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João Félix: “Eu queria mudar de ares faz tempo porque foi difícil me acostumar à forma de jogar”

O garoto de 23 anos elogiou Simeone como um bom treinador e não foi muito contundente ao ser questionado sobre seu futuro

João Félix confirmou, em uma entrevista ao jornal AS, que pediu para ser negociado pelo Atlético de Madrid porque estava com dificuldade de se adaptar ao estilo de jogo de Diego Simeone, que ele classificou como “saber sofrer e marcar quando tiver a oportunidade”. Embora tenha elogiado o seu antigo comandante, deu algumas indicações de que, se puder, tentará uma transferência em definitivo ao fim da temporada.

Félix foi uma contratação de mais de € 100 milhões do Atlético de Madrid para substituir Antoine Griezmann, que havia sido negociado com o Barcelona, na época em que era uma das grandes revelações da Europa. Em três anos e meio, não progrediu como se imaginava, prejudicado por lesões e por uma ideia de jogo que não necessariamente favorece as suas maiores qualidades. Depois da Copa do Mundo, foi emprestado ao Chelsea.

“Eu queria mudar de ares faz tempo porque foi difícil me acostumar à forma de jogar. Saí porque estava com a cabeça inchada de tanto tentar e não conseguir. Tinha que ser neste mercado e acredito que foi bom para o Atlético e também para mim”, afirmou o garoto de 23 anos. “Todos conhecem Simeone, sabem o que ele conquistou. É um treinador muito bom. Tem sua forma de entender e ver o futebol que outros não têm. Isso é bom para uns e mal para outros. Depende de cada um. Mas tem sua virtude e isso o faz um bom treinador”.

Questionado se gostaria de ter recebido mais confiança de Simeone, respondeu: “A confiança também tem que partir do jogador. De início, não (tive), mas no terceiro ano, eu já tinha a confiança no máximo. E depois, é normal que o treinador tenha mais confiança em uns que em outros. Ele me fez um jogador melhor. Da hora que cheguei ao Atlético até agora, sou melhor jogador. E isso é graça a todos: Cholo, o técnico de Portugal, Fernando Santos, meus companheiros de Portugal e de Atlético, as partidas que joguei e não joguei”.

João Félix destacou um aspecto em especial do seu jogo que melhorou com Simeone. “Eu sempre competi, sempre quis ganhar. O que aprendi é a competir de uma outra maneira à que estava acostumado. Sempre quis ganhar mais que todos, mas aprendi a competir de outra forma. Basicamente, sofrer em campo, estar sofrendo e ter uma chance e marcá-la. É a maneira de competir dele. Não é ruim, mas é diferente dos outros treinadores”, explicou.

Félix disse houve outros fatores que também o afetaram, mas que as lesões lhe tiraram a confiança, ritmo e nível de jogo. Citou especificamente um problema no pé que sofreu em dezembro de 2020 contra o Bayern de Munique que o fez jogar toda a temporada com dores, porque não queria deixar o time na mão na temporada em que o Atlético de Madrid foi campeão espanhol.

“Afetou meu jogo porque eu não estava cômodo jogando. Apesar disso, sempre tentei ajudar o time. Sabia que era um ano importante. Estávamos fazendo um campeonato muito bom e tínhamos tudo para ganhá-lo, então tentei sempre ajudar o time até o fim. Depois de acabar a temporada, eu me operei e a dor se foi. Desde novembro ou dezembro. Eu me machuquei contra o Bayern, em casa. Não sabia a lesão que eu tinha, mas tinha dor. Fiz teste, mas não sabia que tinha um osso fraturado. Descobri no final da temporada, quando fui ver um médico famoso. Era a mesma sensação de ter uma pedra no sapato, mas, no meu caso, dentro do pé”, contou.

No Chelsea, encontrou uma “cidade boa, um centro de treinamento muito bom também, um grande clube, como todos sabemos, com estruturas muito, muito boas”, mas teve um começo… curioso. Estava jogando bem em sua estreia contra o Fulham, mas foi expulso aos 13 minutos do segundo tempo e passou as últimas três rodadas da Premier League suspenso.

“Eu estava fazendo um jogo muito bom, mas é o futebol. Essas coisas acontecem. É como perder um gol ou um pênalti. Me deram o vermelho, mas essas coisas acontecem no futebol. Temos que saber lidar com isso. Temos que estar acostumados com essas coisas. Claro que por ser o dia da estreia um cartão vermelho é sempre mais impactante, mas eu estava tranquilo porque estava fazendo bem as coisas e confio na minha capacidade”, afirmou.

Agora, ele terá alguns meses pela frente sob o comando de Graham Potter antes de definir o seu futuro. Ele deixou tudo em aberto, citando que seu empréstimo não tem opção de compra e que ninguém sabe como será o futuro. Mas deixou claro que não se arrepende de ter assinado com o Atlético de Madrid porque, para o bem ou para o mal, as experiências que viveu foram um aprendizado.

“Não há opção de compra. Teria que chegar a um acordo com o Atlético. Estou aqui apenas há algumas semanas, um mês. Estou conhecendo tudo. Estou gostando muito, mas ninguém sabe do futuro. Não me arrependo. O Atlético teve muito interesse e foi o que me fiz assinar com eles. Gostei muito dos três anos e meio que estive ali. Tive momentos bons, outros menos bons. Não sabemos se essa etapa já terminou. Apenas saberemos no verão, mas não me arrependo de ter assinado pelo Atleti”, encerrou.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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