A “invasão brasileira”: relembre 20 jogadores daqui que passaram pelo futebol suíço nos anos 1980 e 1990
A ampliação das vagas de estrangeiros abriu o mercado da Suíça para o talento sul-americano - com, claro, muitos brasileiros

Ao ampliar suas vagas para jogadores estrangeiros a partir da metade dos anos 1980, a liga suíça recebeu expressivo influxo de brasileiros (incluindo nomes muito conhecidos por aqui), chegando ao ápice no início da década seguinte. Era um momento em que a antiga Nationalliga (hoje Super League) se reposicionava como uma das portas de entrada para o futebol europeu. Entre nomes menos badalados que se consagraram no país e outros mais famosos que conseguiram fazer do torneio um trampolim para ligas maiores ou que apenas bateram e voltaram, relembramos 20 nomes daqui que chegaram ao campeonato helvético entre 1986 e 1995.
Até aquela segunda metade dos anos 1980, a presença de jogadores brasileiros na liga suíça tinha sido muito pontual. Os casos mais famosos foram a breve passagem do médio Fausto dos Santos, a “Maravilha Negra”, pelo Young Fellows de Zurique em 1933, já sofrendo da tuberculose que o mataria seis anos depois, e o atacante João José Altafini, o Mazzola, que, já naturalizado italiano, cruzou a fronteira para viver o epílogo de sua carreira nos pequenos Chiasso e Mendrisiostar nas divisões inferiores no fim da década de 1970.
Em abril de 1985 foi aprovado o aumento de um para dois no número de estrangeiros por clube na divisão de elite, abrindo de vez a Nationalliga ao mercado externo. De início, ela atraiu três perfis de atletas: medalhões buscando fim de carreira tranquilo, como os italianos Marco Tardelli (St. Gallen) e Giancarlo Antognoni (Lausanne) e os alemães Uli Stielike (Neuchâtel Xamax) e Karl-Heinz Rummenigge (Servette); destaques de países das prateleiras médias da Europa; e os sul-americanos, pelos valores acessíveis e o chamariz do talento.
Já sob o ponto de vista dos brasileiros, surgia – para além de Portugal – uma nova vitrine para o mercado do Velho Continente, de olho especialmente na estelar e milionária Serie A da vizinha Itália. O Campeonato Suíço se tornava uma liga de entrada e um estágio de adaptação de jovens talentos canarinhos que ambicionavam voos mais altos. E com o passar dos anos sua presença aumentou gradualmente, até a “invasão brasileira” da temporada 1992/93, quando havia quase duas dezenas de nomes – de longe, o maior contingente no país.
Por fim, vale explicar que a partir da temporada 1987/88 a Nationalliga mudou seu regulamento, reduzindo o número de clubes na elite de 16 para 12 e abandonando o sistema de pontos corridos puro e simples, adotando um certame em duas etapas: na primeira, as 12 equipes se enfrentavam em turno e returno, com as oito melhores avançando para o octogonal decisivo – também com jogos em ida e volta – para o qual carregavam sua pontuação dividida pela metade, arredondada para cima em caso de número fracionado.
Enquanto isso, os quatro piores da Nationalliga A se juntavam aos quatro melhores da B num outro octogonal, de acesso e descenso, definindo quais seriam os outros quatro clubes da elite na temporada seguinte. Os brasileiros aqui citados conheceram bem as duas disputas.
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Sinval (Servette 1986-95)

Curiosamente, a relação entre o primeiro brasileiro daquela leva e o futebol suíço começou no Catar, durante um torneio disputado pela seleção brasileira de juniores no país do Oriente Médio em fevereiro de 1986. Ponteiro driblador revelado pela Ponte Preta no ano anterior, José Sinval de Campos atraiu os olheiros do Servette, um dos principais clubes da Suíça, e logo recebeu uma proposta. A contratação do jovem de 18 anos foi acertada no início de agosto, às vésperas do começo da temporada. Um novo mercado se abria.
Para a temporada 1986/87, os clubes poderiam inscrever três estrangeiros, sendo que apenas dois eram permitidos no time titular e um terceiro deveria ficar no banco. O Servette já contava com o volante francês Bernard Genghini e o meia dinamarquês John Eriksen, ambos com jogos de Copa do Mundo no currículo. Seriam os prováveis titulares. Mas o talento de Sinval brilhou de cara, fazendo aumentar a média de público do clube: todos queriam ver seus dribles que rendiam comparações com Garrincha. E Genghini foi para a reserva.
