Eliminatórias da Copa

Noruega reforça apoio a trabalhadores imigrantes do Catar e convoca outras seleções: “Quem é o próximo?”

Depois de ganhar manchetes de todo o planeta na primeira rodada das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 2022 por um seleção norueguesa reforçou seu coro na segunda rodada, contra a Turquia. No sábado (27), a equipe foi a campo com a mesma mensagem dizendo: “Direitos humanos, dentro e fora do campo”. Desta vez, no entanto, acrescentaram às camisetas os dizeres “Noruega” e “Alemanha” acompanhados de sinais de verificação. A seguir, a pergunta: “Próximo?”

A primeira manifestação da Noruega aconteceu na quarta-feira (24) e foi seguida por uma ação da seleção alemã na quinta-feira (25). De sua parte, os alemães vestiram camisetas que, juntas, compunham “direitos humanos”.

Na sexta-feira (26), o presidente da Federação Alemã, Fritz Keller, afirmou estar orgulhoso da ação de seus jogadores e acrescentou: “Devemos nos posicionar sobre nossos valores, que estão escritos em nossos estatutos, e permitir que nossas vozes sejam ouvidas sempre. Se alguém não pode apoiar uma declaração por direitos humanos, então esta pessoa precisa urgentemente realinhar sua moral”.

Tivesse o jogo da Noruega acontecido um pouco mais tarde, os atletas poderiam ter acrescentado “Países Baixos” à suas camisetas. Antes do duelo contra a Letônia no sábado, os neerlandeses se juntaram ao movimento ainda incipiente, carregando no peito a frase “O futebol apoia mudanças”.

Em complemento à ação, a Federação Neerlandesa (KNVB) publicou em seu site um comunicado em que confirmava estar engajada nos protestos, mas rechaçando um possível boicote à Copa do Mundo. Em vez disso, acredita que a solução está em realizar o torneio no Catar e, desta forma, jogar luz sobre o problema.

“O Catar é onde gostaríamos de nos tornar campeões do mundo, mas não sem olhar para fora da caixa. É por isso que usamos nosso futebol pela mudança. Desde 2010, a KNVB expressou sua oposição ao Catar como sede da Copa do Mundo. As condições para os trabalhadores imigrantes no país são terríveis, mas um boicote não é a melhor resposta. Organizações de direitos humanos enfatizam que um boicote significaria que os trabalhadores imigrantes perderiam seus salários e que o progresso recente no Catar se paralisaria. Em sua visão, a esta altura, é melhor ir ao Catar e usar a Copa do Mundo para exercer pressão diplomática nas autoridades para que busquem reformas”, escreveu a KNVB.

A Dinamarca já anunciou que será a próxima seleção a se juntar à manifestação, levando consigo uma mensagem antes do jogo contra a Moldávia neste domingo (28). E Gareth Southgate, treinador da seleção inglesa, revelou que a FA e a Anistia Internacional têm mantido conversas sobre o assunto. Capitão da equipe inglesa, Harry Kane confirmou que o grupo iria se sentar para conversar sobre aderir ou não ao protesto.

“Como fizemos com o ato de ajoelhar (na Premier League, como parte do movimento Vidas Negras Importam), acho que é importante levar em consideração o ponto de vista de todo mundo, todos em uma sala discutindo como se sentem e o que querem fazer”, disse o atacante do Tottenham.

A pressão vem um mês após um artigo do jornal inglês Guardian revelar que mais de 6.500 trabalhadores estrangeiros de cinco países, Índia, Paquistão, Nepal, Bangladesh e Sri Lanka, haviam morrido no Catar desde que o país foi escolhido em 2010 como sede da Copa do Mundo de 2022.

Foto de Leo Escudeiro

Leo Escudeiro

Apaixonado pela estética em torno do futebol tanto quanto pelo esporte em si. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, com pós-graduação em futebol pela Universidade Trivela (alerta de piada, não temos curso). Respeita o passado do esporte, mas quer é saber do futuro (“interesse eterno pelo futebol moderno!”).
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