Alexis escreve o nome dos Mac Allister nas Copas depois de seu pai virar até figurinha, mas se ausentar em 1994
Carlos Mac Allister auxiliou na classificação para a Copa de 1994, mas não esteve nos EUA; 28 anos depois, seu filho mais novo escreve o nome da família nos Mundiais

A lembrança de muita gente sobre Carlos Mac Allister na seleção argentina é mais viva do que suas três aparições pela Albiceleste sugerem. Tudo bem que o “Colorado” fez parte da classificação mais tensa da equipe para Mundiais, presente na passagem sobre a Austrália na repescagem para a Copa de 1994. Entretanto, sua fotografia só é duradoura graças à presença no álbum de figurinhas da Panini. No fim das contas, Mac Allister não disputou o Mundial dos Estados Unidos. E quis o destino que seu filho, Alexis, colocasse o nome da família pela primeira vez nas Copas – mesmo sem estar no álbum. O meio-campista também ajudou a recontar aquilo que poderia ser um drama para os argentinos, mas terminou como contundente vitória. Espantando temores, o Mac Allister filho abriu os 2 a 0 sobre a Polônia, que botam o time de Lionel Scaloni nas oitavas de final.
Alexis Mac Allister nasceu em La Pampa, no interior da Argentina. Foi por lá que seu pai se estabeleceu depois de uma respeitável carreira como lateral, que incluiu passagens por Argentinos Juniors e Boca Juniors – além da figurinha no álbum de 1994, claro. Ao lado do irmão Patricio, também ex-jogador do Estudiantes, Carlos fundou uma escolhinha de futebol para desenvolver os talentos em La Pampa. Seus maiores pupilos? Os três filhos, todos jogadores profissionais. Mais velho, Francis começou no Argentinos Juniors e passou pelo Talleres, antes de defender o Rosario Central no último ano. O do meio, Kevin, continua no Argentinos Juniors, depois de um empréstimo ao Boca. O craque é mesmo o caçula, que conseguiu superar o pai.
O talento de Alexis Mac Allister é claro desde os tempos de Argentinos Juniors, onde se consolidou com a ajuda de Gabriel Heinze. Contratado pelo Brighton, o meio-campista ainda permaneceu mais alguns meses na Argentina antes de se mudar à Inglaterra. Passou por um empréstimo ao Boca Juniors e agradou na Bombonera, como um jogador muito dinâmico no meio-campo. Não foi o peso de uma Libertadores que intimidou o garoto, apesar da queda diante do River Plate nas semifinais. Seus próximos passos seriam dados na Premier League.
Alexis Mac Allister levou um tempo para se consolidar no Brighton. Depois de uma temporada e meia como reserva, o meio-campista assumiu a posição de titular em 2021/22. E a crescente com o clube vinha acompanhada também pelos serviços prestados às seleções de base. O garoto passou pelo time sub-20, antes de integrar a seleção olímpica rumo aos Jogos de Tóquio. A campanha da Albiceleste decepcionou, mas não interrompeu sua afirmação na seleção principal meses depois.
Depois de ganhar convocações isoladas em 2019 e 2020, Alexis Mac Allister se tornou opção para a Argentina realmente a partir de janeiro de 2022. Entrou bem em partidas das Eliminatórias e virou uma carta na manga. O sucesso na Premier League também ajudava. Se o Brighton se tornou uma das surpresas da competição sob as ordens de Graham Potter, o papel do camisa 10 na faixa central era essencial. O novato se provava cada vez mais como uma alternativa para Lionel Scaloni. Com a ausência de Giovani Lo Celso e a queda de Leandro Paredes, uma oportunidade ao filho do Colorado se tornava natural.
Reserva contra a Arábia Saudita, Mac Allister ganhou sua chance contra o México. Não foi de todo mal, embora a Argentina tenha feito uma atuação sofrível até marcar o gol. Independentemente disso, o jovem permaneceu na equipe titular. A entrada de Enzo Fernández auxiliou demais o funcionamento da Albiceleste diante da Polônia. Ainda assim, o companheiro ao lado também se beneficiou. Mac Allister esteve entre os melhores em campo, com direito ao gol que inaugurou a contagem.
O lance do gol conta com uma pitada de sorte. Mac Allister pegou mascado na bola, mas só assim para vencer Wojciech Szczesny na noite. E a atuação do camisa 20 teve muito mais que o lance do tento. O meio-campista deu muita fluidez no lado esquerdo do time, acelerando e aparecendo no apoio. Manteve um aproveitamento excepcional de 96% dos passes acertados, 50 de 52 no total. E não que tenha dado só toques para o lado, com três deles servindo finalizações dos companheiros. O jovem também teve seu arremate frustrado por Szczesny. E ainda garantiu boa pegada com três desarmes, líder do time no quesito. Foi completo.
Alexis Mac Allister não terá uma foto no álbum da Panini para mostrar aos filhos, pelo menos por enquanto. Mas terá um retrato seu comemorando um gol em Copa do Mundo. Por aquilo que demonstrou contra a Polônia, a história do meio-campista na Albiceleste não para por aí, com tempo para fazer bem mais aos 23 anos. O velho Colorado Mac Allister, que virou até deputado e ministro dos esportes tempos depois, sabe que o legado daquela figurinha está muito bem guardado.