O Servette, que também tinha no elenco nomes de seleção suíça como o defensor Alan Geiger e os meias Michel Decastel e Lucien Favre, receberia na temporada seguinte um nome de primeira grandeza no futebol mundial de então: o alemão-ocidental Karl-Heinz Rummenigge, ex-Bayern e Internazionale. De início, a vinda do supercraque levou Sinval ao banco, mas logo eles formariam uma dupla letal no ataque dos grenás. Entretanto, naquele fim dos anos 1980 e início dos 1990, as conquistas andavam escassas em Genebra.
Seu único caneco levantado pelo clube viria quase no fim de sua longa passagem: o campeonato de 1993/94, quando, depois de terminar a fase de classificação apenas em quarto lugar, a equipe atropelou no octogonal decisivo. A base da equipe combinava nomes da seleção suíça (o goleiro Marco Pascolo, o zagueiro Andy Egli e os meias Christophe Ohrel e Marco Grassi) ao volante sueco Håkan Mild, o armador brasileiro Renato Carioca e o atacante Oliver Neuville, que mais tarde, ao se transferir para a Bundesliga, se naturalizaria alemão.
Sinval se tornaria ídolo reverenciado até hoje no Servette, mas não conseguiria sua tão almejada transferência para a concorrida Serie A italiana da época. Mas sairia, em 1995, para outra liga de grande prestígio na Europa, a da Espanha, onde oscilou entre a primeira e a segunda divisão por cinco temporadas defendendo o Mérida. Também jogaria no México (Pachuca), antes de retornar à Suíça para se juntar aos pequenos Etoile Carouge, Colex-Bossy e Fribourg, no qual encerraria a longeva carreira em 2008, aos 41 anos.
Paulo César (Bellinzona e Grasshoppers, 1986-90)
Ponta-direita muito veloz surgido no Botafogo de Ribeirão Preto, viveu seu melhor momento no São Paulo entre 1980 e 1984 (chegando a ser convocado para a Seleção por Telê Santana), antes de se transferir para o Corinthians em 1985. Foi um dos desbravadores brasileiros na Suíça e um dos mais vitoriosos a passarem por lá. Chegou ao pequeno Bellinzona na temporada 1986/87 e logo se destacou terminando em terceiro entre os artilheiros, com 20 gols. As grandes exibições o levaram ao Grasshoppers, um dos gigantes do país.
No clube de Zurique, atuou ao lado de nomes que, antes ou depois, fariam história no futebol da Suíça, como Andy Egli, Marcel Koller, Raimondo Ponte e Ciriaco Sforza. Também ficou em terceiro na artilharia nacional logo em sua primeira temporada, com 18 gols, e marcou um dos gols da vitória por 2 a 0 sobre o Schaffhausen na final da Copa da Suíça. No ano seguinte, sob o comando do alemão Ottmar Hitzfeld, também participou da nova conquista copeira, mas de modo mais discreto, entrando no fim da decisão contra o Aarau.
No entanto, problemas físicos começaram a minar sua contribuição ao time, e ele passou toda a temporada 1989/90 sem entrar em campo, assim como o início da de 1990/91 – e, com isso, não participou das campanhas vitoriosas do clube na liga em ambas. Em seguida, o “Capeta”, como era chamado, acabou retornando ao Brasil para defender o Coritiba.
Mário Sérgio (Bellinzona, 1986-87)
O veterano ponta-esquerda e meia-armador, que defendeu mais de uma dezena de clubes no Brasil, embarcou para sua segunda experiência internacional (a outra havia sido com o Rosario Central no fim dos anos 1970) junto com Paulo César, de quem fora companheiro no São Paulo em 1981 e 1982. Sua passagem pela Suíça, no entanto, foi bem menos expressiva, entrando em campo apenas seis vezes em uma solitária temporada. Logo ele voltaria ao Brasil para encerrar a carreira aos 37 anos após fazer um único jogo pelo Bahia.
