Thomas Müller e a lenda do artilheiro alemão que se transforma na Copa do Mundo
Fenômenos sobrenaturais parecem reger a Alemanha durante a Copa do Mundo. A camisa do Nationalelf se torna em uma entidade. Basta vesti-la nos Mundiais para se transformar, virar atacante insaciável com o manto germânico. Algo extraordinário, que sempre leva a seleção às fases mais agudas do torneio. E que já elevou a patamares muito maiores jogadores lendários, como Gerd Müller, Seeler, Klinsmann, Rahn, Rummenigge. Klose tinha sido o último possuído por essa magia. Mas, desde a última Copa, o escolhido é mesmo Thomas Müller.
O atacante vem de temporadas muito boas pelo Bayern de Munique. Sempre como um dos protagonistas da equipe, por mais que às vezes seja ofuscado por Ribéry, Robben e tantos outros talentos com os quais divide o campo. A Copa do Mundo, no entanto, parece ter uma aura diferente para o jovem atacante. Em 2010, já tinha feito uma campanha espetacular na África do Sul. Marcou cinco gols em seis jogos. Ficou de fora justamente da queda alemã, para a Espanha, nas semifinais. Acabou eleito a maior revelação daquela edição. Uma prévia do que faria em 2014, ao menos em sua estreia.
Uma partida bastou para Thomas Müller chegar oito gols na história das Copas. Superou Podolski, Beckenbauer, Matthäus. Igualou Völler. Aproximou-se de Seeler e Rummenigge. Não foi uma atuação tão espantosa assim do camisa 13. De qualquer maneira, seu oportunismo e sua eficiência foram marcantes para os números. Balançou as redes em três dos quatro chutes a gol que deu. Não foi individualista e também criou espaços para os companheiros. Cobrou um bom pênalti no primeiro gol, batalhou pela bola no segundo e estava muito bem posicionado no terceiro. Garantiu uma excelente vitória para o Nationalelf, que reforça o favoritismo da equipe, que esteve em xeque nos últimos tempos.
Sobretudo, mostrou-se uma escolha certeira de Joachim Löw para comandar o ataque. Por mais que Klose seja uma lenda, não vem em sua melhor forma física. Müller não é um centroavante típico, o que o torna uma opção ainda mais interessante à Alemanha. Movimenta-se bem e sabe servir os outros homens de frente. Mas também possui muito faro de gol, posicionamento, qualidade na finalização, eficiência no jogo aéreo. Quem duvidava dessas qualidades mudou de ideia depois da goleada sobre Portugal. Pode render mais aos germânicos nos próximos jogos.
Thomas Müller já despontava como estrela da campanha da Alemanha. Confirmou seu posto e o enfatizou ainda mais depois dessa estreia. A goleada do Nationalelf foi bastante ajudada pelas circunstâncias, é claro, mas também teve os méritos do talentoso time alemão. Em especial, de seu artilheiro. Um voto de confiança em busca do tetra. Ou no caso de Müller, em busca de Klinsmann, Rahn, Gerd Müller. Quem sabe, até de Ronaldo, como o maior artilheiro da história das Copas. O camisa 13 já passou da metade do caminho e tem apenas 24 anos. Conta com talento para caminhar ainda mais longe, além da aura da camisa alemã, que também o transforma em um fenômeno.