Colômbia 2×0 Uruguai: Cafeteros são uma orquestra sob a regência de James
A Colômbia venceu sem grandes dificuldades o Uruguai por 2 a 0 e é o segundo classificado para as quartas de final da Copa do Mundo. Os Cafeteros terão pela frente o anfitrião Brasil, e, pelo o que vimos nas duas partidas deste sábado, dá para dizer com tranquilidade que a seleção brasileira precisará não apenas melhorar, mas talvez até nascer de novo para poder bater de frente com o time comandado por José Pekerman. A Celeste foi a quarta vítima colombiana nesse Mundial. Além de efetivo, o futebol apresentado pela Colômbia encanta pela objetividade e plasticidade, pelo ritmo intenso, e o principal responsável por isso é o grande maestro da equipe, o garoto James Rodríguez.
Desde os primeiros minutos do jogo, a Colômbia estabeleceu sua superioridade em relação ao Uruguai. A primeira boa chance do jogo foi dos Cafeteros, aos 12 minutos, com Juan Zúñiga avançando e finalizando forte de fora da área, forçando Muslera a rebater. Com maior posse de bola, melhor passe e melhores jogadores, os colombianos se mantinha no ataque, e aos 28 minutos conseguiu abrir o placar.
Mario Yepes tentou levantar a bola na área, a zaga uruguaia afastou, e o zagueiro colombiano voltou a mandar para a frente, de cabeça. Na intermediária, James Rodríguez recebeu a bola, dominou no peito já virando o corpo e, sem deixá-la cair, acertou um belo chute de direita, mandando a bola no travessão e no chão antes de balançar a rede de Muslera. Golaço!
Cerca de quatro minutos depois, o Uruguai tentou responder com cobrança de falta de Edinson Cavani, que pegou bem na bola, mas mandou por cima do ângulo direito de Ospina. A oportunidade da Celeste, em bola parada, foi uma das poucas na primeira etapa, mas o goleiro colombiano ainda teria de trabalhar bastante no segundo tempo. A etapa complementar foi mesmo de controle absoluto da Colômbia, que terminou com aproximadamente 65% de posse de bola e muito mais jogadas ofensivas. Um número significativo para explicar a diferença entre as duas equipes era a precisão no passe. Enquanto os Cafeteros haviam completado 216 passes, uma precisão de 85% do total tentado, o Uruguai havia acertado apenas 67%, ou 111 passes, número baixíssimo.
No segundo tempo, o Uruguai não teve nem tempo de demonstrar uma mudança de paradigma no jogo e levou o segundo golpe logo no começo. Aos cinco minutos da etapa complementar, Jackson Martínez recebeu a bola fora da área, rolou para Armero na esquerda, e o lateral cruzou a bola para a segunda trave. Lá, Cuadrado apareceu para ajeitar de cabeça, e Rodríguez, dentro da área, completou para a rede, ampliando para 2 a 0.
Pela necessidade uruguaia, e também pela pequena tirada de pé colombiana, o Uruguai cresceu no jogo, diminuiu a diferença na posse de bola e passou a levar perigo ao gol colombiano. Não deu para amenizar a desvantagem no placar, muito menos para empatar, claro, mas essa mudança de postura uruguaia trouxe à tona outro grande personagem para o jogo: o goleiro Ospina.
Primeiro, aos 18 minutos do segundo tempo, Cristian Stuani, que havia entrado há pouco tempo, assustou com um chute forte, de fora da área, forçando Ospina a buscar a bola no ângulo esquerdo, com grande defesa. Depois, aos 33 minutos, Maxi Pereira apareceu bem dentro da defesa colombiana e chutou, mas teve o goleiro no meio do caminho para evitar o gol. Por fim, Cavani, aos 39 minutos, chutou rasteiro, forte, no canto direito do gol, e Ospina caiu para fazer grande defesa e manter a defesa cafetera intacta na partida.
