Eliminatórias da Copa

Falta de identidade, omissões e treinador desconexo: Os problemas do Chile nas Eliminatórias

Precisando de um milagre para se classificar para a Copa do Mundo, a La Roja vive um momento bastante turbulento dentro e fora de campo

Lanterna das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, a seleção chilena vive um drama e pode ficar fora da disputa da competição. Com apenas dez pontos em 15 partidas disputadas, La Roja viu a situação ficar ainda mais complicada na última rodada, ao ser derrotada para a Argentina por 1 a 0.

Agora, os chilenos terão um confronto importantíssimo contra a Bolívia, nesta terça-feira (10), às 17h (de Brasília), pela 16ª rodada das Eliminatórias. O duelo é direto entre duas seleções que lutam por uma vaga na repescagem da competição. Atualmente, a Venezuela ocupa a 7ª posição, com 18 pontos e vai ficando com a vaga nos playoffs.

Sem disputar a Copa do Mundo desde 2014, o Chile ainda sonha em conquistar a tão sonhada vaga e voltar ao torneio após onze anos. O Chile ficou de fora do Mundial de 2018, na Rússia, e 2022, no Catar.

Mas afinal, o que o Chile precisa fazer para se classificar?

Oito pontos atrás da Venezuela, a seleção chilena ainda tem nove pontos em disputa até o fim das Eliminatórias. Além da Bolívia, nesta terça-feira (10), La Roja também terá confrontos contra Brasil e Uruguai, na próxima Data Fifa, que acontece em setembro.

Para ficar com a vaga na repescagem, os comandados por Gareca não podem mais perder, e precisam ao menos vencer dois dos próximos jogos e empatar o terceiro. Uma derrota acabaria com as chances do Chile em se classificar.

Veja cenários

  • Chile perde um ou mais jogos: Eliminado
  • Chile vence os três jogos: Dependeria de outros resultados para se classificar
  • Chile vence dois jogos e empata um: Dependeria de outros resultados para se classificar
  • Chile empata dois jogos e vence um: Eliminado.

A única maneira do Chile se classificar para a Copa do Mundo seria através da repescagem. A vaga direta já não é mais possível para a La Roja, já que a Colômbia, sexta colocada, tem 21 pontos, e o máximo que os chilenos poderiam alcançar é 19.

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O problema do Chile de Gareca não é apenas dentro de campo

Duas vitórias, quatro empates e nove derrotas: essa é a campanha feita pela seleção chilena nessas eliminatórias, somando as passagens de Eduardo Berizzo, que ficou até novembro de 2023, e Gareca, que assumiu o selecionado em janeiro de 2024. Analisando separadamente o trabalho dos treinadores, cada um somou apenas uma vitória nessa luta pela vaga na Copa do Mundo.

Dos 15 jogos disputados, Berizzo dirigiu apenas três, enquanto Gareca esteve à frente da maioria, em 12 oportunidades, e caso Chile seja eliminado já nesta rodada das Eliminatórias, poderia ser demitido do cargo.

O desempenho abaixo do esperado do treinador de 67 anos, levantam muitos questionamentos entre quem acompanha o dia a dia da La Roja. As declarações confusas do treinador, o fato de colocar atletas para jogar fora de suas posições, a insistência em atletas de baixo rendimento, e a falta de evolução da seleção, são algumas das dúvidas a respeito do trabalho do argentino.

— Eu seria o verdadeiro problema se o Chile viesse se classificando para todos os Mundiais… Se eu tivesse pego a equipe na quinta ou quarta posição, ai eu passaria a ser um problema, eu reconheço esse tipo de coisa, mas o Chile está como eu recebi, talvez até uma posição mais acima. Está em último nesses momentos por diferença de gol. Sim, temos que ver quando terminarem as Eliminatórias em que situação está. Não é que eu vim a uma seleção já classificada. Chile não se levantou. Eu também vim com expectativa — disse o treinador em entrevista coletiva durante a Data Fifa de março.

Ricardo Garecca é treinador da seleção chilena e seu trabalho é alvo de críticas / Jonnathan Oyarzun/Photosport Conferencia de Ricardo Gareca 04/06/2025

Essa e outras declarações do técnico fizeram com que parte da torcida passasse a criticar o argentino, que já vinha tendo o trabalho bastante questionado devido aos resultados.

