As lembranças de Graham Arnold quando era o camisa 9 da Austrália que pegou a Argentina na repescagem
Antes de ser técnico, Graham Arnold marcou seu nome como centroavante da Austrália e permanece ainda hoje como décimo maior artilheiro, mas a Argentina tirou sua maior chance de jogar uma Copa

Graham Arnold honrou a camisa 9 da Austrália como poucos. O atacante defendeu os Socceroos por 12 anos. Em 56 partidas disputadas, anotou 19 gols, suficientes para colocá-lo ainda hoje como o décimo maior artilheiro da equipe nacional. Porém, o sujeito de mullets e bigode não é a figura mais lembrada além de seu país. Faltou uma Copa do Mundo em campo. E não faltaram traumas ao redor dela. Arnold disputou as Eliminatórias quatro vezes como jogador. Em três, caiu na repescagem. A maior decepção aconteceu em 1997, quando o empate sofrido diante do Irã em Melbourne encerrou não apenas o sonho australiano, mas também a própria carreira do atacante na equipe nacional. Quatro anos antes, a triste realidade viria contra a Argentina, que resgatou Diego Maradona nos renhidos duelos do qualificatório para o Mundial de 1994. E não deixa de ser irônico que, quase 30 anos depois, a camisa albiceleste apareça no caminho de Graham Arnold. O técnico da Austrália terá a chance de escrever uma nova história contra os argentinos, agora diante de outro camisa 10 cerebral.
Nascido em Sydney, Graham Arnold precisou se virar no futebol com pouquíssimo. Se atualmente a modalidade na Austrália não recebe tanto investimento, mais precária ainda era a situação na sua juventude, durante a década de 1970. O atacante atuava em equipes semiprofissionais, sem muitas opções além disso. E seria acolhido pela comunidade croata que vivia no país, uma das mais envolvidas com futebol. O Sydney United 58 é um dos bastiões da colônia, criado para representar dentro de campo os imigrantes saídos da Croácia. Entretanto, os times não se limitam apenas a jogadores de origem croata. Foi por lá que Arnold se encontrou. Tornaria-se um dos grandes ídolos do clube na década de 1980, em tempos bastante populares da equipe em Sydney.
Graham Arnold passou oito anos no Sydney United, com 68 gols em 178 partidas pela antiga National Soccer League. A fome de gols o levaria para a seleção da Austrália a partir de 1985, quando tinha 22 anos. Ao lado de Robbie Slater, seu companheiro de clube, tornou-se uma das referências dos Socceroos em anos incipientes. Ainda era um coadjuvante do elenco que perdeu para a Escócia a vaga na Copa do Mundo de 1986, na repescagem intercontinental. Em compensação, logo teria sua chance de disputar os Jogos Olímpicos em 1988. O camisa 9 passou em branco, mas esteve presente nos quatro jogos da campanha. Os Socceroos avançaram ao lado do Brasil, num grupo em que também estavam Iugoslávia e Nigéria, antes da queda diante dos futuros campeões da União Soviética nas quartas de final.
Também foi em 1988 que a Argentina cruzou o caminho de Graham Arnold pela primeira vez. Naquele ano, a Austrália organizou a Copa Ouro Bicentenário, que comemorava os 200 anos da chegada dos europeus ao país. A Albiceleste foi convidada de honra como campeã do mundo, enquanto Brasil e Arábia Saudita completavam o quadrangular. Os brasileiros ficaram com a taça, mas os australianos fizeram bom papel na segunda colocação. Derrotaram os sauditas por 3 a 0, embora o grande espanto tenha vindo nos 4 a 1 diante dos argentinos na rodada final. Arnold passou em branco, mas preparou o caminho do primeiro tento. O lance mais lembrado foi um golaço de falta de Charlie Yankos, do meio da rua, com uma curva digna de Roberto Carlos. E mesmo que a Argentina não estivesse completa, muitos nomes respeitáveis entraram em campo. Oscar Ruggeri e Sergio Batista lideravam a equipe, que ainda contava com um jovem Diego Simeone.
