Copa do Mundo

Aliou Cissé: “O futebol africano está melhorando, iremos evoluir com infraestrutura e políticas públicas”

"Não devemos desanimar. Não dá para depender de uma geração espontânea para dar um salto"

Aliou Cissé completou sua segunda Copa do Mundo à frente de Senegal. O treinador possui um peso histórico para o futebol em seu continente, ao conquistar a Copa Africana de Nações e ser vice em outra edição, além de levar os Leões da Teranga a dois Mundiais. Apesar da eliminação sofrida contra a Inglaterra, o comandante avalia que a participação dos senegaleses no torneio foi positiva. E afirmou que o futebol africano precisa seguir investindo, especialmente em estruturas, para almejar campanhas mais longas.

“O futebol africano está melhorando. Mas você não decreta com isso que uma seleção será campeã mundial. Com infraestrutura e políticas públicas, iremos evoluir. Há um desejo de formar treinadores, árbitros. Não devemos desanimar. Não dá para depender de uma geração espontânea para dar um salto”, analisou Aliou Cissé. “Estamos numa Copa do Mundo. Aqui estão os melhores times. Senegal é o 18° no ranking da Fifa. Do outro lado, a Inglaterra está entre os cinco melhores. É um processo de progressão. Estamos trabalhamos para elevar nosso nível. Precisamos continuar competindo com esses adversários de tal magnitude”.

Sobre a partida, Aliou Cissé preferiu reconhecer a superioridade da Inglaterra do que necessariamente reclamar de Senegal: “Nossos 30 primeiros minutos foram interessantes, mas não conseguimos marcar gols. E a partida dura 90 minutos. A Inglaterra é um time muito bom, forte nos duelos e com impacto físico. Percorremos um longo caminho para chegar ali. Dois ou três rapazes poderiam nos ajudar mais, mas havia uma grande diferença entre os dois times. Trabalhamos por anos para chegar neste ponto, mas a Inglaterra é a quinta no ranking e a diferença se notou”.

Para o técnico, não houve um problema na forma de encarar a partida: “Não era uma questão de mentalidade. Tenho orgulho dos meus rapazes. Precisamos admitir a superioridade da Inglaterra. Isso nos fez recuar. O segundo gol deles pesou na gente, mas foi especialmente o terceiro que nos tirou do jogo. Eu elogio a mentalidade da minha equipe. Eles não desistiram e seguiram em frente, independentemente disso”.

Além do mais, mesmo que admita as dificuldades defensivas inesperadas, Cissé não vai mudar o sistema: “Não esperava tantos gols. Nossa força sempre foi a base defensiva. Vejo que desde o início desse torneio sofremos gols com frequência, mas também marcamos. É surpreendente. No geral, nossa defesa nos permite fazer a diferença. Não esperávamos esse placar”.

Por fim, Cissé falou sobre o desfalque de Sadio Mané no Mundial, que pesou bastante: “Inevitavelmente, a ausência de um jogador do calibre de Sadio pesa. Mas todo o coletivo tinha qualidade. Estou satisfeito com nossos quatro jogos”. Senegal também não contou com Cheikhou Kouyaté e Idrissa Gana Gueye em seu meio-campo no compromisso final, outras duas ausências sensíveis.

Foto de Leandro Stein

Leandro Stein

É completamente viciado em futebol, e não só no que acontece no limite das quatro linhas. Sua paixão é justamente sobre como um mero jogo tem tanta capacidade de transformar a sociedade. Formado pela USP, também foi editor do Olheiros e redator da revista Invicto, além de colaborar com diversas revistas. Escreveu na Trivela de abril de 2010 a novembro de 2023.
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