Chávez liderou o bombardeio do México e anotou um lindo gol, mas o prêmio de melhor em campo pouco vale diante da frustração
Luis Chávez marcou um golaço de falta e deu trabalho ao goleiro Al-Owais com seus chutes de longe, mas El Tri ficou pelo caminho

O México demorou três partidas para desembarcar na Copa do Mundo. Quando finalmente apareceu de corpo e alma no campo, já era tarde demais. El Tri fez sua melhor atuação no Mundial e venceu a Arábia Saudita por 2 a 1. Alguns podem até reclamar da falta de saldo, com um caminhão de chances criadas que acabaram sem ser convertidas. Entretanto, o preço maior que o time de Tata Martino paga é pela falta do mesmo ímpeto contra Polônia e Argentina. Não dava para atuar de maneira mais agressiva? E entre os incômodos que são só hipóteses, pelo menos a equipe ganhou um xodó no triunfo que pouco valeu. Luis Chávez fez uma senhora partida. Insuficiente, mas a melhor atuação individual do time nesta decepcionante participação.
Chávez partiu em alta para o Catar. O meio-campista de 26 anos é um dos principais jogadores do Pachuca nos últimos anos e seria importante na recente conquista do Torneio Apertura do Campeonato Mexicano. Mesmo num setor cheio de medalhões, como Héctor Herrera e Andrés Guardado, ou então de outros em atividade na Europa, a exemplo de Edson Álvarez e Erick Gutiérrez, o volante manteve seu lugar cativo. Ingressou no time durante a reta final das Eliminatórias e não saiu mais. Participou dos 90 minutos nos três compromissos da Copa.
O desempenho de Chávez seria um pouco melhor contra a Polônia, mais apagado contra a Argentina. De qualquer maneira, não dava para exigir muito do meio-campista num México tão retraído e sem coragem para atacar. Era um time que indicava enormes limitações e sequer se esforçava para apresentar um repertório. Normal que um volante designado para marcar acabasse apagado na falta de transição ofensiva. O duelo contra a Arábia Saudita, em compensação, ligou um sinal de alerta. El Tri precisava da vitória de qualquer maneira. E nessa fluidez que o camisa 24 apareceu.
O mais importante do México nesta noite é que o time não teve medo de atacar. Partiu para cima, com um primeiro tempo positivo, até que viesse o bombardeio da segunda etapa. Chávez teria carta branca para arriscar. O meio-campista executou nove dos 26 chutes dos mexicanos na noite. Tentou bastante de fora da área, desde a primeira etapa, quando a pontaria não estava tão boa. Já depois do intervalo, sua precisão especialmente nas bolas paradas valeu demais para a equipe nacional.
O goleiro Mohammed Al-Owais travaria um duelo particular com Chávez. E não conseguiria buscar a falta perfeitamente cobrada pelo meio-campista aos sete minutos do segundo tempo. É verdade que o saudita poderia fazer melhor, sem saltar tanto. Nada que anule os méritos do camisa 24, com enorme categoria para mandar a pelota no fundo da meta. E um detalhe é que aquela cobrança veio de canhota. Minutos depois, seria a vez de buscar o ângulo com a direita. Al-Owais voou na gaveta e conseguiu se redimir. A qualidade do meio-campista estava expressa. Faltou mesmo ao restante dos companheiros exibirem a mesma precisão.
Quando o México dependia ainda de só mais um gol para se classificar, Salem Al-Dawsari descontou no final e provocou um enorme banho de água fria. Todo o empenho dos 90 minutos foi em vão. Chávez, na saída do estádio, não escondeu o lamento: “É muita frustração. Durante as primeiras partidas ficamos devendo muito e nessa não conseguimos alcançar o placar. Tivemos uma desatenção no final e isso acaba nos deixando fora. Veremos o que acontecerá, quem deve sair dessa seleção. Isso não pode acontecer, o México precisa passar da fase de grupos. Colocamos como meta a quinta partida e não conseguimos”.
Chávez certamente não é desses nomes para sair das convocações. O meio-campista pode não ser tão badalado, mas apresentou seu valor nesta despedida da Copa. Se a participação do México não é um desastre completo, muito tem a ver com a atuação do camisa 24. Ele volta para casa com um prêmio de melhor em campo e um golaço num Mundial para recordar pelo resto da vida. Sabe, porém, que tudo veio tarde demais. E não necessariamente só por sua responsabilidade. Faltou muito mais para se apoiar, especialmente um treinador.