar. Nesta segunda-feira, o ponta foi anunciado como novo reforço do Al-Shabab. Não estará num dos clubes sauditas patrocinados pelo fundo soberano do governo, mas defenderá um dos mais vitoriosos do país e também com chances de encher os bolsos.

A saída de Carrasco já era dada como certa desde a última semana. Diego Simeone falou com carinho sobre o jogador, diante de sua decisão de aproveitar o contrato oferecido na Arábia Saudita. É uma escolha plenamente compreensível do ponto de vista financeiro, e que deixará uma lacuna no Atlético de Madrid. Ainda assim, o belga merece ser lembrado como um dos melhores coadjuvantes dos colchoneros nos últimos anos. Brilhou em grandes campanhas e em conquistas de título. Foi um homem de confiança de Simeone, com boas doses de qualidade, mas também muita entrega e comprometimento. Certamente será lembrado pela torcida.

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— نادي الشباب السعودي (@AlShababSaudiFC) September 4, 2023

A passagem de Carrasco pelo Atleti

Carrasco começou sua carreira no Monaco, levado ainda nas categorias de base para o principado. O ponta chegou ao clube num momento de transição, que logo teria a reconstrução dos alvirrubros na Ligue 2 sob novos donos. O garoto seria fundamental já nesses passos. Deu sua contribuição no acesso e virou uma das revelações dos monegascos na volta à elite. Ficou três temporadas como um nome recorrente entre os titulares, até o Atlético de Madrid pagar €15 milhões por sua contratação em 2015/16. Seria o substituto do ídolo Arda Turan, vendido ao Barcelona naquela janela.

Podia não ser a contratação mais badalada, mas Carrasco entregou bastante em sua primeira passagem pelo Atlético de Madrid. O ponta contribuiu com gols frequentes e até marcou na decisão da Champions League em 2015/16. Podia funcionar em diferentes posições e era um nome importante dentro da rotação de Diego Simeone, mesmo sem necessariamente despontar como protagonista. Entretanto, a oferta da China se tornou tentadora demais em fevereiro de 2018. O Atleti recebeu €30 milhões para vender o belga, que também ganharia um salário mais recheado.

O Eldorado de Carrasco na China durou apenas duas temporadas. O ponta não chegou a ser campeão, mas descobriu sua veia artilheira no Dalian Professional. Entretanto, resolveu voltar ao Atlético de Madrid no início de 2020, primeiro emprestado, antes da recompra por €27 milhões. Havia dúvidas sobre o verdadeiro nível de Carrasco depois de dois anos num campeonato inferior, mesmo que anotasse muitos gols. Apesar disso, a segunda passagem pelo Atleti se tornou até melhor que a primeira. Carrasco se mostrou um jogador mais equilibrado, mais completo e mais decisivo. Seu papel na reta final da conquista de La Liga 2020/21 foi excepcional, com quatro gols e seis assistências nas últimas nove rodadas. Além disso, virou um trunfo de Simeone inclusive como ala esquerdo, no novo desenho do time.

Esta segunda passagem de Carrasco pelo Metropolitano é aquela que o garante mesmo na memória. Foi um dos melhores jogadores de um título de La Liga. E seguia importante no elenco em 2022/23, com grandes atuações especialmente na recuperação do Atlético na segunda metade da temporada passada. Entretanto, o dinheiro oferecido pelo Al-Shabab falou mais alto. Aos 30 anos, o belga resolveu engordar um pouco mais sua conta bancária. Ao menos, segue com idade para ainda voltar e oferecer algo a mais para os colchoneros. Enquanto Simeone permanecer no clube, as portas parecem abertas ao veterano.

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Como fica o Atlético sem Carrasco

O Al-Shabab gastou €34,3 milhões em seus reforços para a temporada. A equipe também contratou Habib Diallo, destaque do Strasbourg na Ligue 1, e aproveitou os espólios do Al-Hilal ao trazer Gustavo Cuéllar, sem espaço com os novos astros dos alviazuis. A lista de estrangeiros do Shabab ainda conta com Éver Banega na armação, além de dois brasileiros, o atacante Carlos e o zagueiro Iago Santos. Potência do Campeonato Saudita nos anos 1990, o Shabab acabou ignorado entre os clubes que receberam investimentos do fundo soberano do governo. Entretanto, é uma agremiação fundamental para o país, especialmente por ter revelado Saeed Al-Owairan e alguns destaques da seleção nas primeiras Copas que os alviverdes disputaram. Por enquanto, os alvinegros brigam contra o rebaixamento, com só dois pontos conquistados na liga em 2023/24.

Já o Atlético de Madrid precisará se virar na temporada sem Carrasco. O clube contratou Javi Galán do Celta e ele deve assumir a posição na ala esquerda. Reinildo Mandava, em fase final de recuperação após grave lesão ligamentar, é mais uma alternativa. O mercado de transferências não reservou grandes perdas para os colchoneros, com a manutenção da base titular e acréscimos pontuais. Carrasco é exatamente quem fará mais falta, embora sua decisão pareça bem compreendida no Metropolitano. Ninguém nega sua dedicação ao clube.