Copa do Mundo

Se faltou apetite à Espanha, o mesmo não pode ser dito sobre David Villa

A despedida da Espanha deste Copa do Mundo era também a despedida de vários jogadores da seleção. Dentre eles, no entanto, nenhum teve um jogo final tão marcante quanto David Villa. O maior goleador da história da Roja em Mundiais deu adeus à seleção espanhola se entregando ao time, fazendo um golaço e chorando ao perceber que tudo havia acabado. Tudo o que faltou a grande parte do time.

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Depois de sofrer problemas físicos durante sua passagem no Barcelona, David Villa foi para o Atlético de Madrid no início da temporada passada já com status de jogador que entra na reta final de sua carreira. Mesmo não sendo titular absoluto dos colchoneros nas campanhas do título de La Liga e do vice-campeonato da Liga dos Campeões, o atacante foi incluído no elenco de Vicente Del Bosque para a Copa do Mundo deste ano. A concorrência era forte, mas a experiência e competência do atleta em Mundiais foram levadas em conta pelo treinador.

Ninguém esperava que Villa fosse titular na competição. Ainda assim, diante das partidas ruins de Diego Costa, o veterano, com toda sua história na Roja, poderia ter ganhado alguns minutinhos quando a Espanha ainda estava viva no torneio. Em vez disso, foi apenas para o duelo que não valia nada. Em termos de tabela, porque o que se viu é que significava o mundo para Villa.

Nos cerca de 56 minutos em que esteve em campo, David Villa foi o que mais se entregou. Foi o que mais ameaçou a defesa australiana, o que mais correu. Foi ele quem abriu o placar, com um golaço de letra. Tudo isso não foi suficiente para que Del Bosque deixasse seu atacante ficar mais tempo em campo em sua despedida. Entrou Juan Mata, que deverá ser mantido na passagem de tocha de geração para geração.

Logo após a saída de David Villa, a transmissão da Fifa capta o jogador no banco de reservas, completamente emocionado, chorando sem hesitar. O motivo seria a sua despedida. Ou a eliminação, como ocorrreu. Ou então a insatisfação pela substituição, por perder mais de 30 minutos preciosos que o jogador aproveitaria como de fato eram: seus últimos.

A insensibilidade de Del Bosque ao sacar o jogador não parou só na substituição em si. Após o jogo, surpreendentemente o treinador contou que “desconhecia que pudesse ser sua última partida”, afirmando, então, entender a raiva de Villa.

O atacante também falou após a partida. Comemorou o bom desempenho na despedida, lamentou não poder seguir na competição e reconheceu: “Por mim, jogaria a vida toda, mas é normal que acabe aqui. Temos que ser realistas”. O fato de não ter tido a oportunidade de ajudar a equipe a evitar a eliminação deve ter incomodado também o atleta. Logo ele, fundamental no único título de Copa do Mundo da Espanha, teve menos de uma hora em campo em seu adeus. Ainda assim, não importa. Foi o personagem do jogo mesmo com o tempo reduzido em que atuou.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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