Copa do Mundo

Principal talento do setor mais renovado da Croácia, Gvardiol foi responsável pelo momento crucial da classificação

O zagueiro de 20 anos lidera a defesa da vice-campeã mundial e conseguiu um desarme perfeito, importante, decisivo, contra Lukaku aos 47 minutos do segundo tempo

Bélgica e Croácia fizeram um jogo equilibrado nesta quinta-feira para definir quem passaria às oitavas de final da Copa do Mundo. Os vice-campeões mundiais tiveram períodos de domínio, os belgas criaram chances mais claras. Quatro delas caíram em Romelu Lukaku, que, apesar do grande atacante que é, desperdiçou todas. Aos 47 minutos do segundo tempo, teria mais uma. Thorgan Hazard e Borna Sosa brigaram pelo cruzamento da esquerda. A bola ricocheteou e estava caindo no pé esquerdo de Lukaku, que já armava o chute. Josko Gvardiol, porém, esticou-se e conseguiu o desarme, na hora certa, com a ponta da chuteira do pé canhoto. Em um 0 a 0, o lance decisivo para classificar a Croácia.

A seleção croata chegou ao Catar com muitos dos seus pilares que chegaram à final da Copa do Mundo anterior. O meio-campo com Marcelo Brozovic, Mateo Kovacic e Luka Modric. O ataque com Ivan Perisic. Algumas peças importantes, como Mario Mandzukic e Ivan Rakitic, ficaram pelo caminho. A maior renovação, porém, foi na defesa. Apenas Dejan Lovren segue titular, entre quatro jogadores jovens que estão começando a escrever suas histórias nos Mundiais. O melhor de todos eles é o zagueiro do RB Leipzig.

Gvardiol, 20 anos, nem existia na última Copa do Mundo. Formado pelo Dínamo Zagreb, sua estreia no time principal aconteceu apenas em 2019. A primeira campanha como titular mesmo foi em 2020/21. Aquele foi um momento crucial da sua carreira. A temporada terminou com a Eurocopa, na qual o garoto foi titular nas quatro partidas da Croácia pela lateral esquerda. Ao mesmo tempo, foi contratado pelo RB Leipzig, pelo qual fez 46 jogos em seu primeiro ano, majoritariamente como zagueiro.

Foi um salto de qualidade que o levou a manter o protagonismo em uma seleção croata que precisava de renovação na defesa. Dos zagueiros que foram à Rússia, os mais jovens eram Duje Caleta-Car, que teve seus momentos pelo Olympique de Marseille, e Tin Jedvaj, que não conseguiu se firmar pelo Bayer Leverkusen e saiu para o Lokomotiv Moscou. Ambos perderam espaço ao longo do ciclo e nem foram convocados. Dejan Lovren e Domagoj Vida foram os pilares de experiência no setor, mas havia até a possibilidade de que nenhum deles fosse titular, com Josip Sutalo, 22 anos, ao lado de Gvardiol.

No fim, Dalic preferiu a boa e velha mistura entre experiência e juventude e firmou sua dupla de zaga com o jogador do RB Leipzig e Lovren – que, embora tenha vacilado algumas vezes contra a Bélgica, faz boa Copa do Mundo. O destaque, porém, é Gvardiol. Havia feito jogos interessantes nas duas primeiras rodadas antes de brilhar de vez contra a Bélgica, e não apenas pelo desarme crucial nos minutos finais, o que já teria sido importante o bastante.

A observação o identifica como um dos melhores em campo, talvez o melhor. Os números dão apoio: deu nove (!) cortes e dois desarmes, acertou praticamente todos os seus passes (59 de 62) e três dos quatro lançamentos que tentou. Com uma máscara após ter quebrado o nariz pouco antes da paralisação da Bundesliga para a Copa, anda arriscou uma ou duas arrancadas de muita qualidade, mostrando por que tem capacidade de jogar também como lateral esquerdo.

Os colegas de Gvardiol não estão mal. Dominik Livakovic também merece destaque pela segurança debaixo das traves e algumas defesas importantes, principalmente ao abafar a infiltração de Carrasco no começo do segundo tempo. Está substituindo Danijel Subasic à altura. Josip Juranovic e Borna Sosa entraram nas vagas de Sime Vrsaljko e Ivan Strinic nas laterais, respectivamente. Talvez sejam até mais talentosos no apoio ao ataque. Não estavam especialmente afiados nos cruzamentos contra a Bélgica e erraram principalmente nas tomadas de decisão.

Mas Dalic conseguiu conduzir uma boa renovação do seu setor defensivo, uma das principais prioridades do último ciclo, após o vice-campeonato mundial. Mas ninguém faz omelete sem ovos, e o técnico da Croácia também teve a sorte de ver surgir um imenso talento como Gvardiol – que, é bom enfatizar, ainda tem apenas 20 anos.

Foto de Bruno Bonsanti

Bruno Bonsanti

Como todo aluno da Cásper Líbero que se preze, passou por Rádio Gazeta, Gazeta Esportiva e Portal Terra antes de aterrissar no site que sempre gostou de ler (acredite, ele está falando da Trivela). Acredita que o futebol tem uma capacidade única de causar alegria e tristeza nas mesmas proporções, o que sempre sentiu na pele com os times para os quais torce.
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