Apesar da derrota no clássico, Vasco segue vendo pontos positivos e luz no fim do túnel
Revés dolorido no Maracanã não apaga virtudes do Vasco de Ramón Díaz, que segue 100% focado na luta contra o rebaixamento
Na tarde deste domingo (22), em um Maracanã completamente lotado, Flamengo e Vasco fizeram um clássico intenso, brigado e decidido no detalhe. No fim, vitória magra do Rubro-Negro, com gol de Gerson. Do lado cruzmaltino frustração, mas a certeza de que o time, sob o comando de Ramón Díaz, está no caminho certo e lutará até o fim pela permanência na elite do futebol brasileiro.
A expressão popular “copo meio cheio ou meio vazio” é uma metáfora que pode ser utilizada para ilustrar a derrota do Vasco diante do arquirrival. Há aqueles que só olham o resultado. E realmente, no fim das contas, sobretudo em um campeonato tão disputado como o Brasileirão, o que vale são os três pontos. Mas é preciso ir além e analisar friamente aspectos importantes do jogo. O Cruzmaltino lutou, deixou tudo de si dentro de campo e chegou a encurralar o Flamengo em determinados momentos da partida. Isso precisa ser ressaltado e levado em conta.
Restam 10 rodadas (ou decisões) para o time de São Januário cumprir sua missão no Campeonato Brasileiro. A tarefa não é simples, afinal, neste momento, a equipe se encontra na 17ª colocação, abrindo a zona de rebaixamento do certame. No entanto, como bem colocado pelo próprio Ramón Díaz, nos últimos jogos o Gigante da Colina voltou a dar alegria e esperança para sua apaixonada torcida. A postura da equipe em campo aliada a sinergia dos jogadores com a arquibancada faz a comunidade vascaína seguir acreditando com todas as forças na manutenção do clube na Série A.
Gana e disposição de um Vasco diferente
Vontade, disposição, raça e gana são adjetivos que, intrinsecamente, fazem parte da história do Clube de Regatas Vasco da Gama. E isso, mais uma vez, ficou provado. Contra um Flamengo superior (tecnicamente falando), o Cruzmaltino não abaixou a cabeça em nenhum momento e guerreou até o apito final. O resultado não veio, mas a alma lutadora e resiliente da instituição foi preservada. Certamente, milhares dos vascaínos presentes no Maracanã deixaram o estádio orgulhosos não só da atuação, mas da postura do time de Ramón Díaz em campo.
Gary Medel talvez seja o símbolo dessa mudança de postura do Vasco nas últimas partidas. O chileno, no auge dos seus 36 anos de idade, deixa a vida em campo e isso fascina os torcedores vascaínos nas arquibancadas. No meio-campo, Zé Gabriel (apesar do gol feito perdido) também merece destaque. O camisa 23 correu, se desdobrou em coberturas defensivas e sim, é mais um jogador recuperado por Ramón. Payet é outra boa notícia. O francês, que marcou seu primeiro gol com a camisa cruzmaltina na última quarta-feira (18), tem se soltado cada vez mais e, aos poucos, vem mostrando sua qualidade técnica acima da média.
Por fim, mas não menos importante, o grande jogador de ataque do Vasco. Pablo Vegetti não foi às redes, mas deu trabalho para defesa flamenguista e provou que a permanência do clube de São Januário na Série A passará muito por ele. Homem-gol, pivô, referência e camisa 9 na acepção do termo (já que veste a 99), o argentino rapidamente caiu nas graças dos cruzmaltinos não só pelas bolas na rede, mas também por seu estilo de jogo. Brigador e raçudo, o Pirata não tem bola perdida e, de fato, honra a camisa que veste. A confusão com Fabrício Bruno durante o clássico ilustrou isso e fez a torcida do Vasco ter certeza de uma coisa: Vegetti é Vasco e comprou o barulho do clube.
O Vasco de Ramón Díaz compete
Neste domingo (22), ninguém pode dizer que o Vasco deixou de vencer (ou empatar) por falta de tentativa. O Cruzmaltino não só correu e se esforçou, como também terminou o clássico com mais posse de bola (53% x 47%) e finalizações (17 x 10) que o Flamengo. Tais números citados e o comportamento do time em campo automaticamente nos faz traçar um paralelo com o desempenho da equipe pré-chegada de Ramón Díaz.
Antes, comandando por Mauricio Barbieri, o Vasco perdia e não via uma luz no fim do túnel. Desconexo em campo, o time abusava dos passes errados, das coberturas mal executadas, e era presa fácil para os adversários. Mais do que a certeza do revés, o torcedor não se sentia representado e não enxergava uma perspectiva de melhora. Isso mudou com Ramón Díaz, da água para o vinho, eu diria.
Com o treinador argentino na beira do campo, o Vasco pode até perder, mas dificilmente deixará de competir. Vimos isso contra o Flamengo. Os jogadores cruzmaltinos se doaram por completo em campo e jogaram de igual para igual diante do elenco mais caro do país. Don Ramón, como é carinhosamente apelidado pela torcida, tem influência direta nisso e merece créditos.
Cabeça fria mesmo após derrota
A derrota para um rival estadual nunca é fácil de ser assimilada, sobretudo quando o time joga bem e se doa totalmente durante os 90 minutos. Com o Vasco não foi diferente. O elenco do Gigante da Colina acusou o golpe e sentiu o revés. Porém, tratou de levantar a cabeça o mais rápido possível, a fim de projetar os próximos passos na árdua caminhada contra o descenso. Na saída de campo, Medel concedeu entrevista e lamentou as chances desperdiçadas pela equipe. Ainda em sua resposta, o volante/zagueiro chileno rasgou elogios à devoção da torcida vascaína e pregou união em prol do objetivo da instituição no campeonato.
– Foi uma partida muito equlibrada. Tivemos muito mais chances, mas não tivemos a sorte de fazer o gol. Era uma partida muito importante. Ficamos com um sabor amargo pelo o que fizemos hoje (…) A torcida é uma coisa de loucos. Lotam o estádio, cantam em todas as partidas. Seguiremos juntos para sair da zona de rebaixamento.
Além de Medel, Ramón Díaz também falou e voltou a frisar: “o Vasco não cai”. Confiante e otimista em relação ao futuro do clube o qual defende, o técnico argentino destacou a evolução do time desde sua chegada e se disse orgulhoso com os jogadores.
– O otimismo que eu tenho, é o otimismo que os jogadores têm, a torcida tem. O Vasco tem competido muito bem. Contra as equipes grandes teve um bom nível. Não foi fácil para o Flamengo, criamos situações. Então, esse otimismo nos faz acreditar que vamos competir até o final e não vamos cair -, assegurou Ramón.