Graham Arnold continuou como uma referência no ataque da Austrália durante os anos seguintes. Anotou gols importantes nas Eliminatórias para a Copa de 1990, mas nada suficiente para que a Austrália passasse por Israel. No fim, os israelenses é que foram para a repescagem na ocasião, mas terminaram superados pela Colômbia. E a reputação internacional que construía permitiu a Arnold fazer seu nome no futebol europeu. Em 1990, o camisa 9 arrumou as malas para a Holanda. Virou jogador do Roda JC. Os números não são tão impressionantes, mas o centroavante marcou 25 gols em 71 aparições com os aurinegros. Foi o que valeu em 1992 a transferência para o RFC Liège, primeiro campeão belga da história. Sua primeira temporada na nova equipe seria uma das melhores de sua carreira, com 16 gols anotados. Era treinado por Eric Gerets e tinha a companhia de Leo Clijsters, dois grandes nomes da seleção belga, enquanto os nigerianos Sunday Oliseh e Victor Ikpeba também despontavam.
A fase positiva referendava Graham Arnold. E ele seria importante nas classificações da Austrália durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994. Marcou um dos gols na passagem pela Nova Zelândia na decisão da Oceania. Também esteve presente na primeira repescagem intercontinental contra o Canadá. E haveria uma última etapa, contra o time que sobrasse da América do Sul. Esperava-se um jogo difícil, mas não com o peso de uma Argentina. A Albiceleste acabara de tomar os espantosos 5 a 0 da Colômbia dentro do Monumental de Núñez. O desespero batia na equipe e o caminho encontrado foi evocar Dios – sim, Diego Armando Maradona.
Maradona estava ausente das convocações praticamente desde a final da Copa de 1990, mas não por sua vontade. Havia enfrentado a suspensão por uso de cocaína e lidava com o momento mais conturbado de sua carreira. O técnico Alfio Basile acabava prescindindo do craque, e não dava para tirar totalmente a sua razão, com a conquista de dois títulos da Copa América sem Diego, que entrara em campo apenas em dois jogos isolados no início de 1993, quando tentava reconstruir sua carreira pelo Sevilla. Porém, a ideia de não contar com o camisa 10 nas Eliminatórias teve seu preço, com muitos protestos da torcida. Após a goleada da Colômbia, Basile e o presidente da AFA, Julio Grondona, visitaram Diego para pedir sua volta nos jogos decisivos contra a Austrália. Ele reaparecia como salvador.
“A Austrália inteira realmente apoiou o futebol pela primeira vez, mas por causa do interesse em Maradona. Foi a primeira vez que os principais veículos de imprensa cobriram os Socceroos e Maradona. Eles até mesmo viram ele treinar. Mas ninguém nos via, era tudo sobre ele e sobre a Argentina”, relembrou Graham Arnold, há dois anos, em entrevista ao ABC News, em matéria publicada na época da morte de Diego. O atual treinador ainda falou ao Sydney Morning Herald: “Acho que Maradona trouxe o futebol para cá, realmente, pela primeira vez. Isso não é um desrespeito com o time da Copa de 1974 – foi uma conquista enorme classificar a Austrália pela primeira vez a uma Copa do Mundo. Mas por muito tempo não tivemos ninguém da estatura de Maradona aqui na Austrália”.
A primeira partida aconteceu em Sydney. Mais de 44 mil torcedores encheram as arquibancadas. Tentavam intimidar uma Argentina de respeito. Nomes históricos como Sergio Goycochea, Fernando Redondo, Gabriel Batistuta e Abel Balbo fizeram parte daquela equipe. Quem também estava em campo era o lateral Carlos Mac Allister, pai de Alexis Mac Allister, da atual seleção. A 10 e a faixa ficavam com Maradona. Os Socceroos não ficavam atrás em simbolismo. Várias figurinhas carimbadas da seleção compunham aquele time – incluindo Mark Bosnich, Alex Tobin, Tony Vidmar e Robbie Slater. Graham Arnold formava a dupla de ataque com Aurelio Vidmar.