Fernando Macaé (Bellinzona, 1987-88)
Meia-atacante que viveu grande fase no forte Bangu de meados dos anos 1980, Macaé foi outra aposta do Bellinzona em brasileiros, contratado do Botafogo em julho de 1987 após as saídas de Paulo César e Mário Sérgio. E se, assim como o “Vesgo”, não chegou a vingar na Suíça, fazendo apenas 18 jogos e um gol, aproveitou a chance como um trampolim para o mercado europeu, migrando para o Belenenses, onde atuaria por três temporadas.
Zé Maria (Neuchâtel Xamax, 1989-94)
Atacante que despontou como a grande revelação do Fluminense em 1987, chegando inclusive a figurar na seleção brasileira do Mundial de Juniores daquele ano, disputado no Chile, Zé Maria não chegou a confirmar as expectativas pelo ano e meio seguinte em que ficou em Laranjeiras. Mas ao se transferir para o futebol suíço, ganhou a chance de uma carreira sólida no Neuchâtel Xamax, clube que vivia o ápice de sua história naquela segunda metade dos anos 1980, vencendo seus dois títulos da liga e se consolidando nas copas europeias.
Nas cinco temporadas em que permaneceu no clube, o atacante baixinho e ágil que chegou a ser comparado com Romário ao surgir participou de campanhas importantes: foi vice-campeão da Copa da Suíça em sua primeira campanha (1989/90) e semifinalista da mesma competição em 1992/93. Na Europa, alcançou com o clube as oitavas de final da Copa da Uefa em 1991/92, em que os suíços caíram para o Real Madrid. A partir de 1994, ele rodaria pelos pequenos Winterthur, FC Naters e Yverdon, onde encerraria a carreira.
Mauro Galvão (Lugano, 1990-96)

Não é exagero dizer que o zagueiro ex-Internacional, Bangu e Botafogo foi o jogador brasileiro de maior prestígio a atuar no futebol suíço naquele período. Afinal, vinha de ser titular da seleção na Copa do Mundo da Itália. E se tornaria um pilar da defesa do clube do cantão de Ticino, que havia passado praticamente toda a década anterior na segunda divisão. Logo em sua primeira temporada, a de 1990/91, levou o clube ao quinto lugar, sua melhor colocação em 20 anos. Mas o bom momento dos alvinegros não ficaria só nisso.
Nas duas temporadas seguintes, o clube alcançaria a final da Copa da Suíça, perdendo a primeira para o Lucerna de virada na prorrogação e conquistando a segunda com goleada de 4 a 1 sobre o Grasshoppers – primeiro caneco do clube desde a vitória anterior na copa, em 1968. O título levaria o Lugano de volta aos torneios europeus, mas ele cairia para o Real Madrid na primeira fase da Recopa. Na temporada 1994/95, porém, o clube subiria ainda mais alto na liga: o vice-campeonato seria seu melhor resultado desde o título de 1949.
Seu maior momento continental viria em setembro de 1995, quando o zagueiro brasileiro liderou a equipe que despachou a Internazionale de Gianluca Pagliuca, Giuseppe Bergomi, Javier Zanetti e Roberto Carlos na Copa da Uefa. Na ida, no estádio de Cornaredo, o 1 a 1 parecia deixar os nerazzurri prontos para confirmar a vaga em casa. Mas no San Siro, o Lugano (que contava com um ex-interista, o russo Igor Shalimov) surpreendeu: o gol do chileno Eduardo Carrasco a quatro minutos do fim em falha de Pagliuca deu a vitória por 1 a 0.
Mauro Galvão ainda participaria das quatro primeiras partidas da campanha na liga em 1996/97. Mas no fim de julho receberia proposta para retornar ao Brasil defendendo o Grêmio. No Lugano, sua ausência foi sentida: o décimo lugar na fase de classificação, com apenas duas vitórias em 22 jogos, levou a equipe ao torneio de acesso e descenso, no qual fez campanha igualmente fraca, terminando à frente apenas do Schaffhausen pelo saldo de gols e perdendo a vaga na elite após nove temporadas consecutivas entre os grandes.

Milton (Chiasso, Zürich, Sion e St. Gallen, 1990-98)
Meia revelado pelo Serrano de Petrópolis, destacou-se no Coritiba na Copa União de 1987, o que lhe valeu no ano seguinte um lugar na seleção brasileira medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Seul e a transferência para o Como, da Serie A italiana. Os lariani, no entanto, amargariam dois rebaixamentos seguidos, o que forçou a saída do brasileiro, uma vez que estrangeiros não eram permitidos na Serie C. A saída foi migrar para a Suíça e recomeçar de baixo, no pequeno Chiasso, clube da segunda divisão próximo da fronteira italiana.
