Sem Danilo, Tite tem uma decisão a tomar entre duas reposições com características diferentes
Quem será o substituto do lateral direito, fora da fase de grupos? O construtor Daniel Alves ou o defensor Éder Militão?
A convocação da seleção brasileira para a Copa do Mundo gerou pouca polêmica. A maioria da discussão foi em torno do lateral direito reserva, e quando faz diferença quem é o lateral direito reserva? Bom… fará bastante diferença agora. Danilo está fora do restante da fase de grupos, após sofrer uma lesão ligamentar no tornozelo esquerdo na vitória por 2 a 0 sobre a Sérvia na última quinta-feira. Neymar também será desfalque nas partidas contra Suíça, na próxima segunda-feira, e Camarões, na sexta-feira da semana que vem.
É um problema sério. Danilo fez um bom jogo contra a Sérvia. Teve algumas chegadas à frente, mas foi importante principalmente na fase defensiva, dando equilíbrio para que o Brasil possa jogar de maneira mais leve do meio para a frente, com Lucas Paquetá ao lado de Casemiro, um ponta em cada lado e Neymar livre para se movimentar e criar. Sem ele, Tite terá que tomar uma decisão entre dois jogadores que oferecem características diferentes.
O outro lateral direito de ofício do Brasil é Daniel Alves. Um dos jogadores mais vitoriosos de todos os tempos, mas com 39 anos e sem atuar em alto nível faz tempo. Desde que deixou o São Paulo, passou seis meses de volta ao Barcelona e defendeu o Pumas nos últimos meses. Teve problemas no México. Ele foi convocado por Tite porque, mesmo nessa reta final de carreira, foi importante ao título da Copa América de 2019 e na conquista da medalha de ouro em Tóquio, dois anos depois, além de ser um líder nos vestiários.
E para ser uma opção tática. Daniel Alves é um lateral direito ofensivo que costuma sair do lado e entrar pelo meio para ajudar na criação. O famoso lateral construtor, provavelmente o único brasileiro que sabe exercer essa função com tanta qualidade porque é também um dos que melhor o fez em toda a história. Era uma máquina de assistências para Lionel Messi e companhia em seu auge pelo Barcelona de Pep Guardiola.
O futebol, porém, é um jogo de compensações. Daniel Alves representa um estilo de jogo diferente ao que foi visto contra a Sérvia. Por melhor que seja Casemiro, ele não é o Senhor Fantástico e há um limite ao quanto consegue se esticar para cobrir diferentes regiões do gramado ao mesmo tempo. Provavelmente não daria para jogar com Paquetá na linha de volantes, e Fred retornaria ao time titular. Mas há uma outra opção.
Tite testou o zagueiro Éder Militão como lateral direito em amistoso contra Gana, em setembro. Naquela ocasião, o Brasil também jogou com Paquetá no meio-campo ao lado de Casemiro. Militão é ainda mais defensor do que Danilo. Permitiria a manutenção da formação mais ofensiva que enfrentou a Sérvia, sem a mesma qualidade na chegada ao ataque quando houvesse oportunidade, o que talvez não faça tanta falta.
Um ponto importante é que Danilo e Neymar serão desfalques ao mesmo tempo. Quem substituirá o camisa 10 também é uma questão importante, e uma decisão pode influenciar a outra. Se ele já tinha a ideia, por exemplo, de entrar com Fred e avançar Paquetá, talvez Daniel Alves passe à frente. Se ele preferir manter a estrutura do primeiro jogo e entrar com Rodrygo, ou optar por outro jogador ofensivo, é mais provável que jogue Militão. Tite nem precisa tomar uma decisão definitiva e pode buscar opções diferentes de acordo com o adversário.
De qualquer forma, fica a lição: o lateral direito reserva pode ser importante, sim. O que, aliás, a gente sabe desde a Copa do Mundo de 2018.