Copa do Mundo

Parece que a Copa do Mundo no Brasil ensinou alguma coisa à Fifa para 2018

A relação entre o governo brasileiro e a Fifa ficou arranhada pelos problemas antes da Copa do Mundo, mas parece que tudo que a entidade enfrentou no Brasil ensinaram algumas lições. Uma delas é que os gastos excessivos do governo podem se voltar contra a Fifa. Então, Joseph Blatter, presidente da Fifa, já deu declarações dizendo que é preciso controlar os gastos e já falou até sobre redução do número de sedes para isso, de 12, como foi no Brasil e está programado para a Rússia, para 10.

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O Brasil gastou US$ 28 bilhões no total, entre gastos dos governos federal, estaduais e municipais, além de setores privados, como os clubes que possuem estádios da Copa. O montante, US$ 11 bilhões, é o maior já gasto em uma Copa do Mundo, mas o recorde deve ser batido pela Rússia. Vitaly Mutko, ministro do esporte da Rússia, apresentou à imprensa detalhes sobre os planos da Rússia para a Copa e disse que o país separou US$ 20 bilhões para os gastos com o torneio – US$ 9 bilhões a mais que o Brasil.

“É óbvio que a Copa do Mundo tomou uma dimensão que a organização é um trabalho duro para o país organizador e para a Fifa”, afirmou o suíço, no comando da Fifa desde 1998. “A Fifa está olhando para 2018 agora e estamos em discussões sobre qual é o número ideal para a organização e mantê-lo de tal maneira que seja possível, razoável e controlável”, disse ainda o dirigente.

Uma das formas de diminuir custos é ter menos sedes. Essa é uma ideia com a qual Blatter trabalha. “É um país de futebol, mas nós teremos reuniões em setembro para ver se 12 é o número certo e mesmo se pode ser reduzido para 10”, explicou Blatter. A Rússia terá 11 cidades-sede, com 12 estádios, uma vez que Moscou terá dois deles. Só que isso não foi falado com os russos. “É a primeira vez que ouço sobre isso, nós não sabemos nada disso”, rebateu Alexei Sorokin, executivo chefe do Comitê Organizador da Copa de 2018.

Blatter sabe que um dos problemas que se reclama é a produção de elefantes brancos, que ficam abandonados depois do evento. É um temor comum em Copas do Mundo e Olimpíadas. E que a Fifa viu recentemente acontecer – e há uma grande chance de ver de novo, já que alguns dos estádios brasileiros devem ficar sem muito uso. “Não estaremos na situação como é o caso de um, dois ou até três estádios na África do Sul, onde é um problema do que fazer com esses estádios”, declarou Blatter.

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Parece que a Copa do Mundo de 2014 no Brasil ensinou um pouco à Fifa. Talvez a entidade precise rever algumas das exigências do seu tão falado caderno de encargos, enxugar os excessos, e não deixar que a politicagem tome conta enquanto a entidade bate palmas. Os gastos no Brasil foram muito questionados e a Rússia deve ultrapassar ainda mais esses gastos. A Fifa talvez tenha percebido que se ela não se preocupar com isso, como não se preocupa, a culpa se volta para ela e a população cobra, de alguma forma. Os sustos da Copa das Confederações e tudo que aconteceu na Copa do Mundo talvez deixem o legado para a Fifa que as exigências nos estádios são importantes e devem ser feitas, mas o Mundial é feito de pessoas.

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Foto de Felipe Lobo

Felipe Lobo

Formado em Comunicação e Multimeios na PUC-SP e Jornalismo pela USP, encontrou no jornalismo a melhor forma de unir duas paixões: futebol e escrever. Acha que é um grande técnico no Football Manager e se apaixonou por futebol italiano (Forza Inter!). Saiu da posição de leitor para trabalhar na Trivela em 2009, onde ficou até 2023.
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