Na época, Graham Arnold usava a braçadeira de capitão da Austrália. Contudo, o técnico Eddie Thompson chamou de volta o meio-campista Paul Wade, que assumiu a faixa. Ele passou a ilustrar uma icônica foto ao lado de Maradona e, por pouco, o personagem ao lado não era o atual treinador dos Socceroos. Mas a escolha de Wade tinha uma questão até motivacional: afinal, seria exatamente ele o responsável por ter que marcar Diego. O craque podia vir de um longo período de problemas, recém-contratado pelo Newell’s Old Boys para recuperar o ritmo de jogo, e teve que passar por uma preparação física específica para encarar os Socceroos – perdeu cerca de 15 quilos em poucas semanas, o que levantava suspeitas desde já. Mas estava motivado e, sendo Diego, isso nunca se duvidava num compromisso pela Albiceleste.
Maradona chegou antes da delegação argentina na Austrália. Estava acompanhado da família. Cerca de 2 mil torcedores foram ao aeroporto dar as boas-vindas ao craque rival, que também correspondeu com gentileza. E quando um provocador jogou um saco com pó branco próximo de Diego, ele não chegou a reagir – não está claro, porém, se realmente viu a grosseria. As próximas duas semanas teriam um Diego extremamente focado, permanecendo confinado em seu hotel, desviando-se das noitadas que tanto amava. Tinha um objetivo em mente, pela Argentina.
“Eu me lembro de vê-lo pela primeira vez no túnel, antes de entrarmos em campo. E me lembro de olhar com o canto do olho e pensar ‘uau, como você é apenas pequeno – mas você parece enorme para mim'. Na única dividida que ganhei dele, eles anotaram um gol. Maradona estava descendo pela ponta direita e fiz um desarme, a bola foi para Milan Ivanovic. Maradona se levantou, o perseguiu, recuperou, cruzou e eles marcaram”, recontaria Paul Wade, também ao ABC News.
O lance do gol da Argentina no empate por 1 a 1 em Sydney é exatamente conforme o descrito. Maradona executa o cruzamento e Abel Balbo ganha dos zagueiros, para abrir a contagem de cabeça. Porém, a Austrália fez uma partida competitiva naquela noite. O gol de empate saiu apenas cinco minutos depois, antes do intervalo. Ned Zelic deu um ótimo lançamento para Tony Vidmar na ponta. O lateral cruzou e mandou a assistência para seu irmão, Aurelio Vidmar, finalizar com categoria dentro da área. Graham Arnold via tudo do segundo pau, à espreita da sobra.
Seria uma partida de poucas oportunidades, mas Graham Arnold deu trabalho. Durante o primeiro tempo, o atacante teve boas arrancadas, mas pecou nas finalizações. Bateu por cima um cruzamento na risca da pequena área, em lance no qual a pressão da marcação atrapalhou. Depois, chegou a desarmar Redondo com um carrinho na entrada da área, só não concluiu bem o chute de média distância. E não que a Argentina fizesse muito mais. Já depois do gol de empate, Arnold recebeu um passe livre dentro da área e parecia pronto para a virada, mas foi anotado um impedimento duvidoso. O segundo tempo ficou mais pegado e Arnold apareceu menos. O atacante inclusive viu um cotovelo de Carlos Mac Allister sobrar em seu rosto. Já na chance mais clara da etapa complementar, Batistuta tentou um voleio que Bosnich pegou. A definição ficaria para Buenos Aires. Na despedida do campo, os jogadores argentinos deram as mãos e agradeceram a presença expressiva do público albiceleste nas arquibancadas em Sydney. Sabiam que teria muito mais no Monumental.
O reencontro aconteceu duas semanas depois. A Argentina mantinha uma escalação parecida, mas que tinha ainda mais peso com as presenças de Ruggeri e Simeone. O recebimento no Monumental foi um dos mais trepidantes já oferecidos à Albiceleste. A torcida precisava jogar com a equipe. Entretanto, isso não assustou a Austrália. Os Socceroos ainda contavam com o reforço de Frank Farina, grande nome da geração, para acompanhar Graham Arnold e Aurelio Vidmar no ataque. Os australianos dariam seu máximo para tentar a classificação. E uma cena significativa aconteceu na execução dos hinos. Maradona gostou tanto de sua estadia em Sydney que pediu, às vésperas, para que a canção da Austrália fosse respeitada sem vaias. Uma ordem que seus súditos acataram sem problemas. Era uma mostra de que, independentemente da disputa dentro de campo, o respeito prevalecia entre os times.