Já projetando o encontro das quartas de final, é bom destacar que a Colômbia foi hoje tudo o que o Brasil não foi diante do Chile. Mais importante ainda, esse futebol do time de Pekerman tem tido esse nível durante toda a competição, e por isso chega às quartas pela primeira vez na história da seleção colombiana. O ataque joga com facilidade, faz tudo parecer muito natural, e o número de atletas capazes de mudar um jogo individualmente é grande. A seleção brasileira foi pesada no ataque, não conseguiu criar chances na base do toque, e o meio de campo praticamente não existiu.
Tanto colombianos quanto brasileiros contam com camisas 10 decisivos, habilidosos e que não se escondem (apesar dos 22 anos de idade). James Rodríguez não joga sozinho, e a ótima companhia na frente, somada ao fato de o time ser bem treinado, otimiza seu futebol. Já, no Brasil a dependência dos lampejos de Neymar é clara, e quando o jogador não consegue fazer isso, como neste sábado, a zaga adversária tem vida tranquila. Atualmente, há um favorito claro para esse jogo das quartas, e não é o anfitrião.
Colômbia 2×0 Uruguai
Colômbia
David Ospina; Juan Zúñiga, Cristián Zapata, Mario Yepes e Pablo Armero; Abel Aguilar, Carlos Sánchez, Juan Cuadrado (Fredy Guarín, 36'/2T), James Rodríguez (Adrián Ramos, 40'/2T) e Jackson Martínez; Teófilo Gutiérrez (Alexander Mejía, 23'/2T). Técnico: José Pekerman.
Uruguai
Fernando Muslera; Maxi Pereira, José Giménez, Diego Godín, Martín Cáceres e Álvaro Pereira (Gastón Ramírez, 8'/2T); Álvaro González (Abel Hernández, 22'/2T), Egidio Arévalo Rios e Cristian Rodríguez; Edinson Cavani e Diego Forlán (Christian Stuani, 8'/2T). Técnico: Óscar Tabárez.
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro
Árbitro: Bjorn Kuipers (HOL)
Gols: James Rodríguez, 28'/1T, James Rodríguez, 5'/2T
Cartões amarelos: José Giménez, Diego Lugano e Pablo Armero
Cartões vermelhos: nenhum
James Rodríguez
Com apenas três finalizações, o garoto, de apenas 22 anos, fez os dois gols da partida, um deles um golaço, talvez o mais bonito da Copa. Tocou bastante na bola e mostrou muita tranquilidade como o líder do ataque colombiano. Já soma cinco gols na competição e duas assistências.
28’/1T: GOL DA COLÔMBIA!
Yepes toca de cabeça, James Rodríguez domina no peito e gira batendo sem deixar cair. A bola bate no travessão e no chão antes de balançar a rede. Golaço!
5’/2T: GOL DA COLÔMBIA!
Jackson Martínez recebe na intermediária e abre para Armero. O lateral então cruza na segunda trave para Cuadrado, que ajeita de cabeça para o meio da área. James Rodríguez, bem posicionado, finaliza tranquilamente para fazer 2 a 0.
Com cinco defensores, o Uruguai liberava mais Álvaro Pereira para apoiar pela esquerda que Maxi Pereira, que ficava mais preso na direita. Até pelas características de seus atacantes, Forlán era o que buscava um pouco mais a bola, enquanto Cavani era o jogador para finalizar as jogadas. No meio de campo, Cristian Rodríguez era o que tinha maior liberdade para atacar. Já na Colômbia, diante da postura uruguaia, ambos os laterais atacavam, com Zúñiga, em especial, chegando bem. Cuadrado foi o ponta direita fixo, enquanto Martínez, aberto na esquerda, caía para o meio.
71.4%
James Rodríguez marcou cinco gols em apenas sete chutes a gol nesta Copa do Mundo. Precisão do colombiano é de 71.4%.