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A despedida de Joaquín foi ainda mais especial pelos 622 jogos que o fizeram igualar o recorde histórico de La Liga

Joaquín chegou a 622 partidas pelo Campeonato Espanhol e, justo em sua despedida, igualou o recorde de Andoni Zubizarreta

Joaquín poderia se despedir do futebol no alto do pódio, com o troféu da Copa do Rei nas mãos, durante a temporada passada. Seria uma imagem eterna ao maior jogador da história do Betis, ao servir de elo aos dois títulos nacionais do clube neste século. O atacante, entretanto, tinha mais a contribuir com os verdiblancos. Flertou com a vaga na Champions League, disputou a Liga Europa. O adeus do veterano, ainda assim, se dá com outra marca que expressa sua grandeza na história do futebol espanhol: Joaquín chegou a 622 partidas por La Liga. Igualou Andoni Zubizarreta como o jogador que mais vezes disputou a competição. E, claro, recebeu arrepiantes homenagens da torcida betica no Estádio Benito Villamarín.

Quando renovou seu contrato com o Betis pela última vez, algo indicado logo após a conquista da Copa do Rei 2021/22, Joaquín não escondia que o recorde de Zubizarreta estava entre suas motivações. O veterano poderia fazer parte de um bom projeto sob as ordens de Manuel Pellegrini, disputar uma competição continental e ainda visar um número histórico em La Liga. Com 600 jogos cravados na conta, porém, o atacante enfrentaria seus desafios para conseguir igualar a marca em 2022/23. Os 41 anos pesaram mais sobre as pernas do ponta.

Joaquín levou um tempo para ficar em forma na primeira metade da temporada e também lidou com percalços do Betis. Diante das dificuldades financeiras do clube para inscrever jogadores, o capitão ofereceu até mesmo uma aposentadoria precoce para que novas contratações chegassem, o que foi descartado pelos verdiblancos. Todavia, quando o atacante recuperou seu ritmo competitivo, Manuel Pellegrini preferiu escalá-lo mais vezes na fase de grupos da Liga Europa do que em La Liga. Fez grandes partidas no torneio continental, em especial contra a Roma, mas só entrou em campo cinco vezes nos primeiros 14 compromissos pelo Espanhol.

Joaquín voltou a ser utilizado mais vezes no primeiro semestre de 2023. As eliminações do Betis na Liga Europa e na Copa do Rei faziam La Liga se tornar prioridade novamente, mesmo que os verdiblancos perdessem fôlego na disputa pelo G-4. Joaquín passou a ser um nome constante no segundo tempo das partidas, mas a margem de erro para o recorde se tornou mais apertada. E, no fim de abril, houve o temor genuíno de que não pudesse alcançá-lo. O atacante saiu lesionado contra o Barcelona, justo num duelo em que foi ovacionado no Camp Nou.

Por sorte, a contusão de Joaquín não era tão grave quanto se pensava. Porém, depois de se ausentar no jogo contra o Athletic Bilbao, precisaria entrar em campo nas últimas cinco rodadas para igualar Zubizarreta. Em sua volta contra o Rayo Vallecano, mesmo entrando aos 44 do segundo tempo, conseguiu dar uma assistência e mostrar que estava bem. Depois disso, não se ausentou mais. Isso até encarar o Valencia neste domingo, num jogo especialíssimo no Benito Villamarín. Era chegada a hora de dizer adeus.

Joaquín foi titular do Betis na rodada final do Campeonato Espanhol. Ofereceu seus dribles e seu toque de mágica, até ser substituído no início do segundo tempo. Saiu cumprimentado pelos companheiros e ovacionado pelos torcedores no Benito Villamarín, sem esconder as lágrimas. Se antes que a bola rolasse os verdiblancos já tinham exibido um bandeirão para honrar sua lenda, depois do jogo ele voltou para novas homenagens do clube e de sua família. Um justo reconhecimento a quem tanto representou.

(Icon Sport)

Das 622 partidas de Joaquín por La Liga, a grande maioria aconteceu com a camisa do Betis. O atacante disputou 407 jogos pelo clube, divididos em duas passagens. Também teve 158 aparições pelo Valencia e outras 57 pelo Málaga. Não fossem as duas temporadas em que defendeu a Fiorentina, o recorde absoluto do Campeonato Espanhol poderia ser seu. Joaquín ainda totalizou 78 gols e 68 assistências pela liga.

Ao todo, 12 atletas passaram dos 500 jogos pela primeira divisão do Campeonato Espanhol, incluindo nomes como Raúl, Eusebio Sacristán, Paco Buyo, Manolo Sanchís, Lionel Messi, Iker Casillas, Sergio Ramos, Xavi e Miquel Soler. Com a aposentadoria de Joaquín, o único ainda ativo na lista é Raúl García, do Athletic Bilbao. É o terceiro colocado e, com 589 aparições, o jogador de 36 anos ainda pode almejar o recorde.

Joaquín também se aposenta como jogador que mais vezes defendeu o Betis em sua história, com 528 partidas pelo clube. É uma diferença considerável sobre as 460 aparições de José Ramón Esnaola, segundo na lista. O ponta ainda é o oitavo entre os maiores artilheiros verdiblancos, com seus 68 gols. Marcou época pela maneira como conquistou títulos importantes e como liderou grandes equipes. Acima disso, pela forma como encarnou o espírito da agremiação e se fez um torcedor apaixonado dentro de campo. Ainda mais por seu carisma, Joaquín sempre será amado no Villamarín.

Já o recorde de La Liga deixa como marca o reconhecimento pela grande carreira que Joaquín construiu. Foi um jogador de Copa do Mundo e participou de fases marcantes em todas as equipes que defendeu. Todavia, é a figura do longevo símbolo do Betis que prevalece e essa que recebe todas as homenagens possíveis no adeus. Felizmente, o camisa 17 conseguiu cumprir seu objetivo final.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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