Bélgica libera seu potencial ofensivo e sobrevive ao seu primeiro grande teste

A Bélgica teve o seu primeiro grande teste na Copa do Mundo e sobreviveu a ele. O jogo com os Estados Unidos foi um duelo emocional, físico e técnico. Os belgas foram muito melhores tecnicamente, criaram muito, fizeram valer a sua superioridade técnica se impondo, mas sofreram para conseguir o gol. O placar de 0 a 0 na Fonte Nova nem de longe refletiu a empolgação e nem a qualidade do jogo. Foi mais um confronto levado à prorrogação e novamente sensacional. Os belgas levaram por 2 a 1, mas a emoção foi até o final. Se o time não vinha encantando e se destacava mais pela defesa, a menos vazada até a li, do que pelo ataque, ao menos desta vez mostrou seu enorme potencial ofensivo, chutando um número recorde de vezes no gol, 38, e saindo de campo vibrando muito com uma vitória dura.
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O jogo começou muito movimentado. Aos 22 minutos, um contra-ataque que tinha tudo para ser mortal para os belgas. Vertonghen avançou pelo meio e tocou para De Bruyne, que tentou cortar para dentro e bater, mas errou e mandou para fora. Eram constantes os lances que a Bélgica aproveitava os espaços deixados pelos lados do campo, especialmente no lado direito da defesa americana. Johnson, que tem sido um dos melhores do time, dava muitos espaços às suas costas e não tinha cobertura. Acabou saindo, com uma aparente lesão muscular. Entrou Yedlin, que manteve o time com força ofensiva pelo lado direito, usando sua habilidade.
A Bélgica cresceu pouco a pouco no jogo. Ofensivamente, fez a sua melhor partida na Copa do Mundo. Criou muitas chances e passou a fazer o goleiro Howard trabalhar, e trabalhar muito. O americano teve que intervir muitas vezes. Origi, o garoto que ganhou a posição no centro do ataque belga, se movimentou e deu chances. Foi em uma delas que o atacante fez o pivô e colocou Mirallas na cara do gol, ele bateu cruzado e Howard fez uma grande defesa. A pressão da Bélgica parecia ser insustentável. Vieram chutes de Hazard, Kompany, De Bruyne… Ou os belgas erraram o alvo, ou Howard impediu o gol.
Sem saída para o ataque, os americanos sofreram demais com a pressão. O segundo tempo foi quase um ataque contra defesa, com so belgas errando demais no ataque, hora por demorar a definir, hora por erros de passe no momento final. Além, claro, das boas intervenções de Howard embaixo das traves. As chances belgas se sucederam e o time bateu o recordes de chutes em um só jogo, com mais de 30. Só que o futebol é pródigo em dar chances aos mais fracos. E no último minuto do jogo, Wondolowski recebeu uma bola ajeitada perfeitamente por Jones, mas pegou muito mal e perdeu.
Na prorrogação, não deu para segurar muito tempo. Logo a três minutos os belgas conseguiram o gol com De Bruyne. Os americanos não conseguiram ameaçar tanto quanto tentaram, mas deram ainda mais espaços. E em um deles, no final do primeiro tempo da prorrogação, Lukaku marcou mais um. Parecia encerrar o confronto. Mas não foi assim.
No início do segundo tempo, Julian Green entrou em campo e, em uma linda bola de Bradley, diminuiu o placar. Os belgas cansaram e os americanos cresceram no jogo. Passaram a pressionar jogando muitas vezes pelos lados do campo, com a força de laterais muito ofensivos. Os volantes Cameron e Jones viraram praticamente meias. Em uma cobrança de falta ensaiada, Bradley tocou para o meio e ema linda troca de passes acabou em uma finalização de Dempsey, que parou em Courtois.
Até o final, os americanos foram raçudos, buscaram o jogo, tentaram muitas jogadas, meio no desespero, jogando bolas na área e mostrando um grande preparo físico. Os belgas tiveram que se segurar e aguentaram a pressão. os americanos deixam a Copa, mas podem se orgulhar do que fizeram, dentro e fora de campo. O time de Klinsmann se mostrou um adversário duro de ser batido por todos os times e fizeram uma partida espetacular com a Bélgica. Para os dois times, será uma partida a ser lembrada. E os argentinos que se cuidem, porque fica claro que os belgas darão muito trabalho também aos bicampeões mundiais. E agora eles já têm um jogo para chamar de teste desse time.