O primeiro tempo viu a Argentina lamentar as chances de gol perdidas. Maradona colocou um cruzamento na cabeça de Batistuta, que mandou para fora. Depois, Diego deu uma enfiada fenomenal para Balbo, que driblou o goleiro Robert Zabica, mas Mehmet Durakovic deu um carrinho salvador para travar o chute. Na cobrança de escanteio, Zabica operou um milagre na cabeçada de Ruggeri. O goleiro também sairia bem num chute de Balbo. Do outro lado, a Austrália produziu pouco, no máximo algumas cobranças de falta para fora. A participação de Graham Arnold era muito mais de transpiração para receber bolas longas e tentar disputar com os zagueiros.
O segundo tempo continuou travado no enlameado meio-campo do Monumental, mas a sorte sorriu para a vitória da Albiceleste por 1 a 0. Numa jogada na borda da grande área, pela direita, Batistuta fez o cruzamento. Deu sorte que a bola desviou em Alex Tobin e encobriu o goleiro Zabica. Um gol agonizante, que simbolizava aquela classificação. A Austrália ainda deu um calor para tentar o empate. Simeone quase fez um gol contra, ao desviar uma falta batida por Robbie Slater, mas Goycochea evitou o tento se esticando todo. Os Socceroos tiveram um gol bem anulado por impedimento, antes de Zabica salvar uma cabeçada de Balbo. Graham Arnold seguiu um tanto quanto apagado, em posição irregular em sua melhor oportunidade, mas a briga quase foi recompensada no final. Num cruzamento no qual o camisa 9 brigou com os zagueiros pelo alto, a sobra ficou com Carl Veart. O atacante bateu sem muita força, mas a bola passou perto da trave de Goycochea. Foi o último suspiro dos australianos.
Ficava a lembrança de uma ocasião memorável para a Austrália e também para Graham Arnold. Maradona impressionou pela maneira como foi cortês com os adversários. O camisa 10 ofereceu elogios rasgados ao trabalho de Robbie Slater no meio-campo – chamando-o de “colorado”, uma referência aos cabelos ruivos. Já num programa da televisão argentina que contou com a participação do capitão Paul Wade, Diego entrou ao vivo numa ligação. Queria transmitir para os adversários e para todo o país como eles fizeram uma partida dura. Prometeu que “as lágrimas de hoje serão os sorrisos de amanhã”. Entretanto, Mark Schwarzer e Stan Lazaridis, reservas nos confrontos da repescagem, seriam os únicos da geração de 1993 a participar em campo de um Mundial – com a histórica classificação conquistada em 2005.
E se publicamente Maradona ofereceu palavras doces, nos bastidores ele trataria de confraternizar com os jogadores australianos. Graham Arnold estava no saguão do hotel quando um homem desconhecido se aproximou e disse que Maradona o mandara ali. “Ele tinha cerca de 15 táxis estacionados e disse: ‘O senhor Maradona quer que vocês vão ao Raffles Nightclub. Ele quer que toda a equipe australiana venha. A noite é por conta dele'. Subi e disse aos jogadores: ‘Escutem, tem um cara lá embaixo, um cara aleatório, com 15 táxis em fila e quer que estejamos nessa boate. Maradona e os outros argentinos estarão lá'. Nossos jogadores quiseram dar uma chance”, recontou Arnold, ao Sydney Morning Herald. Quando chegaram à casa noturna, de fato Maradona os esperava, acenando. “Gostaria que tivéssemos celulares naquela época. Fui ao banheiro e, no mictório, de um lado estava Redondo, do outro Maradona, Batistuta e Simeone”, relembrou também o atual técnico australiano.
O único australiano que conseguiu conversar com Maradona foi Aurelio Vidmar, que falava italiano. Teria história para contar: “Um segurança me deu um sinal com o dedo para ir até lá – eu não sabia o que estava acontecendo, mas ele era maior que eu, então fui. Entramos em uma sala privada. Ele abre as cortinas e lá está Maradona, com duas garotas loiras ao seu lado. Conversamos por cerca de 15 minutos, em italiano, e ele foi formidável. Falamos sobre os tempos dele no Napoli, sobre futebol. Ele disse que tivemos azar de não nos classificarmos. Nos abraçamos e depois saímos. Ele me ofereceu inclusive algo que não era bebida, mas eu passei”.
