Copa do Mundo

Argentina aprendeu a sofrer e usa experiência para eliminar a Bélgica

A crônica

Argentina eliminou a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo com uma vitória apertada, 1 a 0, mas com domínio do jogo quase o tempo todo, mesmo com uma produção ofensiva baixa. Os belgas têm um time técnico, mas que não souberam lidar com o bom toque de bola argentino e só ameaçou mesmo os adversários no final do jogo, com chuveirinho na área. O gol no início do jogo deu aos argentinos a chance de controlar as ações e foi o que o time fez muito bem durante todo o tempo. A Argentina tomou susto nos minutos finais, é verdade, porque a Bélgica foi para o tudo ou nada, mas o time mereceu a vitória e sua primeira semifinal de Copa do Mundo desde 1990.

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Assim como o Brasil contra a Colômbia, que entrou em campo depois de sofrer demais contra o Chile, a Argentina também parece que resolveu mais usar a sua experiência para o confronto com a Bélgica. E aproveitou mais as características do time adversário, que ao contrário dos suíços, tentou jogar mais. A Bélgica dá mais espaço para jogar, só que também não soube como fazer isso. Já a Argentina teve uma boa atuação, com Messi, Di María, Lavezzi e Higuaín com boas atuações. Nenhum deles foi brilhante, mas a experiência de todos foi importante. Messi muitas vezes segurou a bola, puxou a marcação e fez a Bélgica ter trabalho para marcá-lo.

Logo no primeiro minuto de jogo, a torcida brasileira gritou “olé”  a cada passe do time belga,  em mais uma demonstração do espírito galhofeiro que tomou conta do Mundial no Brasil. Mas a a posse de bola dos belgas não durou muito. A Argentina conseguiu armar alguns ataques perigosos, especialmente com Messi, e fez o time vermelho se assustar e recuar um pouco. A Argentina cresceu no jogo, sob o comando de Messi. Foi uma jogada que começou com ele, mas protagonizada por Higuaín, que a Argentina abriu o placar.

Depois do gol, a Argentina, que gosta de ter a bola, passou a valorizá-la ainda mais. A perda de Di María, que deixou o campo lesionado, fez Sabella colocar Enzo Pérez. O jogador do Benfica, que ganhou a sua vaga na seleção nos últimos meses de preparação, pode jogar como segundo volante ou meia aberto pelo lado do campo. Foi nesta segunda função que ele entrou, mas é muito mais defensivo que Di María, até por característica. E, assim, ele e Lavezzi voltavam muito pelos lados do campo, fazendo o 4-2-3-1 virar quase um 4-4-2, com Messi mais à frente com Higuaín, mas voltando bastante.

Se a Argentina perdeu Di María no jogo, ganhou Higuaín. O centroavante foi mais participativo, mais perigoso. Contra a Suíça, ele foi o argentino que mais distância percorreu o campo, mas pouco tinha participado ofensivamente do jogo. Foi taticamente importante, mas não conseguiu fazer o que dele se esperava. Contra a Bélgica ele conseguiu e, por pouco, quase não marcou um golaço no segundo tempo, depois de driblar Kompany colocando a bola entre as pernas do zagueiro e chutar, mas a bola bateu no travessão e saiu. Messi, já no final do jogo, teve uma chance de ouro em um contra-ataque, arrancou livre, mas Courtois defendeu bem o chute do camisa 10. Depois, os belgas tentaram o abafa, muitas bolas na área, algum susto, mas no final os argentinos pareciam muito mais preparados para ficar com a vaga.

A defesa da Argentina, que não vinha sendo confiável, desta vez foi bem. Vale ressaltar Demichelis, que entrou no time e deu mais segurança que Federico Fernández. A entrada de Biglia no meio-campo também aumentou a confiabilidade do time, que passou a ter mais proteção e mais estabilidade no setor, algo que Gago não ofereceu nos jogos que fez. O time soube se posicionar, soube até sofrer no final, embora longe do que foi contra a Suíça, quando a classificação ficou mesmo a perigo. A Argentina vai à semifinal e chega com força para brigar pelo título. Especialmente tendo Lionel Messi como o grande líder técnico e um craque que parece maduro.

FICHA TÉCNICA

Argentina 1×0 Bélgica

Argentina

Argentina escudoSergio Romero; Pablo Zabaleta, Ezequiel Garay, Martín Demichelis e José Basanta; Javier Mascherano e Lucas Biglia; Ángel Di Maria (Enzo Pérez, 33'/1T), Lionel Messi e Ezequiel Lavezzi (Rodrigo Palacio, 25'/2T); Gonzalo Higuaín (Fernando Gago, 36'/2T). Técnico: Alejandro Sabella

Bélgica

Bélgica EscudoThibaut Courtois; Tobt Alderwireld, Daniel van Buyten, Vincent Kompany e Jan Vertonghen; Marouane Fellaini e Axel Witsel; Kevin Mirallas (Dries Mertens, 14'/2T), Kevin De Bruyne e Eden Hazard (Nacer Chadli, 30'/2T); Divock Origi (Romelu Lukaku, 14'/2T). Técnico: Marc Wimots

Local: Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília
Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA)
Gols: Higuaín, 8'/1T
Cartões amarelos: Hazard, Alderweireld, Biglia
Cartões vermelhos: nenhum

O cara

Ezequiel Garay

A defesa da Argentina é justamente criticada muitas vezes nos últimos anos. O time teve que confiar no seu ataque muitas vezes para vencer o jogo, tropeçou outras vezes por causa dos seus defensores. Desta vez, Garay foi um ponto de segurança da zaga. É verdade que três vezes ele protagonizou lances que foram sustos da defesa, com cortes perigosos. Mas em todos eles, era preciso intervir e o zagueiro interveio, mesmo desviando a bola para trás. Além disso, afastou a bola da defesa 11 vezes, todas corretas, além de seis interceptações, e ainda venceu quatro duelos pelo alto. Foi muito bem no jogo ao lado de Demichelis, o que deve fazer Sabella repetir a dupla até o final.

Os gols

8’/1T: GOL DA ARGENTINA!

Messi segurou bem a bola pelo meio, marcado por três jogadores, e tocou para Di María, aberto pelo lado direito. O meia tocou para Higuaín dentro da área e ele, em vez de dominar, girou e bateu de primeira, acertando um belo chute para abrir o placar.

A Tática

Argentina x Bélgica

O técnico argentino, Sabella, resolveu manter o esquema que foi bem contra a Suíça, com a volta do 4-2-3-1. Di María jogou pela direita, enquanto esteve em campo, com Lavezzi pela esquerda. Messi centralizado como armador rendeu muito bem e criou boas chances para a argentina. Tirar a bola do camisa 10 é missão bem complicada. A Argentina conseguiu domar a Bélgica na maior parte do jogo. Os belgas entraram em campo também com um 4-2-3-1, mas Mirallas, De Bruyne e Hazard não estiveram nos seus melhores dias. Origi foi bem marcado e ficou isolado no ataque.

A Estatística

 44

Número de passes que Javier Mascherano fez no jogo. Ele é o segundo jogador que mais fez passes na Copa do Mundo até aqui, com 465, menos apenas que Philipp Lahm, que fez 471. Ele tem sido o primeiro homem para sair jogando no time argentino e mesmo fazendo a maioria dos passes mais simples, ele tem sido importante. Além da marcação, que é a sua grande função no time.

Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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