FICHA TÉCNICA
Bélgica x Estados Unidos
Bélgica
Thibaut Courtois; Toby Alderweireld, Vincent Kompany, Daniel Van Buyten e Jan Vertonghen; Axel Witsel e Marouane Fellaini; Dries Mertens (Kevin Mirallas, 15'/2T), Kevin de Bruyne e Eden HazardNacer Chadli, 6'/2TP); Divock Origi (Romelu Lukaku, 45'/2T). Técnico: Marc Wilmots
Estados Unidos
Tim Howard; Fabian Johnson (DeAndre Yedlin, 32’/1T), Omar González, Matt Besler e DaMarcus Beasley; Geoff Cameron; Graham Zusi (Chris Wondolowski, 27'/2T), Jermaine Jones, Michael Bradley e Alejandro Bedoya (Julian Green, 2'/2TP); Clint Dempsey. Técnico: Jürgen Klinsmann
Local: Arena Fonte Nova, em Salvador
Árbitro: Djamel Haimoudi (ALG)
Gols: De Bruyne, 3'/1TP, Lukaku, 15'/1TP, Green, 2'/2TP
Cartões amarelos: Kompany, Cameron
Cartões vermelhos: nenhum
Tim Howard

Os Estados Unidos levaram o jogo para a prorrogação muito por causa do seu goleiro. O americano fez 14 defesas no jogo e foi mais um goleiro a se destacar muito. O americano teve intervenções cruciais que fizeram com que os belgas tivessem que ser quase perfeitas. Os dois gols foram assim, de De Bruyne e Lukaku. Uma das melhores atuações de goleiro na Copa do Mundo, se não a melhor. Os americanos devem agradecer muito ao seu goleiro.
3'/1TP: GOL DA BÉLGICA!
Em um contra-ataque, a defesa americana deu espaço, Besler perdeu no jogo de corpo com Lukaku, que tinha acabado de entrar, e ele foi até a linha de fundo. Jogou para dentro da área, González desviou de leve e a bola sobrou para De Bruyne, que dominou e girou para bater no canto e marcar.
15'/1TP: GOL DA BÉLGICA!
Mais um contra-ataque belga nas avenidas americanas, sempre espaçosas pelos lados do campo. Desta vez, pelo lado direito da defesa, onde De Bruyne fez uma boa jogada e colocou na medida para Lukaku ganhar em velocidade e, de pé esquerdo, encher o pé para vencer o goleiro Howard e ampliar o placar.
2'/2TP: GOL DOS ESTADOS UNIDOS!
Lindo passe de Bradley pelo meio encontrando Green livre dentro da área. O atacante pegou de primeira, com biquinho da chuteira, e colocou os americanos de novo na partida.
Os belgas usaram o seu 4-2-3-1 tradicional, com Origi no centro do ataque, o que deu muita movimentação à equipe. De Bruyne pelo meio foi muito bem. Hazard não esteve bem, mas ainda foi perigoso pelo lado esquerdo e Mertens, pela direita, foi uma boa alternativa. Desta vez os laterais aproveitaram o espaço dado pela adversário, especialmente Vertonghen.
Já os americanos tiveram formações híbridas. Começou em um 4-1-4-1, com Cameron como volante e uma linha de quatro meio-campistas à sua frente. Mas a maior parte do tempo o time jogou no 4-2-3-1, com Jones recuando para formar a dupla de volantes ao lado de Cameron, deixando Bradley mais à frente como meia com Bedoya e Zusi pelos lados do campo. Só que os laterais deixaram espaços muito grandes, o que foi um problema o jogo todo, inclusive nos dois gols sofridos.
14
Esse é o maior número de defesas de um goleiro em um só jogo desde que a Opta começou a medir as estatísticas da Copa, em 1966. Foi o número de defesas de Howard na partida e isso mostra o tamanho da partida. Foi o jogo desta Copa do Mundo com mais chutes a gol, 52 no total, sendo 38 deles da Bélgica. O maior número de chutes de um time em um só jogo.