Brasil

Silêncio de Pedrinho mostra problema que é a SAF do Vasco

Em coletiva convocada por Pedrinho, o ídolo e presidente do Vasco reforçou que gostaria de ter mais participação no futebol do clube, que é comandado pela SAF da 777 Partners

O Vasco parece cada vez mais dividido entre SAF e Associação. Nesta quinta-feira (27), o presidente Pedrinho convocou uma coletiva para fazer um balanço dos seus 60 dias no comando do clube associativo e falou sobre a relação da SAF, sob o tutela da 777 Partners, dona da 70% das ações da empresa. Mas, apesar de chamar a imprensa, muitas vezes Pedrinho ficou em silêncio em relação ao futebol do clube, expondo que não pode se envolver nestas questões, por mais que tenha esse desejo.

Pedrinho revelou que, apesar de ter sido procurado pela SAF para um cargo executivo quando ainda trabalhava como comentarista, hoje em dia a relação entre as partes é “fria”. E disse estranhar esse distanciamento da Associação com a SAF da 777 Partners.

— Por quê? Não sei também (risos). Também me causa estranheza. Quando eu era um comunicador, fui procurado pela SAF para exercer um cargo importante, remunerado, na parte esportiva. Quando me lancei candidato e eleito, além de sócio, o raciocínio óbvio é que a gente tivesse um relacionamento próximo em relação à parte esportiva. Eu não posso ter esquecido em três meses algum conteúdo direcionado ao futebol — afirmou Pedrinho, antes de completar.

— Eu não posso, por mais que eu seja sócio minoritário, obrigar alguém a nada. Não estou incomodado que não estou participando do futebol, estou incomodado que poderia estar ajudando. Se eu tenho um sócio, que quis contratar lá atrás, e esportivamente não estou desempenhando, seria natural que eu tivesse uma conversa em relação a isso. Conversa não é mensagem faltando 15 minutos para comunicar. Faz parte de um planejamento. Isso não aconteceu. Respeito, mas não concordo. Não fiz parte de contratações, dispensas e tudo. Não estou fugindo de responsabilidades, se eu saí de onde saí, sabia das responsabilidades. Infelizmente, não participo dos processos. Mas gostaria de ser cobrado pelo que eu participo — completou o presidente do Vasco.

Pedrinho reforça que não pode falar sobre futebol

Durante a coletiva, Pedrinho foi muitas vezes perguntado sobre o futebol do clube, contratações, eliminação no Carioca, entre outros acontecimentos em campo. E repetiu, mais de uma vez, que não poderia falar sobre essas questões. Mas ele fez questão de expor que tem uma relação fria com a SAF.

— Não posso falar. Posso falar sobre a relação. Existe uma relação fria. Muito mais de registros, do que de interação. Mas Pedrinho, você não disse que seria proativo? Fui proativo. Dei minha opinião sobre o diretor-executivo, dei minha opinião. Me pediram a liberação de um projeto preso desde março, foi pedido numa quinta-feira de dezembro, e na sexta-feira, de manhã, já estava liberado R$ 4 milhões do projeto incentivado — três para a base e um para o feminino. Nunca vou colocar minha insatisfação na frente do Vasco — disse Pedrinho.

— Com relação ao contrato, eu não concordo com o contrato esportivo, que possui cláusulas de confidencialidade — onde o torcedor é o maior patrimônio e não tem acesso. Isso é uma opinião minha. Tenho limitações contratuais. Torcedor, quando eu vou falar do que eu posso, do paralímpico, falam que não querem saber disso. Mas eu quero saber. Porque temos 80 funcionários, tenho o basquete de base. Tenho futebol de salão. O Vasco é o clube da inclusão. Como não se importam com o associativo. Quando me comunico sobre esses assuntos, não querem saber. Querem que eu fale de futebol. E do futebol, eu não posso falar. Espero que entendam isso. Querer é uma coisa, poder é outra — completou o presidente.

Pedrinho não é convidado nem sequer para o CT do Vasco

Dono de 30% das ações do futebol do Vasco, Pedrinho revelou que não frequenta o CT do clube, assim como também não vai ao vestiário antes ou depois dos jogos em São Januário. O presidente do Vasco disse que ainda não teve convite da SAF para visitar o Centro de Treinamentos Moacyr Barbosa.

– Mais angustiado que eu, ninguém está. Não há proibições (de ir ao CT, por exemplo). A questão do clube associativo, é que nossa receita é muito limitada. Nosso potencial é só do sócio-estatuário. Com relação ao CT, nunca fui proibido, mas nunca fui convidado. Só vou onde sou convidado. Um convite nunca aconteceu. Normal, mas não concordo. Não é uma lamentação, mas não é saudável para o Vasco. Nem sei quando tem reunião esportiva, não posso colocar um investigador atrás para saber quando vai ter também. Nunca me foi negado nada porque eu não sei. As reuniões que eu sei, são as que eu sou comunicado, as que têm participação de sócio. Falam que tenho que ir falar com os jogadores, mas nunca fui apresentado a eles – disse Pedrinho.

Foto de Gabriel Rodrigues

Gabriel RodriguesSetorista

Jornalista formado pela UFF e com passagens, como repórter e editor, pelo LANCE!, Esporte News Mundo e Jogada10. Já trabalhou na cobertura de duas finais de Libertadores in loco. Na Trivela, é setorista do Vasco e do Botafogo.
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