Eliminatórias da Copa

Jogador de clube e jogador de Seleção

Vini e Rodrygo precisam provar que são grandes atletas com as duas camisas

Uma das perguntas que jogadores e treinadores de futebol mais escutam no Brasil é se existem jogadores de clube e jogadores de seleção?

A maioria das respostas que obtive em mais de 30 anos de carreira é que, sim, existem jogadores de clube e de seleção.

Há atletas destaques em seus clubes, decidem jogos, transformam-se em ídolos e desaparecem inexplicavelmente por seleções. Também existem aqueles que geram futebol suficiente para serem convocados, mesmo sem grandes performances por clubes, e que em seleções se transformam positivamente.

Dois atletas estrangeiros bastante em evidência são boas provas dessa tese. Ambos relacionados ao futebol brasileiro.

O colombiano James Rodriguez, 33 anos, assombrou o mundo na Copa de 2014, mas jamais confirmou em clubes a expectativa gerada em torno dele. Segue assim, como sabem os torcedores do São Paulo. Quando veste a camisa da Colômbia, porém, James incorpora um craque decisivo.

O holandês Memphis Depay, recém-contratado pelo Corinthians, é o vice-artilheiro histórico da seleção laranja, com 46 gols, atrás apenas de Van Persie.

Desde 2021 não emplaca uma grande temporada com camiseta de clube, ao ponto de ficar livre no mercado europeu com apenas 30 anos.

Dois jogadores vivem esse dilema na Seleção Brasileira: Vini Jr. e Rodrygo. Eles mal tiveram tempo de se provarem grandes jogadores de clube no Brasil. Talentosos, foram ainda muito jovens para a Europa e venceram no maior time do mundo. São jogadores importantes, decisivos e consagrados no Real Madrid. Presenças incontestáveis em qualquer convocação da Seleção Brasileira.

Por enquanto, estão devendo com a camisa pentacampeã mundial.

Principalmente Vini, mais exuberante, mais midiático e, naturalmente, de quem mais se espera protagonismo. Quando joga pelo Brasil, o jogador que pleiteia a Bola de Ouro é uma pálida lembrança do que faz pelo Real. Mais se atira ao gramado e reclama do que joga. Tem cinco gols em 35 partidas pelo Brasil.

Rodygo tem perfil diferente. Menos midiático, mais calado, jogador taticamente moderno e, também, de brilho individual. Na Seleção, parece vestir chuteiras de número diferente: nunca está confortável. Soma 28 jogos e sete gols marcados pela Seleção.

Sem Neymar, seleção sente falta de um protagonista

Enquanto Neymar não volta, o protagonismo óbvio precisa ser reivindicado e assumido por Vini e Rodrygo. São jogadores que participaram da última Copa do Mundo e estão acostumados a confrontos de alto nível. Capazes de atitudes dentro de campo que transformem a expectativa em resultados.

Jogos de Seleção e clube são universos diferentes. Com as seleções, os atletas vivem experiências distintas nos aspectos emocionais, técnico e tático. Não contam com o tempo que sobra nos clubes, com sequências de semanas de trabalho e jogos. Trabalho em seleção é regime de urgência.

Bola eles têm. Chegou a hora de Vini e Rodrygo mostrarem que também são jogadores de Seleção. A próxima chance virá em outubro, contra Chile e Peru, as piores seleções das Eliminatórias. Oportunidade melhor não há.

Foto de Mauricio Noriega

Mauricio Noriega

Colunista da Trivela
Botão Voltar ao topo