Copa do Mundo

A recepção digna de campeões ressalta a grandeza do Chile de Sampaoli

O clima no metrô voltando do Itaquerão era de velório. Os chilenos lamentaram, e muito, a derrota para a Holanda na última segunda-feira. Aquele resultado os colocava no caminho do Brasil nas oitavas de final. Sabiam que, se ficassem em primeiro, tinham cancha para chegar ao menos às semifinais, como não acontecia desde 1962. Afinal, La Roja não contava com uma equipe tão forte justamente desde aquele Mundial disputado em casa, quando Leonel Sánchez e Sergio Livingstone só pararam no talento de Garrincha.

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Como muitos temiam, o Chile não conseguiu passar pelo Brasil. Porém, mais chilenos esperavam por uma grande atuação da equipe de Jorge Sampaoli. E foi exatamente o que aconteceu. Durante a transmissão da ESPN, PVC definiu muito bem: “O Chile já ganhou a partida, só vai definir a classificação nos pênaltis”. A intensidade e inteligência tática fizeram da Roja superior contra o Brasil. Mesmo quando nenhum dos times tinha mais gás, Sampaoli mexeu no time para buscar a vitória. Não conseguiu por centímetros, que separaram as redes do travessão no chute de Pinilla no final do segundo tempo da prorrogação.

Como era para ser, os jogadores chilenos foram recebidos como heróis nacionais na volta para casa. Alexis Sánchez foi de uma movimentação extraordinária, a peça capaz de fazer o carrossel vermelho funcionar. Arturo Vidal se sacrificou e conseguiu ser genial nos poucos toques na bola. Charles Aránguiz era o elemento surpresa que também se tornou protagonista na campanha. Gary Medel se manteve como o esteio da defesa, mesmo jogando com uma infiltração na coxa e uma enorme proteção por mais de 100 minutos. Claudio Bravo manteve protegida a meta e por pouco não foi o herói no lugar de Júlio César. Milhares de pessoas esperaram pelos ídolos em frente ao Palácio de La Moneda, a residência presidencial chilena.

Assim como em 1998 e em 2010, o Chile caiu nas oitavas de final. Daquelas vezes, porém, não houve festa tão grande. Nem Salas e Zamorano salvaram da goleada no Mundial da França, enquanto a mentalidade ofensiva e suicida de Marcelo Bielsa determinou outra derrota categórica para o Brasil na África do Sul. Muito diferente do que aconteceu com a Roja de Sampaoli. Mais do que um time bem montado e ofensivo, soube encarar os grandes – vencendo a Espanha e pressionando a Holanda. Não teve medo do Brasil, mesmo suportando o Mineirão lotado. E é por esse orgulho que os chilenos lotaram as ruas, para celebrar os seus campeões.

O vídeo abaixo foi publicado pelo site da Cooperativa.cl

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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