O brasileiro esteve perto de levar a equipe à elite e ainda alcançou as semifinais da Copa da Suíça na temporada 1990/91. Seu esforço acabou rendendo a contratação por um dos gigantes do país, o FC Zürich, que não costumava apostar em brasileiros. Depois de duas boas temporadas, mas sem conquistas, ele trocou novamente de clube e de região do país, saindo da Suíça alemã para a francesa, onde defenderia o Sion por quatro temporadas (entrecortadas por uma no St. Gallen, em 1995/96), atuando ao lado de vários nomes da seleção suíça.
Na primeira passagem ele conquistaria a copa nacional em 1994/95, batendo o Grasshoppers por 4 a 2 na decisão. Já na segunda, participaria da histórica dobradinha dos alvirrubros em 1996/97, quando arrancaram para superar o Neuchâtel Xamax no octogonal decisivo da liga e venceram o Lucerna nos pênaltis na final copeira. Em 1998, ele penduraria as chuteiras.
Élber (Grasshoppers, 1991-94)

Surgido no Londrina como uma joia do futebol brasileiro no início dos anos 1990, o atacante esteve na mira de vários grandes clubes do país e do exterior e acabou vendido ao poderoso Milan em julho de 1991, logo após se sagrar vice-campeão mundial de juniores com a seleção. Mas como os rossoneri já contavam com o trio holandês formado por Frank Rijkaard, Ruud Gullit e Marco van Basten e não podiam inscrever outro estrangeiro, a solução foi emprestar o jovem ao Grasshoppers para ganhar rodagem de Europa.
Para os Hoppers, foi um ótimo negócio: o brasileiro acabou permanecendo por três temporadas, anotando 57 gols em 82 jogos de competição (sagrando-se inclusive o artilheiro do campeonato de 1993/94, com 21 gols), além de ajudar o clube a vencer a Copa da Suíça em 1994 com goleada sobre o Schaffhausen por 4 a 0, recuperando-se da derrota na final do ano anterior para o Lugano, na qual ele fez o gol de honra na decepcionante derrota por 4 a 1. Sem ser resgatado pelo Milan, migrou para a Bundesliga, onde faria história no Stuttgart e no Bayern.
Djair (St. Gallen, 1992)
O volante que defendeu cinco dos seis principais clubes do Rio de Janeiro, além de outros grandes do Brasil, teve rápida passagem pelo futebol suíço quando ainda era promessa do Botafogo e das seleções brasileiras de base. Negociado com o pequeno St. Gallen em dezembro de 1991 para se apresentar após a disputa do Pré-Olímpico no início do ano seguinte, ele atuou por apenas seis meses, tendo já engatilhada uma transferência para a Lazio, pela qual só jogou amistosos. Ainda na virada de 1992 para 1993, ele retornaria ao Brasil.
Paulinho Andrioli (Lugano e St. Gallen, 1992-96)
Meia-armador que despontou no Fluminense em 1987, juntamente com outro brasileiro a fazer carreira na Suíça, o já citado Zé Maria. Após uma trajetória oscilante nas Laranjeiras (chegou a ser emprestado ao Blumenau e ao Botafogo de Ribeirão Preto), acabou vendido ao Lugano no fim de fevereiro de 1992, chegando ao novo clube já com a temporada em andamento e estreando só em junho, na final da Copa da Suíça, contra o Lucerna. Ele abriria o placar naquela decisão, mas seu time sofreria a virada por 3 a 1 na prorrogação.
A sorte do Lugano mudaria na temporada seguinte: deixou de apenas brigar pela permanência na elite, firmando-se num bom quarto lugar, e ainda conquistou a Copa da Suíça com goleada de 4 a 1 sobre o Grasshoppers – novamente com Andrioli abrindo a contagem, agora com final feliz. Aquele era o primeiro troféu do clube da região italiana do país em 25 anos, marcando também seu retorno às copas europeias após duas décadas. O brasileiro ficaria no Lugano até a temporada 1994/95, quando o clube ficou com o vice na liga.
Na temporada seguinte, ele se transferiria para o St. Gallen, onde teria passagem curta e sem destaque, antes de deixar a Suíça rumo ao futebol da Grécia. Voltaria ao Brasil apenas em 2001 para encerrar a carreira no Santa Cruz.
