Barcelona e Real Madrid vivem uma nova fase de sua rivalidade. O clássico deste sábado no Camp Nou não tinha com Guardiola, Tito Vilanova ou outro técnico adepto declarado do tiki-taka. Da mesma forma como José Mourinho não estava lá para causar polêmica. O primeiro dérbi de 2013/14 contou com um embate tático entre Tata Martino e Carlo Ancelotti. O duelo de Neymar e Gareth Bale após movimentarem o mercado de transferências. O reencontro de Messi e Cristiano Ronaldo. Uma nova etapa que serviu para revigorar os blaugranas.
Não foi uma partida espetacular do Barcelona. Porém, precisa, na conquista da vitória por 2 a 1. Os acertos dos catalães começaram desde a escalação, quando Tata Martino resolveu alinhar Neymar e Messi nas pontas, com Cesc Fàbregas de ‘falso 9’. O argentino quebrou o sistema de Ancelotti, que começou apostando em Sergio Ramos como volante, justamente para conter o camisa 10 adversário. Acabou tomando um baile de Andrés Iniesta, que assumiu o protagonismo na noite – e vem destoando mesmo em um time estrelado como o do Barça.
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O meio-campista ditou o ritmo da partida com a maestria que poucos são capazes de demonstrar. Um tratamento especial para a bola, tanto em dribles para tirar a marcação quanto em passes cirúrgicos. De seus pés, nasceram as duas grandes chances do Barcelona no primeiro tempo, uma delas aproveitada por Neymar para abrir o placar. Arriscando e criando também na volta do intervalo, Iniesta foi o melhor em campo durante os 90 minutos, mesmo tendo passado os últimos 15 no banco de reservas.
Ao seu lado, Neymar foi outro que brilhou. O camisa 11 não sentiu nem um pouco o peso de disputar o seu primeiro clássico. Não foi tão participativo durante a partida, mas chamou a responsabilidade quando teve chance. Marcou o primeiro gol, deu trabalho demais para o lado direito da defesa do Real Madrid e ainda chegou a sua sétima assistência pelos blaugranas, servindo a pintura de Alexis Sánchez (veja o vídeo). No final, saiu ovacionado pela torcida no Camp Nou, substituído por Pedro.
Do outro lado, o Real Madrid foi maçante. Fez um primeiro tempo muito abaixo das expectativas, com somente uma chance de gol. Na segunda etapa, a situação até melhorou, mas só depois que Karim Benzema entrou no lugar de Gareth Bale, nulo em campo. O francês acertou uma bola na trave e, quando os merengues eram melhores, viram o segundo gol do Barcelona. Pena pesada demais para qualquer reação, ainda que Jesé Rodríguez tenha marcado o gol de honra nos acréscimos.
Com a vitória, o Tata Martino igualou o melhor início da história de um técnico do Barcelona, com 15 partidas de invencibilidade – algo que só havia sido registrado por Richard Dombi, em 1926. Mais importante do que qualquer marca, no entanto, é o peso do resultado. Contra adversários mais qualificados, os blaugranas só tinham acumulado empates na temporada, ante Milan e Atlético de Madrid. O triunfo no Camp Nou aconteceu com um Barcelona superior, ainda que o Real Madrid tenha ajudado nisso ao demorar para se encontrar. E, principalmente, com méritos totais de Martino, na escalação inicial e nas alterações.
Garantido na liderança de La Liga por ao menos mais uma semana, o Barcelona já abre seis pontos sobre o Real Madrid. Uma diferença pequena de início, mas que sempre pesa quando se considera a supremacia da dupla – e, agora também, do Atlético de Madrid – na Espanha. Um resultado que reitera a confiança e que ajuda a referendar trabalho dos catalães na tentativa de retomar o espaço perdido nos últimos meses, especialmente depois da vexatória eliminação para o Bayern Munique na Liga dos Campeões.
Formações iniciais
Destaque do jogo
O lado esquerdo do ataque do Barcelona. Foi por ali que nasceram as melhores jogadas da equipe, com Andrés Iniesta e Neymar formando uma parceria poderosa. Das 12 finalizações da equipe na partida, oito contaram com a participação do brasileiro ou do espanhol, seja dando o passe ou arriscando o chute. O primeiro gol nasceu desse entrosamento, enquanto o camisa 11 serviu Alexis Sánchez no segundo.
Momento chave
A escalação de Gareth Bale como referência no ataque do Real Madrid. Carlo Ancelotti errou feio ao colocar o galês como ‘falso 9’. Anulado pela defesa, o camisa 11 só deu dois chutes em 60 minutos em campo, totalmente sem direção. Foi substituído por Karim Benzema no início do segundo tempo e o francês provou o equívoco do treinador. Com dez minutos em campo, o centroavante criou a melhor oportunidade do Real, em um chutaço de fora da área que explodiu no travessão e por milímetros não garantiu o empate. Fez falta, já que cinco minutos depois o Barcelona ampliou.
Os gols
19’/1T – GOL DO BARCELONA! Iniesta faz grande jogada na intermediária, puxando a marcação e enfia a bola para Neymar na ponta esquerda. O brasileiro limpa Carvajal do lance e chuta cruzado. A bola mascada morre no canto, sem chances para Diego López.
33’/2T – GOL DO BARCELONA! Em contra-ataque, os blaugranas pegam a defesa do Real Madrid desarrumada. Neymar lança Alexis Sánchez, que percebe Diego López adiantado e arrisca por cobertura. Um golaço do chileno.
46’/2T – GOL DO REAL MADRID! Contragolpe puxado por Cristiano Ronaldo. O português pega a defesa do Barcelona escancarada e deixa Jesé na cara do gol. O prodígio toca a bola por baixo de Valdés, que falhou no lance.
Curiosidade
São 14 clássicos consecutivos em que tanto Barcelona quanto Real Madrid balançam as redes ao menos uma vez. É a maior sequência da história entre os times. (via @2010MisterChip)