Espanha

Griezmann deu adeus ao Atlético, em busca de uma nova maneira de viver o futebol

Depois de cinco anos defendendo as cores do Atlético de Madrid, Antoine Griezmann está de saída. O francês anunciou nesta terça-feira (14) a sua decisão de deixar a equipe ao fim da temporada, o que faz de seu jogo contra o Levante, no sábado, seu último pelo clube. Apesar da cláusula de € 200 milhões, uma outra parte de seu contrato estipulava que em 1º de julho de 2019 este valor cairia para € 120 milhões – já uma indicação que, mesmo ao renovar, Griezmann sabia que podia não resistir por tanto tempo à vontade de buscar novos ares.

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Tudo indicava que Antoine Griezmann deixaria o Atlético de Madrid no começo da temporada anterior. As especulações de uma ida para o Manchester United se aqueciam, e, à época, o jogador já dava mostras de que queria dar um salto em sua carreira. Diante da punição recebida pelo Atlético de Madrid, ele ficou, já que o clube não poderia repor sua saída.

Mais tarde, a tentação foi pelo Barcelona, que batia à sua porta. Amante da NBA e inspirado nos astros da liga, o francês armou um espetáculo antes da Copa do Mundo de 2018, anunciando sua decisão de ficar no Atleti no documentário La Decisión, feito pela produtora de Gerard Piqué, o que causou certo mal-estar na Catalunha.

Os colchoneros haviam o convencido a partir de alguns pontos principais: a manutenção do elenco, o reforço da equipe, com a contratação do colega de seleção francesas Thomas Lemar, que havia se destacado pelo Monaco, por exemplo, além, é claro, de um aumento substancial – que, embora não cobrisse a proposta do Barcelona, era grande o suficiente para dar mais força a todos os outros argumentos do Atleti.

O fato de o projeto apresentado a Griezmann na última janela de verão girar em torno do jogador foi primordial, nas palavras do próprio jogador. E faz sentido. No Barcelona, àquela altura, Griezmann chegaria sem o destaque enorme que se esperava de sua transferência. Estaria indo para uma equipe que se reforçara com Philippe Coutinho meses antes e que tinha ainda um Dembélé desabrochando. Um ano depois, o brasileiro teve uma temporada decepcionante, o francês mostrou inconsistência, e Griezmann mais uma vez surge como possível grande contratação.

Cinco anos passados desde sua chegada da Real Sociedad, o jogador do Atleti entende que seu ciclo chegou ao fim. Quando foi contratado, em 2014, os colchoneros vinham de uma final de Champions League contra o Real Madrid. Em suas três primeiras temporadas na capital, alcançou quartas de final, final e semifinal, respectivamente, mas nas duas últimas o mais longe a que o Atlético de Madrid chegou foram as oitavas, eliminados pela Juventus de Cristiano Ronaldo.

Se em termos de seleção ele já atingiu o auge com o título da Copa do Mundo, ainda há o que se fazer por clubes, e é compreensível que Griezmann tenha chegado à conclusão que as grandes chances de o Atlético de Madrid conquistar a Liga dos Campeões ficaram para trás, sem ter certeza se o clube atingirá aquele patamar em um futuro próximo.

A mudança de ares representa também uma possibilidade do camisa 7 experimentar um tipo diferente de futebol mais constantemente, o que é interessante esportivamente falando. Ao longo dos anos, o jogador se adaptou completamente ao estilo de Diego Simeone, mas alguém com sua criatividade deve sentir alguma falta de ter maior liberdade lá na frente, atuar em um time que cria mais chances e tem mais fluidez no ataque, ainda que tenha aprendido com o tempo a apreciar o futebol pragmático e cauteloso.

“No começo é difícil, porque você não está acostumado, prefere ficar lá na frente e esperar a bola. Mas aqui não pode. Todos têm que trabalhar, ajudar os companheiros defensivamente, recuperar bolas e dar a saída depressa. No fim você acaba gostando”, disse Griezmann em entrevista em fevereiro.

Embora deva lamentar bastante a saída de seu principal jogador e líder técnico, ao Atlético de Madrid cabe pensar no que se pode fazer daqui para a frente, e a partida de Griezmann abre oportunidade interessante para um novo momento. Abre-se um importante espaço na folha salarial, com maior margem econômica para Diego Simeone fazer as mudanças que enxerga necessárias para seu elenco.

Quanto a Griezmann, será interessante ver onde será seu próximo capítulo. Tudo indica que a Catalunha é o destino, com especulações dando conta há tempos que o interesse do Barcelona no jogador está forte como nunca. Lá, mais livre para o jogo ofensivo que não pôde desempenhar exatamente como queria no Atleti, talvez encontre uma nova maneira de viver o futebol.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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