Dinei (Grasshoppers, 1992)
Revelado pelo Corinthians na campanha do título brasileiro de 1990, teve passagem relâmpago (um amistoso) pelo Guarani por empréstimo em 1992, antes de ser vendido ao Grasshoppers no meio daquele ano. Mas não chegou nem a completar metade da temporada 1992/93 na Suíça, retornando ao Brasil emprestado à Portuguesa em novembro de 1992. Seu passe seguiu preso ao clube de Zurique por alguns anos, sendo cedido a outros clubes do Brasil, como Internacional e Cruzeiro, até o fim de seu vínculo, em meados da década.
Macula (Chiasso, 1992-93)
Meia-atacante que marcou época no Bangu e no futebol carioca nos anos 1980 e 1990, Macula passou também por Fluminense e Vasco antes de chegar ao recém-promovido Chiasso junto com outro brasileiro, o volante Édson Souza, integrando-se ao elenco que já incluía outro compatriota, o atacante Wanderley Junior. A equipe, porém, era bastante frágil e fez campanha modesta na fase de classificação, não conseguindo se fixar na elite pelo torneio de acesso e descenso. Macula então foi repatriado pela Parmalat e chegou a defender o Palmeiras na Libertadores de 1994, antes de voltar para outras passagens pelo Bangu.
Assis (Sion, 1992-95 e 1996-97)

O Sion levantou seu primeiro título suíço na temporada 1991/92, mas decidiu dispensar quase todos os seus seis estrangeiros (apenas o experiente defensor argentino Néstor Clausen ficou) e apostar em brasileiros, contratando quatro de uma vez. Dois eram relativamente desconhecidos até no Brasil: o meia Luís Carlos e o atacante Márcio, ambos ex-Catuense. Já os outros dois eram nomes badalados, incluídos entre as grandes revelações do país no fim dos anos 1980: o talentoso meia-atacante Assis, ex-Grêmio, e o goleador Túlio, ex-Goiás.
Ao chegar à Suíça, no entanto, o primeiro já não tinha mais o mesmo cartaz de anos anteriores: sofrera com lesões e não conseguira se firmar no time titular gremista ou mesmo concretizar sua transferência para o Torino, onde chegou a treinar. De todo modo, seu período no Sion rendeu três boas temporadas. A melhor delas foi a terceira, em 1994/95, quando conquistou a Copa da Suíça marcando um gol na final contra o Grasshoppers e levou o clube às oitavas da Copa da Uefa, deixando o Olympique de Marselha pelo caminho.
Ele ainda retornaria ao Sion entre março e julho de 1997, após passagens discretas por Sporting, Vasco e Fluminense, mas sem o mesmo brilho: foram dez partidas e nenhum gol. No fim daquela década, quem alçaria voo com destino a uma vitoriosa carreira no futebol europeu seria seu irmão mais novo, Ronaldinho Gaúcho.
Túlio (Sion, 1992-93)

Balançando as redes com regularidade pelo Goiás desde 1989, ano em que se sagrou artilheiro do Campeonato Brasileiro, Túlio já fora inclusive convocado à seleção tanto por Paulo Roberto Falcão quanto por Carlos Alberto Parreira quando deixou o Esmeraldino para defender o Sion em julho de 1992, numa negociação para a qual o clube suíço contou com a ajuda financeira do Paris Saint-Germain, que se tornaria detentor da metade do passe do atacante.
Sua passagem pelo futebol suíço seria mais curta que a de Assis, mas o começo foi bastante bom: oito gols nos 12 primeiros jogos pela liga mais outros quatro nos dois confrontos contra o Tavriya Simferopol, da Ucrânia, pela Copa dos Campeões. A partir de outubro de 1992, porém, após se desentender com o técnico Jean-Paul Brigger (ex-jogador do clube e da seleção suíça), a fonte de gols começou a secar: ele marcaria outros seis pelo resto da temporada da liga e apenas três em 11 partidas pela fase classificatória da campanha seguinte.
Seu retorno ao Brasil já era falado desde o meio de 1993, quando foi especulado no São Paulo e recebeu proposta do Vasco. Em dezembro, esteve perto de acertar com o Flamengo. Mas só no início do ano seguinte é que enfim seria repatriado pelo Botafogo, onde faria história.
