Brasil

‘Remete ao futebol antigo’: presidente do São Paulo e Carpini criticam arbitragem de Edina Alves em derrota no clássico

Julio Casares expressa revolta com nota emitida pelo Santos antes do clássico contra a arbitragem de Edina; Carpini é mais medido em palavras, mas não deixa de criticar

O apito final mal havia soado para decretar a derrota do São Paulo por 1 a 0 para o Santos, nesta quarta-feira (14), e os mais de 45 mil são-paulinos que enfrentaram a insistente chuva que caiu sobre o MorumBIS já expressavam a sua revolta com a arbitragem de Edina Alves no clássico válido pelo Campeonato Paulista. Minutos mais tarde, a inconformidade das arquibancadas ganhava tom institucional, nas palavras do presidente Julio Casares.

O mandatário convocou a imprensa para fazer um pronunciamento na zona mista do estádio. O presidente classificou a arbitragem de Edina Alves de “insegura” e “desproporcional”. Mas a sua principal crítica foi direcionada a uma nota emitida pelo Santos nas vésperas do clássico. O adversário se posicionou contra a escolha da arbitragem para o clássico.

Nas palavras de Casares, esse tipo de atitude “remete ao futebol antigo”. Ainda durante o pronunciamento, o mandatário criticou o posicionamento da árbitra em um lance com Pablo Maia na primeira etapa. Mas ele evitou reclamar das decisões da arbitragem em lances revistos pelo VAR – apesar de achar “rigorosa” a decisão de assinalar pênalti de Welington em Otero.

Além da penalidade que originou o gol da vitória do Santos, marcado por Morales, Edina foi ao monitor da beira do campo em mais um lance capital. Ela anulou o que seria o gol de empate do São Paulo, por um toque no braço de Erick na finalização.

Confira a íntegra do pronunciamento de Casares:

“A arbitragem hoje se mostrou insegura, picotou o jogo. Desproporcionalmente marcou faltas a favor do adversário em relação ao São Paulo. Eu não vou discutir os lanços capitais, o VAR chamou, para mim o pênalti foi rigoroso demais, mas a arbitragem, inclusive, prejudicou mal posicionada, até porque tinha um lance com o Pablo de frente para o gol, e a arbitragem posicionou errado.

Então a gente lamenta, acho que uma nota antes do jogo remete ao futebol antigo, que a federação precisa preparar os árbitros psicologicamente. Não é uma nota, se isso vira moda, todos os clubes fazem nota, coloca nota na imprensa e desestabiliza um árbitro. Eu acho profundamente lamentável a atuação de hoje. Até dez minutos foi pouco, não teve jogo, a bola parava toda hora e nós lamentamos. Então não é o hábito, não é um choro pelo resultado, não é pelo resultado da partida, mas nós temos que preparar os árbitros para que eles psicologicamente. Entrem em campo sem influência de uma nota. Essa questão de nota antes do jogo é uma coisa antiga do futebol, mas eu vim aqui com serenidade dizer que nós lamentamos profundamente a arbitragem de hoje. Ela não deixou a bola rolar”.

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As críticas de Carpini

Quem também não deixou de criticar a árbitra Edina Alves foi o técnico Tiago Carpini, que afirmou ter visto uma arbitragem “pressionada”. Durante o jogo, a reportagem da Cazé TV contou que o comandante do São Paulo chegou a falar ao quarto árbitro que a árbitra estaria ouvindo demais os jogadores dos dois lados, ainda no primeiro tempo. No entanto, na coletiva de imprensa, ele mediu um pouco mais as palavras ao falar, tentando evitar uma possível punição.

Eu acredito que a arbitragem hoje se sentiu um pouco pressionada. Era a sensação que eu tinha dentro de campo, até nas conversas que a gente tem, do treinador com o quarto árbitro. Eu sentia muito arredio. Sem ter um diálogo. Eu achei ela um pouco insegura em algumas colocações. Achei que por diversos momentos ali, cozinhou, o jogo ficou enroscado, principalmente no segundo tempo. A equipe do Santos não deixou o jogo andar, cai toda a hora. A arbitragem foi conivente com isso, ao beneficiar o infrator. São Paulo querendo ter a bola, melhor na partida por diversos momentos, talvez na maior parte. E um jogo desse tamanho decidido no detalhe. Hoje foi detalhe. Tivemos posse de bola, o grupo foi guerreiro. O torcedor apoiou nos 90 minutos, mas isso não foi suficiente. Com tantas coisas a ser exaltadas.

Em relação à arbitragem, não vou me posicionar. É minha opinião. Já foi. Se eu falar o que penso, posso falar demais e ser prejudicado. Todo mundo viu. Cada um vai ter uma interpretação diferente. A regra não é interpretativa, é a regra. Mas já vi lances como esse em outras situações não serem ajustados para ter o VAR. Mas hoje foi determinante. No segundo tempo, foi o pênalti, mais duas situações. E nós com 20 finalizações, mais os detalhes que precisamos ajustar.

Carpini também explica opções para o time

Na entrevista, Carpini também tratou de explicar a sua escalação titular repleta de desfalques – e que ganhou mais uma baixa de última hora. O treinador optou por armar o São Paulo com dois atacantes (Juan e Calleri) para segurar mais a linha defensiva do Santos e dar mais liberdade ao trio Alisson, Bobadilla e Luciano. Os laterais Moreira e Welington dariam a amplitude pelos lados do campo.

Mas tudo isso teve de passar por uma mudança de rota, porque Moreira sentiu uma lesão muscular no aquecimento. Carpini optou por recuar Bobadilla para a lateral direita e usar Galoppo no trio de meias, em uma formação mais próxima do habitual.

– A ideia hoje era fazer esse tripé, com dois jogadores que têm capacidade de fazer corredor e entrar na área (Bobadilla e Alisson). O Pablo protegeria um pouco mais. Eu joguei com dois atacantes. Os dois muito próximos um do outro. Por vários momentos, conseguimos segurar com dois atacantes uma linha de quatro, para dar liberdade ao Luciano. A estratégia funcionou. Claro que o resultado não era o que a gente queria, por detalhes, não porque a equipe não atuou bem. A ideia era ter quando a bola chegasse dos lados, em jogos anteriores, eu notei que a gente pisava na área com pouca gente. A pressão na saída ficaria melhor com dois caras que pressionam muito bem – explicou o treinador

Confira os próximos jogos do São Paulo:

Com a derrota no clássico, o São Paulo segue na liderança do Grupo D do Paulistão, com 14 pontos, mas pode sair até da zona de classificação caso Novorizontino e São Bernardo vençam as suas partidas.

  • 17/02/2024 – São Paulo x Red Bull Bragantino, às 18h00 (horário de Brasília), no MorumBIS;
  • 21/02/2024 – Inter de Limeira x São Paulo, às 21h35 (horário de Brasília), no Estádio Major José Levy Sobrinho
  • 03/03/2024 – São Paulo x Palmeiras, às 20 horas (horário de Brasília), no MorumBIS
Foto de Eduardo Deconto

Eduardo DecontoSetorista

Jornalista pela PUCRS, é setorista de Seleção e do São Paulo na Trivela desde 2023. Antes disso, trabalhou por uma década no Grupo RBS. Foi repórter do ge.globo por seis anos e do Esporte da RBS TV, por dois. Não acredite no hype.
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