Anos depois, vieram à tona declarações de Maradona de que todo o time da Argentina teria se dopado com um “café veloz” para enfrentar a Austrália. Inclusive acusou João Havelange e a Fifa de não realizarem o exame antidoping naquela repescagem, exatamente para não correrem o risco de ficar sem um craque como ele na Copa do Mundo. Nada que incomodasse tanto assim os australianos, que também tinham consciência de que, independentemente do que foi feito por baixo dos panos, eles ainda assim ficaram a um triz da classificação. “Fiquei chocado na época, mas isso também é um elogio à Austrália, porque eles devem ter ficado com muito medo de que os eliminássemos do Mundial”, diria Wade.
Graham Arnold continuou como um nome frequente nas convocações. Após deixar o RFC Liège, o atacante teve o momento mais goleador de sua carreira na Europa com a camisa do NAC Breda. O camisa 9 defendeu os aurinegros de 1994 a 1997, com 36 gols em 65 partidas, sempre atuando na primeira divisão da Eredivisie. Teve a companhia de Tony Vidmar no clube, assim como do americano Earnie Stewart e do holandês Pierre von Hooijdonk. Já em 1997, o veterano aceitou uma proposta do endinheirado futebol japonês e se juntou ao Sanfrecce Hiroshima. Seria um ano de lembranças amargas pela seleção. Arnold contribuiu para que a Austrália mais uma vez vencesse as Eliminatórias na Oceania, com três gols anotados em quatro jogos. Na repescagem intercontinental, o desafio seria contra o Irã. O empate por 0 a 0 em Teerã era um bom negócio e os Socceroos abriram dois gols de vantagem na volta em Melbourne. No entanto, cederam o empate por 2 a 2. Reserva de Mark Viduka na época, Arnold entrou no lugar de Craig Moore pouco antes do segundo tento e não conseguiria na reação. Pelos gols fora de casa, os iranianos deixavam os australianos mais uma vez fora da Copa do Mundo.
Aquele foi o último jogo de Graham Arnold com a camisa da seleção. O atacante voltou ao futebol local em 1998, para encerrar a carreira no Northern Spirit, de Sydney. Na época, já acumulava a função de técnico. O ex-centroavante passou a fazer parte da comissão técnica da seleção da Austrália em 2000, como assistente do ex-companheiro Frank Farina. O técnico acabou demitido pelos maus resultados na Copa das Confederações de 2005, mas Arnold não perdeu seu posto após a chegada de Guus Hiddink, e seria o braço direito do holandês na classificação para a Copa do Mundo de 2006. A história finalmente se cumpria. Após o Mundial, o ex-centroavante inclusive assumiu o cargo de maneira interina e dirigiu a equipe na época da Copa da Ásia, mas deixou a posição em 2007, para assumir a equipe olímpica e retornar ao papel de assistente, também auxiliando Pim Verbeek na Copa de 2010.
Já depois disso, Graham Arnold deu seus voos solo por clubes. Dirigiu Central Coast Mariners, Vegalta Sendai e Sydney FC, com títulos da A-League pelos dois times de seu país. Isso até que, em 2018, recebesse o convite para assumir o comando da Austrália mais uma vez. Seria um ciclo conturbado, sem mais a geração dourada com a qual havia trabalhado como assistente. Mas é um elenco de brio, que muito mais se aproxima ao de seus tempos de jogador. E deu resultado, pela forma como os Socceroos superaram as expectativas na fase de grupos da Copa do Mundo. Depois de tanto tempo, Arnold se reencontrará com a Argentina. Ele até possui uma boa lembrança recente, nas Olimpíadas de Tóquio, quando estava à frente dos australianos que bateram a Albiceleste na fase de grupos. De qualquer forma, nada com o peso do Mundial. É o jogo mais importante desde aquela repescagem que impactou tanto em sua vida.