Ratinho (St. Gallen e Aarau, 1992-96)
Ponta veloz e habilidoso revelado pelo Matsubara e que se destacou no Athletico Paranaense a partir do segundo semestre de 1990, Ratinho chegou à Suíça para atuar pelo pequeno St. Gallen (que contava com outros dois sul-americanos famosos: o meia chileno Fabián Estay e o atacante equatoriano Eduardo Hurtado), mas ficou só uma temporada com o alviverde, que não conseguiu escapar da queda no torneio de acesso e descenso. Seu futebol, porém, chamou a atenção do Aarau, surpreendente campeão da temporada 1992/93.
O clube não repetiria a conquista nas três temporadas em que contou com o brasileiro, mas faria boas campanhas, terminando sempre em quarto lugar. E Ratinho desenvolveria um faro de gols até então não observado a partir da temporada 1994/95, quando marcou 12 vezes em 36 jogos, o dobro exato da soma das duas campanhas anteriores. Já na seguinte os números caíram um pouco, mas o balanço foi positivo e rendeu a ele uma transferência ao Kaiserslautern, o qual tirou da segundona alemã e levou ao título da Bundesliga em 1998.
Mais tarde, depois de sete temporadas com os Lauterer e passagens rápidas pelo futebol da China e do Cazaquistão, ele ainda voltaria ao futebol suíço para discretamente pendurar as chuteiras no Lucerna em 2006, aos 35 anos.
Renato Carioca (Servette, 1992-96)

Meia talentoso que ganhou reconhecimento nacional no America semifinalista do Brasileirão de 1986 e em seguida teve boas passagens por Flamengo e Fluminense, Renato chegou mostrando suas credenciais, com dez gols e várias assistências em 28 jogos pela liga na temporada 1992/93. Na campanha seguinte, ele faria ainda melhor, conduzindo a arrancada do Servette rumo ao título da liga que não conquistava desde 1985: quarto colocado na fase de classificação, o time superou o Grasshoppers por um ponto no octogonal decisivo.
Surpreendentemente, porém, o desempenho da equipe virou de ponta-cabeça na próxima temporada: décimo colocado na fase classificatória, acabou salvo por apenas um ponto do que seria o primeiro rebaixamento de sua história. Ainda assim, Renato (que ficou de fora de boa parte do torneio de acesso e descenso por lesão) foi decisivo, marcando o gol da vitória de 2 a 1 sobre o Young Boys na penúltima rodada que assegurou a sobrevivência matemática dos grenás.
Renato ainda ficaria no clube de Genebra por mais uma temporada, sua quarta, mas após uma campanha discreta da equipe, deixaria o futebol suíço para retornar ao Brasil e ao Rio de Janeiro em outubro de 1996, transferindo-se para o Botafogo.
Sonny Anderson (Servette 1992-93)

Um caso exemplar de como a liga da Suíça serviu de bom trampolim para uma duradoura carreira europeia foi o do atacante goiano revelado pelo XV de Jaú e que também defendeu o Vasco (era reserva do time campeão brasileiro de 1989) e o Guarani. Anderson chegou ao Servette em julho de 1992 junto com Renato Carioca e, de cara, já ganhou do líbero macedônio Bosko Djurovski o apelido “Sonny” que o identificaria dali por diante. E marcou muitos gols: 20 ao todo pela liga na temporada 1992/93, valendo a ele a artilharia da competição.
Na campanha seguinte, já havia marcado 11 gols em 17 partidas pela fase de classificação quando foi negociado com o Olympique de Marselha em janeiro de 1994. Com o rebaixamento do OM na esteira do caso de suborno tornado público no ano anterior, ele foi para o Monaco, onde se tornaria de vez um dos astros da liga francesa: sagrou-se artilheiro do campeonato em 1996 e campeão e craque do ano em 1997. Do Principado, ele sairia para duas temporadas no Barcelona, retornando à França para ser campeão de novo no Lyon.
Depois de passar pelo Villarreal e se aventurar no futebol do Catar jogando pelo Al-Rayyan e pelo Al-Gharafa, ele penduraria as chuteiras. Mas em 2011, voltaria à Suíça para passagem relâmpago (apenas dois jogos) como técnico do Neuchâtel Xamax.
