São Paulo lança mascote Mel, em merecida homenagem à 1ª negra brasileira em Olimpíadas
Clube homenageia a atleta Melânia Luz, pioneira que representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de 1948 e torcedora fanática do São Paulo
O São Paulo decidiu eternizar uma das páginas mais emblemáticas de sua história e da história do esporte olímpico brasileiro. O clube lançou durante o mês de setembro a mascote Mel, em homenagem póstuma à velocista Melânia Luz dos Santos, a primeira mulher negra a representar o Brasil em uma edição dos Jogos Olímpicos, em 1948, em Londres
O clube apresentou a mascote Mel durante o Jogo pela Integridade, no último dia 4, no Morumbi. A partida faz parte da Sport Integrity Global Alliance, um evento que ocorreu simultaneamente em mais de 20 países para promover alguns pilares, como direitos humanos, ética desportiva e inclusão.
A partida reuniu em campo atletas e ex-atletas do futebol e de outros esportes, como Palhinha, Zetti, Silas, Cicinho, Grafite – todos jogadores ex-São Paulo –, Alline Calandrini e Ana Moser, ex-ministra do esporte. E teve um gesto simbólico: não houve árbitro para comandar as ações do jogo, como forma de estimular o fair play.
A homenagem a Melânia é emblemática e (muito) merecida, claro. Mas chama atenção que o clube “escondeu” a novidade. Pouco divulgou a sua nova mascote ao torcedor ou deu informações sobre quais serão suas aparições. Não há menções a Mel nas redes sociais, e seu nome aparece apenas no final do texto publicado no site oficial sobre o Jogo da Integridade.
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Melânia foi uma pioneira anônima
O ano era 1948, e a Europa ainda exibia as cicatrizes da Segunda Guerra Mundial. E foi no Velho Continente em reconstrução, mais exatamente em Londres, que Melânia entrou para a história do esporte no Brasil.
Ela era uma das 11 mulheres que integraram pela primeira vez a delegação do Brasil para a disputa dos Jogos Olímpicos. A única mulher negra. Uma pioneira invisível. Os jornais da época ignoraram esse feito tão emblemático – retrato dos valores da sociedade do final dos anos 40. Tanto, que a relevância da velocista para o esporte olímpico brasileiro só veio à tona recentemente.
Em Londres, Melânia não chegou às finais para brigar por medalha. Ela se despediu com a quarta colocação na prova classificatória, com a marca de 26s6. O quarteto do revezamento 4x100m também caiu na classificatória, mas com um um prêmio de consolação: o novo recorde sul-americano, de 49s cravados.
Ao todo, 81 atletas representaram o Brasil naquela edição dos Jogos Olímpicos – 70 deles, homens. Esta foi a primeira vez que a Confederação Brasileira de Desportos (CBF) enviou uma equipe feminina de atletismo.
Melânia morreu em 2016, aos 88 anos de idade. No ano passado, ela recebeu uma homenagem póstuma ao entrar no Hall da Fama do Cômite Olímpico Brasileiro (COB).
São-paulina fanática
Filha de pai militar e de mãe dona de casa, Melânia cresceu nas cercanias do Canindé, antiga sede do São Paulo e herdou a paixão pelo clube e pelo esporte dos pais. Foi por causa deste sentimento que ela começou a treinar atletismo no clube.
No Tricolor, Melânia passou a treinar com Dietrich Gerner, alemão radicado no Brasil que ficou famoso por ser o técnico de Adhemar Ferreira da Silva. O atleta do salto triplo foi o primeiro brasileiro bicampeão olímpico e está eternizado no escudo do São Paulo em forma de duas estrelas douradas.
Outros mascotes do São Paulo
O São Paulo tem outros dois mascotes oficiais. O mais conhecido deles é o Santo Paulo, que completou 80 anos no mês de setembro. Em 2020, o clube também lançou o mascote Diamantinho, em homenagem a Leônidas da Silva, o Diamante Negro.
Diamantinho, inclusive, marcou presença em jogos do Tricolor no Morumbi. Não há qualquer confirmação de parte do clube sobre aparições da mascote Mel.
