Argentina vai repetir estratégia e usar até oxigênio portátil para encarar a Bolívia em La Paz
Argentina enfrenta a Bolívia em La Paz nesta terça-feira, dia 12, e albiceleste tenta usar algumas estratégias para reduzir os efeitos da altitude

Encarar a altitude de La Paz é sempre um desafio complicado, especialmente do ponto de vista físico. A Argentina enfrenta a Bolívia em La Paz nesta terça-feira (12) pela segunda rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo e traçou uma estratégia para conseguir repetir o sucesso que conseguiu da última vez que esteve por lá. Além disso, adicionou um elemento novo, que inclui uso de garrafas de oxigênio portátil.
Nenhum outro lugar desperta tantas perguntas sobre a preparação quanto La Paz. Na América do Sul, é o desafio mais difícil e aquele que nenhum europeu sequer tem ideia do que significa. Uma das estratégias mais comuns tem sido fazer uma escala em Santa Cruz de La Sierra, dormir na cidade, que está ao nível do mar, e ir até La Paz apenas no dia do jogo, horas antes do pontapé inicial. Muitos recomendam que se faça isso, mas, claro, nunca foi garantia de sucesso.
Usando essa estratégia, o time não conseguiu vencer nas três vezes anteriores à última. Perdeu por 6 a 1 com Diego Maradona no comando nas Eliminatórias para 2010, empatou por 1 a 1 sob o comando de Alejandro Sabella nas Eliminatórias para 2014 e perdeu por 2 a 0 com Edgardo Bauza, nas Eliminatórias para 2018. Isso mudou nas últimas Eliminatórias.
Repetição da estratégia das últimas Eliminatórias
Já sob o comando de Lionel Scaloni, a Argentina teve que encarar La Paz em 2020. No dia 13 de outubro daquele ano, a Argentina venceu a Bolívia por 2 a 1, já pelas Eliminatórias da Copa 2022 — que terminaria com o título dos argentinos. A estratégia tinha sido diferente das anteriores. Os argentinos chegaram a La Paz dois dias antes do jogo, para tentar se ambientar.
Já em La Paz, a seleção argentina treinou a 3.600 metros de altitude para tentar se ambientar por lá. É a mesma estratégia que a albiceleste usa desta vez. A seleção campeã do mundo chegou a La Paz neste domingo e dormirá por dois dias na cidade boliviana, fazendo inclusive uma sessão de treinamento na altitude.
“Não repetimos pelo que aconteceu. É sabido que ninguém tem uma varinha mágica disso. O fazemos assim porque se sofremos, preferimos sofrer de outra forma, sabendo o que vamos encontrar. E não necessariamente por causa do resultado da última vez”, afirmou Lionel Scaloni, falando sobre a estratégia adotada, repetindo uma parte do que foi feito na última vez.
A ideia, claro, não foi por acaso e tampouco é fórmula para sucesso. Foi uma ideia criada junto com o preparador físico, Luis Martín. Foi uma estratégia que, na época, surpreendeu. O time decidiu assumir os possíveis efeitos negativos que poderiam surgir. Mais do que a vitória por 2 a 1, o desempenho físico dos jogadores foi o que mais fez com que a comissão técnica decidisse repetir a ideia.
O grupo chegou no domingo, dormiu no Hotel Camino Real e faz o seu treinamento nesta segunda-feira, no Centro de Treinamento do Strongest. Exatamente o mesmo lugar onde treinou em 2020.
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Argentina se inspirou em estratégia do Palmeiras
As razões para o uso da estratégia é que há um entendimento que os dois dias de aclimatação na altitude pode ajudar os jogadores a terem um nível mais alto de saturação de oxigênio (o consumo máximo de oxigênio). Os jogadores podem perder até 20% dessa capacidade quando saem do nível do mar para os 3.600 metros de altitude.
“Dois dias de aclimatação podem ser essenciais para que os jogadores tenham uma melhor adaptação espaço-temporal nos jogos disputados com ar rarefeito”, afirmou Daniel Gonçalves, ex-coordenador científico do Palmeiras, que usou essa estratégia naquele mesmo ano de 2020 para o time jogar em La Paz. Naquela ocasião, o Palmeiras venceu o Bolívar por 2 a 1.
Daniel recebeu contato de profissionais da AFA, que o consultaram sobre a ideia e como ela foi executada. Foi o que deu mais convicção à comissão técnica de Lionel Scaloni que esse era o melhor caminho.
Além da questão física, o que a comissão técnica da Argentina sentiu em 2020 foi que o time conseguiu ter um melhor trato com a bola, algo que muitas vezes é problemático. A sensação do peso da bola ser menor, pelo ar mais rarefeito, por vezes atrapalha os jogadores, especialmente para acertar passes, chutes e se defender, crucialmente com o goleiro sendo quem mais sofre.
Garrafas de oxigênio portátil

Apesar de toda a preparação, e como o próprio Lionel Scaloni afirmou, a ideia está longe de ser uma fórmula para encarar a altitude e ter sucesso. É uma ideia e, por isso, nem todos os jogadores podem ter o mesmo bom desempenho que se viu na última vez. Assim, foi adicionado um elemento novo: garrafas de oxigênio portátil.
Já vimos alguns clubes e seleções sofrendo, com tanques de oxigênio na beira do gramado para os jogadores. Esta é uma solução nova. A garrafinha, que leva o formato de uma garrafa de água, traz oxigênio para ajudar os jogadores a respirarem melhor e se adaptarem à altitude de La Paz.
A garrafa foi vista pela primeira vez nas mãos de Alexis Mac Allister, que mostrou o meio-campista no seu Instagram com a legenda: “Por trás das cenas”, algo para dizer que é uma cena de bastidores. Ele segurava a garrafa nas mãos. É uma garrafa da marca Boost Oxygen, que oferece oxigênio suplementar para colaborar com a aclimatação à altitude e combater a dificuldade para respirar.
“Boost Oxygen é 95% de oxigênio suplementar puro em recipientes portáteis, fáceis de usar e totalmente recicláveis. É puro oxigênio para ir! Nenhuma receita é necessária para comprar e usar o Boost Oxygen”, afirma o site do produto. O produto custa de US$ 9,99 a US$ 17,99 nas garrafas dos diferentes tamanhos, com descontos para quem comprar em pacotes maiores.
O grau de pureza do oxigênio é cerca de cinco vezes mais do que se obtém respirando naturalmente. O próprio produto se coloca como uma maneira de as pessoas poderem respirar na altitude.
A delegação da Argentina tem 15 jogadores que nunca atuaram na altitude de La Paz, inclusive alguns titulares, como Nahuel Molina, Cristian Romero, Enzo Fernández, Julián Álvarez e Nicolás González. Outros como Emiliano Martínez e Alexis Mac Allister estiveram em La Paz na última partida argentina por lá, mas não entraram em campo.
Bolívia e Argentina se enfrentam no Estádio Hernando Silles, em La Paz, nesta terça (12) às 17h (horário de Brasília).