Adriano (Neuchâtel Xamax, 1993-94)
Meia revelado pelo Guarani e destaque nas seleções brasileiras de base no início dos anos 1990, Adriano foi contratado pelo Neuchâtel Xamax no início de 1993, mas só se apresentou ao novo clube em abril daquele ano, após disputar o Mundial de Juniores na Austrália, do qual sagrou-se campeão vestindo a camisa 10 canarinho e foi eleito o melhor jogador. Assim, estreou já com o octogonal decisivo em andamento e a Copa da Suíça na reta final: na semifinal contra o Lugano, marcou um gol, mas não evitou a derrota por 3 a 2 na prorrogação.
Com isso, sua única temporada completa no clube seria a de 1993/94, na qual, porém, ficou de fora da maior parte dos jogos da fase de classificação. Já na etapa final, o meia de futebol técnico e exímio cobrador de faltas retornou e viveu seu melhor momento, balançando as redes em seis das 11 partidas que disputou. Com a chegada do técnico Gilbert Gress, no entanto, perdeu espaço e só fez quatro jogos na primeira metade da temporada 1994/95. Em janeiro de 1995, acertou o retorno ao futebol brasileiro, emprestado ao Botafogo.
Daí por diante, o meia não retornaria mais ao futebol suíço, rodando por vários clubes brasileiros, entre eles São Paulo, Atlético Mineiro, Bahia e Juventude, além dos rivais pernambucanos Náutico e Sport. Teve ainda passagens curtas pelas ligas japonesa e polonesa, sem conseguir concretizar a promessa que parecia despontar no início daquela década.
Juarez (Yverdon e Servette, 1993-99)

Outro campeão mundial de juniores de 1993 a deixar o futebol brasileiro ainda muito jovem para tentar a sorte na Suíça foi o zagueiro revelado pela Portuguesa e que se transferiu para o pequeno Yverdon, estreante na elite, no meio daquele ano. Suas boas atuações não foram o bastante para evitar que a equipe retornasse à segundona, mas valeram a ele uma transferência para um dos gigantes do país, o Servette, que havia acabado de ser campeão e onde também estavam naquele momento os compatriotas Sinval e Renato Carioca.
No clube de Genebra, ele permaneceria por cinco temporadas completas, sagrando-se campeão suíço na última (1998/99), quando os grenás lideraram tanto a fase classificatória quanto a etapa final. No início da campanha seguinte, porém, seu ciclo no país se encerraria: três dias depois de fazer seu último jogo pelo Servette, em agosto de 1999, ele estreava no Lecce, iniciando carreira longa em outra liga europeia, a Serie A italiana, na qual defenderia também Como, Bologna, Siena e Udinese, pendurando as chuteiras em 2006.
Sinval (Lugano, 1994-97)
O pioneiro Sinval agradou tanto no futebol suíço que, tempos depois, o país acabou importando outro jogador com o mesmo nome: Sinval Ferreira da Silva, goleador revelado pela Portuguesa na mesma Copa São Paulo de Juniores em que despontou Dener e que passou pelo Botafogo por empréstimo em 1993, quando levantou a Copa Conmebol. O Lugano, que já contava com Mauro Galvão e Paulinho Andrioli, acertou sua contratação em julho de 1994, depois que seu alvo inicial, o santista Guga, declinou o contrato de um ano.
Sinval permaneceu por três temporadas no Lugano, mas a melhor – para ele e para o clube – foi, de longe, a primeira (1994/95), quando a equipe do cantão de Ticino fugiu de sua briga habitual contra o descenso e alcançou um ótimo vice-campeonato, com o brasileiro fazendo 33 partidas (sendo 22 como titular) e 13 gols. Na campanha seguinte, ele se manteve no time apenas na fase de classificação, quando o alvinegro ficou em décimo. No grupo de repescagem, perdeu espaço com a ascensão do serra-leonês Mohammed Kallon.
Em sua terceira e última temporada na Suíça, Sinval fez apenas seis partidas na campanha que levaria o Lugano ao rebaixamento. Insatisfeito, ele voltaria ao Brasil novamente emprestado ao Botafogo para a disputa do Brasileirão de 1997. No ano seguinte, o atacante sairia para o Coritiba, onde também viveu boa fase. Depois de passar por mais de uma dezena de clubes brasileiros, ele se retiraria dos gramados em 2007, aos 36 anos.