— As decisões do Gareca foram amplamente questionadas: Trocas de jogadores tardias, falta de leitura tática e uma desconexão total com os locais. Ele nunca assistiu a um jogo do Campeonato Chileno, delegou funções e tirou férias em plena crise da seleção. Isso sem falar obviamente que é um dos treinadores mais bem pagos da América do Sul (atrás apenas de Ancelotti e Bielsa), e o sétimo mais bem pago do mundo, superando até mesmo técnicos como Ronald Koeman, da Holanda — disse a jornalista e coordenadora do site ‘Al Aire Libre', Carla Bernucci.

Com a relação abalada entre o treinador e a torcida, a situação de Gareca só poderia melhorar em caso de uma classificação com a seleção chilena, algo que poderia ser considerado histórico devido às condições atuais de La Roja nas Eliminatórias.

Mas o problema é apenas o treinador?

Além dos problemas com Gareca, parte dos jogadores convocados para defender a seleção também são alvo de críticas.

— Além dos resultados, o que complica é a forma: um time sem ideias, sem gol, com figuras históricas em declínio e jovens que não conseguem manter o peso do processo. La Roja precisa de mais identidade, liderança e planificação. São problemas estruturais que já se arrastam desde a saída de Reinaldo Rueda — explicou Carla Bernucci.

Além disso, o jogo contra a Argentina, na última rodada, deixou claro a falta de profundidade e clareza para conseguir empatar o marcador. Dos onze jogadores em campo, apenas Lucas Cepeda, Loyola e Hormazábal demonstraram certa ‘rebeldia' na busca pelo resultado positivo.

Já nomes que poderiam fazer a diferença para a La Roja, como Arturo Vidal, pouco fizeram. O veterano ainda foi suspenso e não enfrentará a Bolívia. A falta de liderança e a desconexão entre os jogadores também evidenciam o problema estrutural dos chilenos.

Vidal recebendo cartão amarelo e ficando suspenso de duelo contra Bolívia. / Andres Pina/Photosport Chile vs Argentina, eliminatorias al mundial 2026

A chamada ‘Geração Dourada' já não faz mais diferença. Vidal voltou ao futebol sul-americano longe do seu melhor nível. Alexis Sánchez é reserva na Europa, e outros tantos que eram referência terminaram suas carreiras no torneio local, presos a uma lembrança que já não existe. E o mais preocupante é que a renovação não chega, e os chamados para liderar o novo ciclo são totalmente desconhecidos — afirmou Carla.

Outro ponto que pesa bastante na situação chilena é a perda de pontos importantes.

— O Chile perdeu pontos chaves: foi derrotado por Bolívia e Brasil em casa, empatou sem gols com o Peru e foi superado por quase todos os seus rivais diretos. A equipe prometia competitividade e se desmoronou. Gareca, longe de renovar La Roja, afundou ainda mais — finalizou Carla.

Tudo ou nada contra a Bolívia

Enfrentando La Verde nesta terça-feira (10), o Chile vai para o tudo ou nada, uma vez que precisará da vitória para seguir sonhando com a vaga. No entanto, sabe que não dependerá só dele, e que a Venezuela, que enfrenta o Uruguai, precisa ser derrotada.

A Bolívia também vive situação delicada e também vai com força máxima buscando vencer o Chile. A diferença é que La Verde terá o apoio de sua torcida, uma vez que joga em casa.

No último confronto entre as partes, no dia 10 de setembro de 2024, pela oitava rodada das Eliminatórias, o Chile recebeu a Bolívia e foi derrotado por 2 a 1. O resultado acabou prejudicando ainda mais a situação de La Roja, que já não era das melhores.

Agora, caso o Chile seja derrotado novamente pela Bolívia, essa será a primeira vez na história que a seleção perde os dois confrontos contra o rival pelas Eliminatórias, ou seja, uma outra marca negativa para o trabalho de Ricardo Gareca.

Até quando vão as Eliminatórias?

Com mais três rodadas pendentes, as Eliminatórias Sul-Americanas devem se encerrar em setembro de 2025. Até o momento, apenas a Argentina se classificou para o torneio que acontecerá em 2026 nos Estados Unidos, México e Canadá.

As datas dos últimos jogos das seleções ainda não foram confirmadas, mas devem acontecer entre os dias 9 e 14 de setembro.

Foto de Gabriella Brizotti

Gabriella BrizottiRedatora de esportes

Formada em jornalismo pela Unesp, sou uma apaixonada pelo esporte em geral, principalmente o futebol. Dentre as minhas paixões, está o futebol argentino e suas 'hinchadas'.
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