Ancelotti: “Tudo o que acontece, aconteceu e está acontecendo não é culpa de Vinícius”
Carlo Ancelotti saiu em defesa de Vinícius Júnior, enquanto La Liga e Mallorca prometem investigar insultos racistas das arquibancadas

As perseguições sistemáticas a Vinícius Júnior se repetem no Campeonato Espanhol. Neste domingo, ficou claro o plano do Mallorca em desestabilizar o ponta do Real Madrid, durante a vitória por 1 a 0 dos anfitriões em Son Moix. Pablo Maffeo fez gestos de “chorão” diante do brasileiro, enquanto Antoino Raillo tentou forçar que o adversário beijasse o escudo de sua camisa. Além disso, foram dez faltas cometidas sobre o atacante, entre elas o pênalti que desperdiçou Marco Asensio. E aconteceram insultos, provocações e manifestações racistas dos torcedores. Vinícius foi atacado até quando assinava autógrafos na saída do estádio.
Nesta segunda-feira, La Liga emitiu um comunicado em que promete investigar os insultos racistas contra Vinícius Júnior. A “novidade” é que a entidade criou um e-mail para receber denúncias – como se isso bastasse. A inação da liga e das autoridades públicas da Espanha também é responsável pela escalada do racismo contra Vinícius. Já o Mallorca publicou uma nota em que condena o racismo e os insultos. O clube se compromete em trabalhar em conjunto com La Liga para identificar os responsáveis e tomar medidas legais. No entanto, disse também ser “um caso isolado” e que o comportamento da torcida no geral foi “exemplar”. Gritos chamando-o de “macaco” foram repetidos em diferentes momentos por grupos de torcedores.
O técnico Carlo Ancelotti defendeu Vinícius depois da partida. Enfatizou como tudo o que ocorre não é culpa do jogador, mas de quem alimenta o ambiente e principalmente de quem o ataca. Na saída de campo, o treinador chegou a escoltar o brasileiro até os vestiários para protegê-lo e evitar novos desgastes. Um tipo de postura que também deveria ter sido realizada pelos companheiros em campo.
“Tudo o que acontece, aconteceu e está acontecendo não é culpa de Vinícius. A única coisa que ele quer é jogar futebol. Há um ambiente que provoca, adversários que provocam e fazem falta, isso é o que acontece. Acho que é necessário mudar o foco, porque nem tudo é culpa de Vinícius, é preciso ver o que se passou com ele nesse jogo”, analisou Ancelotti.
Vale lembrar que Raillo, em setembro, declarou que Vinícius Júnior “se aproveitava” do racismo como uma “carta na manga”. Quando ocorreram os casos racistas ao redor do clássico contra o Atlético de Madrid, o jogador do Mallorca pediu para que o atacante “não faltasse com o respeito e não menosprezasse os companheiros de profissão”. Já nesta semana, o capitão dos bermellones afirmou que “não vê Vinícius como um exemplo para seus filhos”. Já durante um treino antes da partida, Vinícius foi filmado dizendo a David Alaba que “falaria duas coisinhas a este Raillo”.
Ancelotti, porém, não quis polemizar em relação ao excesso de faltas na partida, com 29 infrações do Mallorca, 10 delas sobre Vinícius: “A quantidade de faltas tenho que estudar um pouco, porque há um árbitro que elege quando é falta e quando não é. Acredito que hoje ele se esqueceu das faltas constantes. Não foram faltas muito feias, mas o cartão amarelo é mostrado quando há faltas contínuas. No primeiro tempo Vinícius e Ceballos tomaram cartão, enquanto o Mallorca não teve nenhum”.
Sobre outros assuntos, Ancelotti também vê a possibilidade de conquistar La Liga cada vez mais distante. O italiano sabe como os pontos perdidos em Son Moix custam caro na disputa com o Barcelona, especialmente pela sequência positiva dos rivais.
“É uma derrota que dói muito pensando em La Liga. Foi a partida que esperávamos. Nós tínhamos nos preparado para isso, para um jogo duro, com faltas, com interrupções. O jogo se decidiu nos pequenos detalhes, porque não foi uma partida ruim, sobretudo no segundo tempo. O gol que tomamos nos afetou muito, porque foi uma das poucas vezes em que entraram na nossa área. O pênalti também afetou o resultado. A partida não foi ruim como ideia, mas foi um jogo diferente pelas interrupções. Não tivemos cabeça fria no primeiro tempo, melhoramos no segundo”, analisou.
Por fim, o comandante merengue falou sobre o foco no Mundial de Clubes, com o duelo diante do Al Ahly na próxima quarta-feira: “Agora temos que pensar no Mundial. Chegaremos com dificuldades, mas também com entusiasmo. O mais importante é que precisamos jogar cada partida e agora queremos ganhar o Mundial. Depois voltaremos a lutar por La Liga até o final. Não terminou ainda, faltam muitas partidas. Tudo pode acontecer”.